Penso que poderá ser injusto dizer que as sagas foram todas escritas por "cristãos".
O facto é que naqueles tempos, oficialmente, todos tinham que ser "cristãos"!
Era um bocado complicado assumires-te como pagão (nem sequer ateu podias ser!), e dizeres: bom, agora editem este livro sobre as lendas e crenças antigas, se fazem o favor. Hail Thor! Ah, já agora, o vosso Deus é uma treta e não existe! Até logo!
O Snorri Sturluson lutou bastante para que pudesse publicar a Edda. É óbvio, ele na introdução, explica e volta explicar que é cristão, e que aquilo são apenas histórias, e que só há um Deus verdadeiro, bla-bla. Mas há alturas em que aquilo parece tão forçado que até dá vontade de rir. Eu não estou a dizer que o Snorri era pagão, ou não-cristão, ou ateu. Só digo que, naqueles tempos, todos tinham que se rotular como Cristãos, e seguir a doutrina da Igreja. O próprio Galileu teve que, publicamente, renegar as suas próprias descobertas científicas, sobre pena de ir parar à fogueira.
Os judeus, por exemplo, que se "converteram" em massa ao Cristianismo, para escaparem ao fogo da Inquisição. Os chamados "Cristãos-Novos". Nem isso lhes valeu!
Os próprios Lusíadas, por exemplo, só passaram pela censura da Inquisição, por motivos políticos. Interessava ao Reino e ao Estado, naquela altura, uma obra que glorificasse o povo português, e os seus feitos. Mas houve muitos membros da Santa Sé que discordaram dessa decisão devido aos episódios pagãos da obra, principalmente a ilha dos Amores, completamente pornográfico (para os costumes da altura!) Por isso, se não fossem certos interesses políticos, e a vontade do próprio Rei, os Lusíadas tinham sido riscados do mapa.
Política moderna, por exemplo:
No tempo do nosso Estado Novo, por exemplo, os funcionários públicos tinham todos que jurar que não eram comunistas para poderem entrar no quadro. Quando se sabe, e muito bem, que grande parte deles até eram mesmo marxistas.
E na antiga União Soviética, eram todos "comunistas", e no entando, quando se abriu a primeira janela de liberdade de expressão, o grande império vermelho caiu de podre, a começar pelos próprios dirigentes, que de um dia para o outro, enterraram as "convicções", por renovados interesses pessoais.
E o nosso José Sócrates nem precisa de apresentações. É a contradição perfeita entre aquilo que diz, e aquilo que faz e é
Às vezes o que parece...