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Assunto: Tunas Sáb Fev 19, 2011 4:50 pm
Bem, chegou finalmente a hora de puxar a brasa à minha sardinha e vir falar um pouco de tunas, algo que já andava a planear há algum tempo. Como o post é gigante, achei melhor agrupá-lo em "capítulos", nos spoilers. Vejam as coisas com calma, e levem o tempo que quiserem, mas vejam, sim?
Introdução:
O universo das tunas é desconhecido para a maior parte das pessoas que a ele não pertence, e tenho-me apercebido que imagem que existe por aí das tunas nem sempre é a mais positiva, portanto, sinto-me no dever de vir desmistificar algumas questões e mostrar que as tunas estão aqui para manter viva a boa música portuguesa, que são cultura e se recomendam. Não venho falar das tunas numa perspectiva histórica, não venho falar de nada que se possa encontrar na wikipedia nem vou recorrer a qualquer bibliografia. Venho falar daquilo que conheço pela experiência que tenho tido neste meio nos últimos quatro anos. Quero ainda pedir desculpa porque, como vão poder verificar, vou dar muitos exemplos com as tunas da minha faculdade; não estou a ser intencionalmente tendenciosa, mas são as tunas que conheço melhor, portanto, vão ter de me dar o desconto.
Possíveis questões que pairam na cabeça de muita gente:
Tunas? Mas isso não é um bando de bêbados que não percebe nada de música? O que trazem afinal de útil as tunas à sociedade? E o traje? Essa coisa do espírito académico é uma treta e o traje é coisa de fascistas que só serve para esconder a personalidade de cada um. Pronto, isto são exemplos de coisas que já ouvi muita gente dizer, e é um bocado contra estas ideias que vou falar daqui para a frente.
De facto, é preciso ter em conta que, como em tudo na vida, há tunas e tunas! Obviamente, há tunas melhores e tunas piores, há tunas que fazem realmente música e outras que nem por isso; há tunas – e elementos de tunas - que talvez não passem a melhor das imagens, e talvez seja esse o estereótipo que acaba por ser generalizado, mas isso é extremamente injusto para quem trabalha e se esfola para manter o nível e a qualidade da sua tuna. Portanto, neste post, eu vou falar apenas de tunas boas que me for lembrando, até porque não estou aqui para denegrir a imagem de ninguém, mas sim para enaltecer aquilo que conheço de bom.
Ah, mas não me venhas cá dizer que nas tunas não há borga e festa!!:
Sim, há e muita. E porque é que isso há-de ser mau? A maior parte dos tunantes gosta de beber e se divertir, o que não é novidade nenhuma. Sobretudo, num fim-de-semana de festival, as festas acabam por ser, para muitos, o descanso do guerreiro e o momento de convívio, onde as várias tunas interagem. Faz tudo parte do espírito mas, como espero que ficarão a compreender, há coisas muito mais importantes que caracterizam uma tuna do que o gosto por festas.
Incentivos à qualidade, Os festivais:
A qualidade musical também é uma coisa que varia muito entre as tunas, como é natural. Mas uma coisa que talvez as pessoas não saibam é que existem circuitos de festivais a nível nacional que promovem a competição, e onde tudo está a prémio: os arranjos, os originais, os instrumentais, os solistas, os pandeiretas, os bandeiras, e toda a actuação no seu conjunto, entre mais uma quantidade de prémios que vai variando de festival para festival. O resultado desta competição saudável é bastante positivo, pois traduz-se numa certa exigência e numa vontade de fazer cada vez melhor música. A maior parte das tunas são perfeccionista e rigorosas nos seus ensaios, pois todos querem manter ou elevar o nível de qualidade da sua tuna. Todos os meses há imensos festivais de tunas por todo o país, com concurso e um júri, para as três categorias de tunas: masculinas, femininas e mistas. O júri conta muita muitas vezes com a presença de personalidades importantes do mundo da música e também com elementos de tunas. O próprio festival em si conta, muitas vezes, com actuações de grandes músicos portugueses e também de grupos de folk e música tradicional que são convidados - Simone de Oliveira, Nuno Feist, Júlio Pereira e Roncos do Diabo são alguns dos nomes que já participaram em festivais de tunas.
