Kraft's log:Lisboa, 7 de Dezembro de 2010,
O relógio não tinha passado das 21h15 há muito tempo. Chegado ao Museu do Oriente, depois de comprar o bilhete e de subir ao 5º andar do moderno edifício, a minha primeira reacção:
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Folk de fato e gravata? Ao que isto chegou!
Senhores e senhoras com aspecto bem-tratado. Alguma, mas pouca juventude. Ninguém conhecido, nenhuma cara familiar. Caso raro nos últimos concertos a que tenho ido. Ok, já estive em concertos de (folk) metal com mais gente. Ou a chuva mete muito medo ou Pé na terra continua
underground.
Oferecem-me o novo CD, dentro de um saco de papel estilo os dos folhados feitos na hora do Pingo Doce. Lá dentro uma rodela: a "capa" e o "verso" são duas rodelas mais grossas, com pano a cobrir. O livrete é composto por várias rodelas de papel e o CD está dentro da última rodela.
Entro na sala. Como suspeitava, são lugares sentados. Lá se vai o bailarico....
Antes de o concerto iniciar, uma senhora (esqueci-me do nome, se ela ler isto que me desculpe! (ver EDIT2!)) "apresentou-nos" os Pé na terra, chamou-os ao palco para anunciar a criação do "clube de fãs dos Pé na terra" e, finalmente, contou um conto: "Se é sorte ou azar, o tempo o dirá". Há muito tempo que não ouvia um conto contado por um bom contador de contos
. Delicioso!
O concerto começou. A maior parte foram temas novos. Tocaram ainda a Sentir
, Chapeloise, Pur la terra e mais umas quantas do primeiro álbum. Para além dos inúmeros instrumentos (
com Ricardo,
o homem das sete gaitas e mais umas quantas flautas ), acho que nunca tinha visto tocar nos pratos da bateria com as mãos.
Excelente!
Apesar de o público estar um bocado inerte foi impossível para uns quantos (eu incluído) ficar sentado durante o concerto todo.
Acabaram com dois encores, em que no segundo já não sabiam o que haviam de tocar:
- "E agora? É para tocar o quê?", ouve-se nos microfones.
- "Não temos nada preparado... Digam-nos: o que é querem ouvir?"
À saída comprei ainda o primeiro álbum. Acho que nunca tinha visto uma mesa de "merchandise" com tão pouca gente à volta dela à saída de um concerto (também só tinham os dois álbuns na mesa, mas ainda assim).
Resumindo: isto foi
excelente e merecia ter tido casa cheia!!! E vocês não foram!!
EDIT: Antes de o concerto começar, ouviu-se um pedido para não tirar fotografias nem gravar o concerto excepto se tivesse sido explicitamente autorizado pelos artistas. Decidi não contrariar nem criar chatices com a segurança. Seja como for aposto que hão-de surgir fotos por aí.
EDIT2: Ah, ah! O conto é a faixa nº 13 no álbum! Quem o recitou foi Ana Lage.