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Assunto: A importância do ancestral Sáb Dez 13, 2008 4:29 pm
Apesar de hoje arte e cultura poderem ser duas coisas diferentes, na sua origem primordial, uma era sinónima da outra. Cada peça de pintura ou tapeçaria seria única e característica de uma região, a poesia, épica, cantaria a história do clã misturando-a com um universo de fantasia mitológica e cada obra seria um fruto de milhares de anos de evolução artística ancestral. Passado algum tempo a arte ganhou um ingrediente global, surgiram os movimentos mundiais de arte como o modernismo ou o abstraccionismo, esqueceu-se a tradição e passou-se a valorizar os traços cubisticos de Picasso, que, a meu ver, têm uma importância estética semelhante aos desenhos de criança. A arte ganhou um carácter subjectivo, só sendo arte para alguns, isenta de história e muitas vezes até de estética.
No entanto não estou a dizer que se deve abraçar uma cultura de um modo tradicionalista, não devemos aceitar mas sim recriar, esculpir e modular uma cultura já existente, sempre á nossa maneira…e se a temos foi porque alguém também a criou.
(Não confundir também a minha palestra com nacionalismos políticos. Uma coisa é arte outra é politica)
SaahiraMoon Sacerdote/Sacerdotisa
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sáb Dez 13, 2008 9:40 pm
Concordo contigo, não poderia concordar mais. Aliás eu penso que tudo é arte, uma pessoa teve de se exprimir para fazer aquilo. Até um grito pode ser arte.
Mas pronto, actualmente a arte é apenas "arte". E desvaloriza-se um bocado isso. E os desenhos das crianças, como tu referiste, têm muita beleza...
que fofo
Meretseguer Burguês/Burguesa
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sáb Dez 13, 2008 10:45 pm
Caro Váli apesar de não concordar na totalidade com a sua percepção,compreendo-a quando enquadrada no contexto artístico hodierno, fortemente caracterizado pela sua vertente minimalista. Pessoalmente,questiono-me muitas vezes sobre até que ponto determinada pintura ou escultura, por exemplo,que segue uma linha de criação simplista,passo o eufemismo, pode ser considerada arte. Tome-se o exemplo de John Cage que compôs uma obra de total silêncio, defendendo que a música estaria em todo o lado, podendo apenas o silêncio conseguir com ela se fizesse ouvir.
Mas, antes do mais, gostaria de saber se concorda com a perspectiva kanthiana sobre belo, é que através do seu post assim o deduzi, não sei se erroneamente.
agora estou sem tempo, volto depois com mais calma
Meretseguer Burguês/Burguesa
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sáb Dez 13, 2008 10:49 pm
*off topic singularmente para si SaahiraMoon, um retrato meu, feito por uma menina de 6 anos
Cláudia = Meretseguer
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sáb Dez 13, 2008 10:54 pm
Meretseguer escreveu:
*off topic singularmente para si SaahiraMoon, um retrato meu, feito por uma menina de 6 anos
Cláudia = Meretseguer
É uma artista essa menina *.*
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Assunto: Re: A importância do ancestral Seg Dez 15, 2008 12:19 am
Bem é tudo um pouco relativo e não quero tirar beleza do desenho da menina, alias, até acho que um estilo baseado em desenhos infantis é algo interessante e digno de ser explorado artisticamente.
No entanto se quisermos fazer uma selectividade, á semelhança da que os eruditos fazem, os critérios a ter em conta, a meu ver, seriam:
Beleza estética (que pode ser visual ou sonora, e é relativa) Mensagem ou historia Complexidade técnica
O que acontece em alguns casos é que, em prol da mensagem, desvaloriza-se os outros dois factores. Não deixa de ser arte mas não está no seu expoente máximo, na sua perfeição, a meu ver (na arte é tudo muito relativo e depende muito da predisposição com que cada um a encara).
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Assunto: Re: A importância do ancestral Seg Dez 15, 2008 6:59 pm
Váli escreveu:
O que acontece em alguns casos é que, em prol da mensagem, desvaloriza-se os outros dois factores. Não deixa de ser arte mas não está no seu expoente máximo, na sua perfeição, a meu ver (na arte é tudo muito relativo e depende muito da predisposição com que cada um a encara).
Perfeição?! Que é isso?
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Assunto: Re: A importância do ancestral Seg Dez 15, 2008 7:05 pm
Digo de perfeito tudo o que não é passível de ser melhorado.