Cada festival é organizado até ao menor detalhe por uma tuna, por iniciativa própria, e muitas vezes com muito poucos apoios, sendo que alguns são organizados em algumas das salas de espectáculos mais importantes do país: Coliseu dos Recreios, Aula Magna, Theatro Circo… Como podem calcular, é algo que dá imenso trabalho. As tunas não têm apoios praticamente nenhuns e é necessário trabalhar imenso para conseguirmos organizar e financiar qualquer actividade. E é um bocado raro alguma tuna conseguir lucrar com os festivais, acreditem. Os festivais não são feitos para arranjar dinheiro, são feitos com muito amor à camisola, para promover o convívio entre tunas e para apresentar a nossa música e um bom espectáculo ao público.
Vão assistir a um festival de tunas, vão ver que ficam surpreendidos! Eu fiquei boquiaberta da primeira vez que vi um. Ah, e quando forem, gritem da plateia “VAI TUNA!”, é assim que se dá apoio a quem está no palco. Ou então, em vez de “tuna”, ponham o nome da tuna em questão ou da pessoa a quem querem dar força. Se forem ver a minha tuna, por exemplo, gritem “VAI TFIST!”, ou então, melhor ainda, “VAI PICOS!”, que é a minha alcunha de tuna, que eu fico toda contente.
E essa coisa do traje e do espírito académico?:
Há quem nos chame fascistas porque trajamos e temos uma hierarquia, o que faz confusão a algumas pessoas. Eu digo que de fascismo as tunas não têm nada, as tunas são uma massa muito heterogénea com gente de todo o tipo e mais algum, com estilos e origens diferentes e com ideias diferentes também, o que só torna tudo mais saudável. Conheço gente de todo o tipo nas tunas, de um extremo ao outro no espectro político, religiosos, ateus, metaleiros, rastas, betinhos, malta do trance, fadistas, cantores líricos, ricos, pobres… As tunas são imparciais e qualquer pessoa se pode dar bem numa. Para quem lá está, é sempre uma experiência muito rica poder estar em contacto com pessoas tão diferentes.
Quanto à hierarquia, confesso que para mim nem sempre é fácil lidar com ela, mas compreendo que seja necessária na organização de tudo aquilo, e no final de tudo, compensa. Quanto ao traje e à tradição académica, não tenho grandes comentários a fazer sobre isso e vou mostrar apenas o meu ponto de vista – o ponto de vista de alguém SÓ traja para a tuna. Para mim, o traje é o meu uniforme da tuna e uma forma de me identificar com o grupo e o espírito, por isso, é sempre com muito orgulho que o uso, pois faz-me sentir parte de algo! Não é por usar um traje que alguém pede a sua identidade, eu sou exactamente a mesma pessoa com ou sem ele e, quando chego a casa, volto ao meu estilo normal, que toda a gente sabe como é. Além de tudo isto, quando virem os vídeos de tunas que eu vou colocar mais à frente, vão ter de concordar que o traje fica lindíssimo em palco!
Embora a maior parte das pessoas conheça apenas o traje mais “normal”, existe uma variedade enorme de trajes lindíssimos que as tunas usam, de acordo com a região de onde vêm, sendo alguns também adoptados pela faculdade em que se inserem, e outros apenas exclusivos da tuna.
Alguns exemplos de trajes
O traje nacional mais comum
Leiria e Peniche
Santarém
FEUNL Tem saias compridas e pregas nas mangas das camisas, é lindíssimo.
Algarve
IADE SIM, é mesmo um kilt!!!
Azeituna
Universidade do Minho O traje do tricórnio!
Gatuna Muito verdinho.
