Um grande actor, James Gandolfini, sem se limitar a seguir o guião, deu, literalmente, vida a Tony Soprano. Sou suspeito, pois é a minha série televisiva de eleição. A única que segui, militantemente. Drama, comédia (nunca me ri tanto com uma série), crítica social, saúde mental, psicanálise, choque de valores, onde estão os mesmos valores, a falácia das generalizações, a brutalidade racional do género humano, enfim, está lá tudo. Uma vez perguntaram-me, sabendo que não sou grande fan de séries televisivas, porque é que me deixei amarrar por esta. A resposta é simples: é a vida. É real. Completamente imprevisível. Esqueçam o estereótipo da série. A questão da máfia é a menos relevante. Não obstante os actores serem quase todos bastante bons, James Gandolfini não se limita a interpretar uma personagem. Tony Soprano é muito complexo, e multifacetado. Porque Gandolfini também o era. Um excelente actor, as expressões do olhar, a respiração, é incrivelmente verdadeiro. Dá-nos vontade de rir, causa-nos calafrios, revolta, empatia, repulsa, etc. O argumento está, igualmente, muito bem escrito. Mas sem Gandolfini, Tony Soprano não o seria.
O down-side: perderam-se, estou certo, outras grandes possibilidades, e outras representações, por parte de Gandolfini. Nunca se libertará de Tony. Nem após a morte. Mas ficamos bem servidos. Aconselho.
Edit: A banda sonora também é muito boa. Desde Alabama 3 a Metallica, passando por folk italiano, como a banda Spaccanapoli. E como estamos num fórum de folk, fica aqui a faixa que a série ajudou a conhecer, Vesuvio. Não é cantado em italiano comum, mas no dialecto napolitano.
https://www.youtube.com/watch?v=8x4P3QZjWeU