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Assunto: Re: A importância do ancestral Qui Dez 18, 2008 11:46 pm
Adorei os desenhos das crianças. Deu-me vontade de pôr aqui uns que os pequenos me fizeram, mas ficava bonecada a mais. LOL
Antes de mais importa definir Ancestral:
ancestral
do Fr. ancestral < Ing. ancestral
adj. 2 gén., relativo a antepassados; avito; avoengo; muito antigo.
Muito antigo... Arte e Cultura na minha opinião não estão dissociadas. Cada um tem uma percepção diferente acerca de um objecto, de um desenho, de um acontecimento. Tudo pode ser discutido e gerar conhecimento. Não me sinto muito à vontade ao escrever sobre isto, por isso vou deixar que vocês escrevam mais para aprender umas coisas.
Meretseguer Burguês/Burguesa
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sex Dez 19, 2008 1:51 pm
Váli escreveu:
Bem é tudo um pouco relativo e não quero tirar beleza do desenho da menina, alias, até acho que um estilo baseado em desenhos infantis é algo interessante e digno de ser explorado artisticamente.
era apenas um off topic
Váli escreveu:
No entanto se quisermos fazer uma selectividade, á semelhança da que os eruditos fazem, os critérios a ter em conta, a meu ver, seriam:
Beleza estética (que pode ser visual ou sonora, e é relativa) Mensagem ou historia Complexidade técnica
O que acontece em alguns casos é que, em prol da mensagem, desvaloriza-se os outros dois factores. Não deixa de ser arte mas não está no seu expoente máximo, na sua perfeição, a meu ver (na arte é tudo muito relativo e depende muito da predisposição com que cada um a encara).
É curiosa a forma como intercalas uma visão arcaica (não no sentido pejorativo) da obra de arte, por explo qdo dizes "no seu expoente máximo, na sua perfeição, que se pode ter da arte" , com uma visão relativista, inserida na teoria do belo subjectivo, intrínseco ao sujeito, que, por ser dotado de sensibilidade pessoal, usufrui da experiência estética. Ora, em plena concordância com Kant, a minha percepção daquilo q é a obra de arte passa precisamente pela conjugação de dois aspectos do belo (subjectividade e universalidade), que numa primeira instância até podem parecer contraditórios. Ou seja, de acordo com o primeiro aspecto a apreciação do belo é uma questão de gosto, excluindo,pois, a sua consideração à priori, defendida na Grécia antiga, ou seja o belo em si, independente, ñ existe. Já o segundo aspecto, diz respeito ao facto do belo se apresentar como algo que tem de agradar universalmente. Então se é pessoal como é q pode ser universal? Esta dicotomia resolve-se recorrendo à teoria da "harmonia subjectiva". (eish e só aqui teria muitoooo que explorar...) Mas em jeito de conclusão, a obra de arte passa pelo gosto pessoal, mas não é meramente subjectiva, precisa de obdecer a certos critérios que lhe conferem uma harmonia universal e daí tornar-se susceptível de ser considerada obra de arte por muitas pessoas em simultâneo.
Última edição por Meretseguer em Dom Jan 04, 2009 1:49 pm, editado 1 vez(es)
Meretseguer Burguês/Burguesa
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sex Dez 19, 2008 2:03 pm
desculpem-me, sei q consigo ser enfadonha resmunguem sempre que assim for :p
Fadinha Guerreiro/Guerreira
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sex Dez 19, 2008 7:00 pm
Meretseguer escreveu:
desculpem-me, sei q consigo ser enfadonha resmunguem sempre que assim for :p
LOL Tu não és enfadonha! Escreves é coisas que nunca li e que não sabia! Podes tentar explicar-te melhor? É que recorres muito a termos técnicos e a minha ignorância não me permite perceber algumas coisas! Continua!
Meretseguer Burguês/Burguesa
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Assunto: Re: A importância do ancestral Sex Dez 19, 2008 7:27 pm
Fadinha escreveu:
Meretseguer escreveu:
desculpem-me, sei q consigo ser enfadonha resmunguem sempre que assim for :p
LOL Tu não és enfadonha! Escreves é coisas que nunca li e que não sabia! Podes tentar explicar-te melhor? É que recorres muito a termos técnicos e a minha ignorância não me permite perceber algumas coisas! Continua!