As Meninas e Senhoras da Beira (Viseu)
Também existem tunas em Espanha e em alguns países da América Latina. Aqui ficam alguns trajes de tunas estrangeiras:
Tuna de Ingenieros Agrónomos y de Montes de Córdoba
Segreles, de Porto Rico
Profissionais ou amadores?:
De tudo um pouco. Existem nas tunas pessoas com conservatório, existem autodidactas e amadores, existem pessoas que nunca tinham pegado num instrumento ou cantado sequer e que aprendem tudo lá. Existem pessoas que descobriram o seu talento nas tunas e hoje em dia são artistas com trabalho consolidado em projectos paralelos nas mais diversas áreas da música, têm espectáculos e cds. Alguns exemplos de grupos que são compostos inteira ou parcialmente por elementos de tunas:
O grupo Origem Tradicional, que toca música tradicional portuguesa.
Projecto Alba, com guitarra portuguesa, guitarra e um tenor.
Mário & Lundum, os clássicos do fado tocados de forma inovadora. Alguns em versões bastante “jazzy”, como este aqui:
Que instrumentos é que usam?:
Em termos de instrumentos, o que se vê mais, actualmente, como instrumentos de base, são as guitarras, o contrabaixo, os bandolins, os cavaquinhos, a flauta transversal, as pandeiretas, o acordeão… Mas cada tuna tem depois as suas variações, e não é estranho ver-se em palco uma infinidade de percussões de todos os tipos, incluindo as mais tradicionais, portuguesas e não só (cajón, surdo, bongós, congas, adufe, castanholas, pau de chuva, caixa chinesa, ovinhos, reco, afuché, bombo, pratos, etc, etc, etc, e mais uma carrada de coisas que tenho visto e das quais desconheço o nome); várias cordas também (guitarra portuguesa, braguesa, violino, violoncelo...), e também vários sopros (saxofone, flauta de bisel, flauta irlandesa e mais umas quantas cujo nome ignoro, gaita de foles, etc). Dos instrumentos tradicionais aos mais inovadores, basicamente, nada é proibido e tudo depende daquilo que a tuna quiser transmitir.
E o que é que se toca?:
Os géneros musicais, na sua essência, tendem para a música tradicional, embora se toque de tudo um pouco. Tocam-se fados, música tradicional portuguesa (no caso das tunas portuguesas), música ligeira, música clássica, instrumentais de bandas sonoras de filmes famosas, serenatas, hinos à vida de estudante, lendas e tradições, cante alentejano, mirandês, e até música com as mais diversas influências estrangeiras: música celta, irlandesa, tango, flamenco, MPB… É possível encontrar praticamente de tudo no reportório das tunas. O espectáculo faz-se também com "danças" de pandeiretas (chama-se “saltar” e não dançar, já agora), bandeiras, estandartes e capas. E agora, para concretizar, vou mostrar alguns exemplos que, inevitavelmente, vão estar associados ao meu gosto e às tunas que conheço melhor, motivo pelo qual já pedi desculpa e volto a pedir mais uma vez.
Então, já chega de bla bla bla, mostra lá qualquer coisa em concreto:
Fados. Sem dúvida, um género que predomina em qualquer festival de tunas. Ficam aqui alguns dos meus preferidos.
Foi Deus, pela TUIST (Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico)
Povo que Lavas no Rio, cantado por um tenor, em alternativa ao fado tradicional, pela TUIST
Júlia Florista, numa versão sem solista, numa adaptada a toda a tuna, e já com as pandeiretas em acção, algo que ainda não tinha mostrado. Pela TFIST (Tuna Feminina do Instituto Superior Técnico)
Clássicos da música portuguesa e música ligeira portuguesa. Também se encontra uma infinidade de músicas adaptadas por tunas dentro destes géneros…
O Amor a Portugal, numa interpretação arrepiante. Pela EUL (Estudantina Universitária de Lisboa)
Desfolhada, com bandeiras em acção =). EUL
Timor, pela TUP (Tuna Universitária do Porto)
Criatura da Noite + Ne Na Na Na, com bandeira e mais uma coisa lindíssima cujo nome desconheço =P (pena que o som do vídeo seja tão mau). Atituna (Tuna Feminina da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Faculdade do Porto)
Nefretite Não Tinha Papeira, pela Magna Tuna ApocalISCSPiana (Tuna mista do Instituto de Ciências Sociais e Políticas), também com bandeira.
(Gostava de mostrar também o “Acordai”, de Fernando Lopes Graça, mas não encontro nenhum vídeo bom =\)
Lendas, tradições, influências regionais…
Molieneiro, uma canção em mirandês, com bandeiras e pandeiretas, pela A Feminina (Tuna feminina da Faculdade de Farmácia)
Castelo de Beja, em cante alentejano. TFUB (Tuna Feminina da Universidade de Beja)
Lenga Lenga, pela TUA (Tuna Universitária de Aveiro)
O Mostrengo, pela Azeituna (Tuna de Ciências da Universidade do Minho)
Canções estrangeiras
Malagueña, pela TUA
Um mix da tuna de Segreles, de Porto Rico. Tenho a certeza que a maior parte dos tunantes que conheço, se tivessem de eleger uma tuna para a melhor do mundo, seria esta. =)
Instrumentais Música clássica, bandas sonoras de filmes…
Bandolinata, pela EUL
Verão, de Vivaldi, pela Antunia (Tuna de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa)
E agora o Inverno, pela Antunia
Medley de Ennio Morricone, pela TFIST
"Lusogalaicocelta", pela Azeituna
Acho que este não tem nome, mas vale a pena ouvir. Lembra uma irish jig. Pela ForTuna (Tuna Acadmica da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa).
Com violino, aqui.
Pandeiretas, bandeiras, etc A parte visual do espectáculo.
TUM (Tuna Universitária do Minho)
Escstunis (Tuna Académica da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa)
Tunídeos (Tuna Masculina da Universidade dos Açores)
TFIST
Para terminar:
Acho que falta dizer uma coisa muito importante a respeito das tunas: São amigos de verdade, amigos para a vida. Num grupo com tanta gente, é natural que hajam discussões de vez em quando, mas como passamos tanto tempo juntos, para o bem e para o mal, criam-se laços muito fortes que dificilmente se quebram.
Espero que tenham gostado desta viagem ao mundo das tunas e que comecem a ocupar a primeira fila nos festivais que se realizam por todo o país, de Norte a Sul e ilhas.
VAI, TUNA!
Última edição por RedHead em Dom Fev 20, 2011 12:47 am, editado 2 vez(es)
Glam Deus(a) do Sol (administração)
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Assunto: Re: Tunas Sáb Fev 19, 2011 6:39 pm
Grande texto, RedHead!
Gostei muito de ler. Por acaso, eu tenho uma boa noção do que é estar numa tuna pela experiência da minha mana. Também a vi actuar muitas vezes.
Fico chateada de não ver aí destacado o traje académico de Coimbra!!!!! Enfim... ele insere-se naquilo que chamas "o mais comum". Tinha ideia que o traje era único para cada universidade.
RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Tunas Sáb Fev 19, 2011 9:17 pm
Obrigada, Glam! Ena, que bom a tua irmã estar numa tuna, se calhar já me cruzei com ela por aí, em festivais. Em que tuna está ela? O traje de Coimbra, eu acho que é o "normal", embora possam existir trajes específicos para algumas tunas.
E não, o traje não é único para cada universidade, há muitas que adoptaram o traje nacional, embora surjam depois algumas variações. Sinceramente, eu acho que o traje mais comum é o mais feito de todos... =C Às vezes fico mesmo com inveja dos trajes dos outros, hahah.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Tunas Sáb Fev 19, 2011 10:25 pm
Um bom texto, Red. Bom para esclarecer misconceptions e dissolver e alguns estereótipos.
Spoiler:
Contudo, dou-te 3 meses até te tornares numa bêbada arruaceira. Joking.
RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2916 Idade : 35 Local : Olissipo/Liberalitas Julia Raça : Elfo Elemento : Terra/Rocha Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Preto
Assunto: Re: Tunas Sáb Fev 19, 2011 10:39 pm
Obrigada, Averróis!