Ó Fadinha és um doce explicarei melhor sim, como quem toma café e tem fala de gente sem manias agora estou sem tempo bjinho
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Assunto: Re: A importância do ancestral Ter Fev 03, 2009 12:47 am
Eu gosto muito de arte moderna e não vejo mal nenhum no minimalismo ou na simplicidade técnica (e uma coisa não implica necessariamente a outra). Acho que é mais uma questão de gosto que outra coisa. Por exemplo, tenho numa parede do meu quarto uma moldura grande sem nada. Não vos vou dizer que é arte, mas fica altamente (um dia destes tiro uma foto).
Gostei da peça do John Cage lol. Pode parecer absurdo à primeira vista, mas estar numa sala cheia de gente em absoluto silêncio é engraçado. Nunca assisti a um "concerto" desses, mas já vi alguns filmes mudos no cinema e é uma experiência muito interessante.
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Assunto: Re: A importância do ancestral Ter Fev 03, 2009 3:22 am
Citação :
Mas em jeito de conclusão, a obra de arte passa pelo gosto pessoal, mas não é meramente subjectiva, precisa de obdecer a certos critérios que lhe conferem uma harmonia universal e daí tornar-se susceptível de ser considerada obra de arte por muitas pessoas em simultâneo.
Não acho que o belo tenha de ser necessariamente universal. O conceito de arte cultural que defendo diz que o belo depende das afinidades e ligações afectivas que a pessoa sente por determinada cultura/região. Ou seja, o conceito universal varia ao longo da historia, consoante os mundos que se foram conhecendo, passando de microcosmos a macrocosmos, distinguindo-se movimentos artísticos que podem ir desde a simples cultura de uma aldeia, algo regional, nacional, continental ou mundial. A questão é que aquilo que para um indiano pode dizer muito, para um americano já não, simplesmente por questões de aculturação e afectivas.
Noutros aspectos a universalidade faz-se sentir por questões hormonais e genéticas. Por exemplo, em qualquer parte do mundo uma paisagem natural é tida como bela ou, para o homem, o corpo da mulher ser bonito (embora também aqui exista relatividade). Algumas combinações de cores também são tidas como universalmente belas (why?) e uma representação da realidade, uma estatua grega por exemplo, tem maior aceitação universal do que um quadro abstracto, pois a representação da realidade faz parte do cognitivo universal enquanto que a abstracta apenas do cognitivo individual.
Citação :
Por exemplo, tenho numa parede do meu quarto uma moldura grande sem nada. Não vos vou dizer que é arte, mas fica altamente
Nesse caso o quadro pode ser considerado arte se tiver uma mensagem subjacente ou transmitir algum tipo de sentimento, o vazio por exemplo. A questão é: se para ti é arte mas para outra pessoa não, então o que é arte?
A arte cultural parte de uma base de milhares de anos de evolução e funde-se com a mística de uma região, enquanto que a feita por um Picasso é a expressão de uma vida. Não querendo tirar o mérito ao pobre Picasso, acho que a chamada arte popular terá á priori maior valor do que a arte erudita, ao contrario do que defende o seu valor monetário.
Ceinwyn Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: A importância do ancestral Ter Fev 03, 2009 12:00 pm
Váli escreveu:
Citação :
Por exemplo, tenho numa parede do meu quarto uma moldura grande sem nada. Não vos vou dizer que é arte, mas fica altamente
Nesse caso o quadro pode ser considerado arte se tiver uma mensagem subjacente ou transmitir algum tipo de sentimento, o vazio por exemplo. A questão é: se para ti é arte mas para outra pessoa não, então o que é arte?
Não o tenho como arte, será mais como decoração apenas. O que quero dizer é que algo que à partida pode parecer absurdo, como é o caso duma moldura vazia, pode funcionar em termos estéticos (pode não ter necessariamente uma mensagem).
Quanto à universalidade do belo, concordo contigo, penso que não tem de ser universal. Aliás, não sei sequer se haverá alguma coisa absolutamente universal, excepto pelas questões hormonais e genéticas que referiste.
Não esqueças é que um quadro abstracto pode ser também uma representação do real, apenas visto de outra forma. Por outro lado, a arte moderna tem muitas vezes o objectivo de desafiar as noções de gosto mais convencionais e pode fazê-lo porque não tem uma função tão definida como na arte popular. Se hoje olharmos para uma estátua grega, podemos ver uma obra de arte, mas foi feita com objectivos religiosos, por exemplo. Para além disso, parece-me que o facto duma estátua grega ser geralmente aceite como bela acontece porque toda a cultura ocidental (e, por importação, a da maior parte do mundo) tem uma profunda raiz na Grécia e em Roma e não apenas por representar o real.