Averróis escreveu:
Spoiler:
Contudo, dou-te 3 meses até te tornares numa bêbada arruaceira. Joking.
Meh, já lá vão quatro anos e eu continuo igual. Sou imune ao poder maléfico que as tunas têm de desencaminhar pessoas.
Kraft durch Freude Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2054 Raça : Ent/Povo das Árvores Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista)
Assunto: Re: Tunas Sáb Fev 19, 2011 11:30 pm
Já devorei os vídeos todos!
Há qualquer coisa nas bandeiras que quando entram me deixam vidrado nas actuações... Muito bom! A Estudantina da Universidade de Lisboa e a Tuna Universitária do Porto são *só* da UL e da UP, respectivamente?? Tanta malta! Parecem mais orquestras do que tunas!
Pelo menos no meu curso, confesso que me custa a aceitar que haja elementos de tunas que façam os cursos "limpinhos". (Infelizmente) não sei como seria humanamente possível ter outras ocupações e completá-lo em 5 anos. Muito menos andar a passear país fora várias vezes por semestre. Acrescente-se a isso o facto de a maioria dos tunantes não serem propriamente alunos exemplares, e a generalização para o estereótipo do boémio surge naturalmente a partir do que se vê por essa maioria. ...e com isso acabam por pagar os que não encaixam nesse perfil, que no fundo me parecem ser a minoria. Note-se que não tenho nada contra "essa vida" nem contra quem a faz: são opções e cada um toma as que acha melhores para si. Apenas constato o que vou observando "por aí".
Não há por aí mais tunantes que queiram partilhar experiências/vídeos?
RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2916 Idade : 35 Local : Olissipo/Liberalitas Julia Raça : Elfo Elemento : Terra/Rocha Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Preto
Assunto: Re: Tunas Dom Fev 20, 2011 12:01 am
Kraft durch Freude escreveu:
Já devorei os vídeos todos!
wow, mereces um aplauso!!!
Kraft durch Freude escreveu:
A Estudantina da Universidade de Lisboa e a Tuna Universitária do Porto são *só* da UL e da UP, respectivamente?? Tanta malta! Parecem mais orquestras do que tunas!
A Estudantina Universitária de Lisboa é uma tuna aberta a alunos de qualquer universidade/faculdade da cidade. Existem mais estudantinas, como a de Coimbra, mas não sei ao certo se pertencem a alguma faculdade em concreto ou se funcionam no mesmo sistema. O que eu sei que existe é mais uma tuna independente de universidades em Lisboa, que é a TAL (Tuna Académica de Lisboa). A TUP creio que também é geral, mas, realmente, nunca me tinha perguntado isso, portanto não garanto.
Kraft durch Freude escreveu:
Pelo menos no meu curso, confesso que me custa a aceitar que haja elementos de tunas que façam os cursos "limpinhos". (Infelizmente) não sei como seria humanamente possível ter outras ocupações e completá-lo em 5 anos. Muito menos andar a passear país fora várias vezes por semestre. Acrescente-se a isso o facto de a maioria dos tunantes não serem propriamente alunos exemplares, e a generalização para o estereótipo do boémio surge naturalmente a partir do que se vê por essa maioria. ...e com isso acabam por pagar os que não encaixam nesse perfil, que no fundo me parecem ser a minoria. Note-se que não tenho nada contra "essa vida" nem contra quem a faz: são opções e cada um toma as que acha melhores para si. Apenas constato o que vou observando "por aí".
Nas outras faculdades não sei bem como é, mas na minha, o normal é ninguém fazer o curso em 5 anos. A sério, quem faz o curso em 5 anos no Técnico deve ser assim um génio, ou então tem uma capacidade de organização brutal. No entanto, tenho pessoas na tuna que o fizeram em 5 anos, lol. Aliás, no ano passado, a aluna que venceu o prémio de melhor aluno da Universidade Técnica de Lisboa, era do Instituto Superior Técnico, e membro da TFIST, e não era um membro qualquer, pertencia à direcção, tocava flauta transversal e até já tinha sido presidente há uns anos!
Mas eu não diria que a minoria dos tunantes são boémios, diria que esse ponto é comum à grande maioria. Só acho é que isso não deve tirar o mérito às tunas, porque de facto a tuna não é só isso, essa é uma pequeníssima fatia daquilo que nós fazemos lá. O que me chateia é que parece que só isso é que passa... Também excepções - tipo eu, que quase que vou para as festas obrigada, sou sempre a primeira a pisgar-me quando posso, e quando lá estou é raro beber alguma coisa, mas isso ninguém pode saber.
Kraft durch Freude Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2054 Raça : Ent/Povo das Árvores Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista)
Assunto: Re: Tunas Dom Fev 20, 2011 12:47 am
Claro que não é só isso que passa. Gosto muito da música que fazem, está claro. Penso que também ficou claro que eu não acho que os instrumentos só vos sirvam para enfeitar os bares e para vos facilitar a vida no que toca à arte do engate (e acho que a maioria das pessoas com pelo menos um par de neurónios também não acha que é só para isso).
Mas o que acho que passa cá para fora é que ser da tuna é incompatível com acabar o curso em 5 anos. Sim, a grande maioria, independentemente do que (não) fizer não acaba o curso em 5 anos. Mas pertencer à tuna é visto como um impeditivo imediato para que tal aconteça. No fundo, para o comum dos mortais as hipóteses são: estás na tuna = já foste; não estás na tuna = ainda tens hipóteses de ter um cursinho imaculado. Tal como disse, isto é visto assim muito por força da tal maioria boémia, que tu assumes ser uma maioria real.
Queres outro exemplo numa cor vistosa? O meu primo fazia parte da tuna e ia a montes de festivais. Acabou o curso em 5 anos sem ter chumbado a nada. E é tipo para beber os seus copos, ir às discos da moda e ser a pessoa mais "normal" do mundo. Haver excepções altera a imagem das tunas? Se a maioria continua a corresponder à imagem boémia, também não vejo como é que essas excepções a hão-de alterar.
VirtuousGod Sacerdote/Sacerdotisa
N. de Mensagens : 216 Idade : 34 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Tunas Dom Fev 20, 2011 2:15 am
Muito bom RedHead! Apesar de já ter uma boa ideia geral, ajudou a saber umas quantas coisas mais! 2:57 do último vídeo, there you are
Glam Deus(a) do Sol (administração)
N. de Mensagens : 902 Idade : 39 Raça : Fada Elemento : Sombra Deus : Hermes (Engenho/Pensamento/Arte) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Tunas Dom Fev 20, 2011 2:15 pm
RedHead escreveu:
Obrigada, Glam! Ena, que bom a tua irmã estar numa tuna, se calhar já me cruzei com ela por aí, em festivais. Em que tuna está ela?
A minha mana esteve na Tu Na D'ESTES da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra (acho que não me enganei em nada). Entretanto, já acabou o curso. Chegou a gravar um CD com a tuna (acho eu...). Se vieres a algum festival em Coimbra, não te esqueças de avisar.
Whisper Guerreiro/Guerreira
N. de Mensagens : 41 Idade : 40 Local : Rivendell Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Tunas Qua Abr 04, 2012 1:02 pm
Já fui por dois anos ao festival da Tu Na D'ESTES! E acho que eles vieram ao meu. Estudei na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, e faço (ainda) parte da ESTAtuna. É daquelas coisas, uma vez tuno, tuno para sempre. Nunca fui de bebedeiras e acabei o meu curso em três anos (chumbei a Sociologia, porque o prof. foi um idiota e disse uma coisa que não gostei. Levantei-me, saí e nunca mais lá meti os pés. Nem nas avaliações. Fiz depois em Erasmus, com 20).
Foi uma escola para mim. Era uma associal, bicho-do-mato, e cresci muito na Tuna, com as tão-malfadadas praxes e com os jogos entre Tunas, com os festivais e com o convívio. Agora sou meio associal, mas bem melhor