Folk Lusitânia Folk, Neo-clássico, New Age, World Music, Darkwave, Medieval, Música Étnica, Folk Metal, Symphonic Metal, Dark Ambient, Neofolk, Marcial. |
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| Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) | |
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+7Nantumaurus Vampiria Siivet Diarmuid RedHead Ceinwyn Signatus 11 participantes | Autor | Mensagem |
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Signatus Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2724 Idade : 36 Local : Ofiussa Raça : Lobitroll Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Verde
| Assunto: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Seg Ago 22, 2011 10:12 am | |
| A propósito do tópico "Pedido de colaboração na recolha de dados para um filme épico sobre Viriato" descobri que já há uma série espanhola sobre Viriato, e recente! E já vai na segunda temporada!!!!!! Vou tentar ver, alguem conhece? (ok, que lusitanos mais "ocidentalizados" mas pronto ) | |
| | | Ceinwyn Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3936 Idade : 38 Raça : Gárgula Elemento : Terra/Rocha Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista) Cor : Vermelho
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Seg Ago 22, 2011 11:44 am | |
| Olha que giro. Vou ver | |
| | | RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2916 Idade : 35 Local : Olissipo/Liberalitas Julia Raça : Elfo Elemento : Terra/Rocha Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Preto
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Seg Ago 22, 2011 2:48 pm | |
| Ena pá! Também não fazia ideia. | |
| | | Signatus Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2724 Idade : 36 Local : Ofiussa Raça : Lobitroll Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Verde
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Seg Ago 22, 2011 2:49 pm | |
| O primeiro episodio está bem catita!!!!!! | |
| | | RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2916 Idade : 35 Local : Olissipo/Liberalitas Julia Raça : Elfo Elemento : Terra/Rocha Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Preto
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Seg Ago 22, 2011 2:54 pm | |
| Dá para ver todos aqui! | |
| | | Ceinwyn Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3936 Idade : 38 Raça : Gárgula Elemento : Terra/Rocha Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista) Cor : Vermelho
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Seg Ago 22, 2011 3:23 pm | |
| - Signatus escreveu:
- O primeiro episodio está bem catita!!!!!!
Adorei o início à Gladiador lol. | |
| | | Diarmuid Mestre
N. de Mensagens : 758 Idade : 40 Local : Almada Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Cinzento
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Ter Ago 23, 2011 12:47 am | |
| Vou ver isso | |
| | | Siivet Mestre
N. de Mensagens : 750 Idade : 41 Local : Sintra Raça : Troll Elemento : Terra/Rocha Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista) Cor : Preto
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Ter Ago 23, 2011 12:57 am | |
| Falta detalhe como me faltam notas de 500, a começar logo com o "morreram centenas de espanhois " espanhois nao otario, naquela altura nao tinhas essa nacionalidade narrador bastardo, god damn ! | |
| | | Signatus Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2724 Idade : 36 Local : Ofiussa Raça : Lobitroll Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Verde
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Ter Ago 23, 2011 1:04 am | |
| - Siivet escreveu:
- Falta detalhe como me faltam notas de 500, a começar logo com o "morreram centenas de espanhois " espanhois nao otario, naquela altura nao tinhas essa nacionalidade narrador bastardo, god damn !
Pois falta (runescencio deve estar ofendidissimo por negligenciarem os mais importantes aspectos do estilo de guerra lusitano, faltam as tropas auxiliares de roma, o resgate que tornou viriato famoso, etc), e tem coisas a mais (arcos que não eram usados naquela altura na ibéria, estribos nos cavalos, etc) mas é melhor que nada Eu estou a gostar. E esse espanhois deve ser das legendas, eu tou a ver o original não legendado e dizem hispanos = ibéricos. E o território dos lusitanos não era exclusivamente em Portugal, a cidade mais importante, Oxtracca, por exemplo era do lado espanhol.
Última edição por Signatus em Ter Ago 23, 2011 1:20 am, editado 1 vez(es) | |
| | | Ceinwyn Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3936 Idade : 38 Raça : Gárgula Elemento : Terra/Rocha Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista) Cor : Vermelho
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Ter Ago 23, 2011 1:18 am | |
| - Signatus escreveu:
- deve ser das legendas
Há legendas? | |
| | | Signatus Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2724 Idade : 36 Local : Ofiussa Raça : Lobitroll Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Verde
| | | | Vampiria Rei/Rainha
N. de Mensagens : 1234 Local : Ilha dos Sonhos Raça : Druida/Feiticeiro Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Roxo
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Qua Ago 24, 2011 6:14 pm | |
| Excelente descoberta , pois com o Verão o mundo das séries fica tão pobre... tirando o True Blood, não se encontra nada de jeito. | |
| | | Nantumaurus Sacerdote/Sacerdotisa
N. de Mensagens : 300 Idade : 46 Local : Lusitania Raça : Druida/Feiticeiro Elemento : Terra/Rocha Deus : Hermes (Engenho/Pensamento/Arte) Cor : Azul Escuro
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Qua Ago 24, 2011 7:57 pm | |
| - Signatus escreveu:
A propósito do tópico "Pedido de colaboração na recolha de dados para um filme épico sobre Viriato" descobri que já há uma série espanhola sobre Viriato, e recente! E já vai na segunda temporada!!!!!!
Vou tentar ver, alguem conhece?
(ok, que lusitanos mais "ocidentalizados" mas pronto )
Olá! E então onde a descobriste? Não me digas que foi no meu site? Já aqui tinha falado dela! Quando a descobri no dalymotion apenas havia videos promos ainda da primeira séri e nada mais! Quanto à minha opinião, como ainda não a vi é muito vaga! No entanto adianto já que não a vou ver sequer, pois para alem das promos já vi alguns minutos aqui e ali e como sei a história das guerras viriatianas de trás para a frente aquilo que vi deu-me nauseas. Boa série! | |
| | | Vampiria Rei/Rainha
N. de Mensagens : 1234 Local : Ilha dos Sonhos Raça : Druida/Feiticeiro Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Roxo
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Ter Ago 30, 2011 6:16 pm | |
| Já comecei a ver e estou a gostar. A sétima arte espanhola poucas vezes me seduziu, fiquei surpreendida. Efectivamente não existem legendas em português para a série, o espanhol vai-se pescando, tirando a parte em que falam num tom mais baixo, aí não percebo nada. | |
| | | Signatus Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2724 Idade : 36 Local : Ofiussa Raça : Lobitroll Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Verde
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Ter Ago 30, 2011 6:23 pm | |
| - Nantumaurus escreveu:
- Quanto à minha opinião, como ainda não a vi é muito vaga! No entanto adianto já que não a vou ver sequer, pois para alem das promos já vi alguns minutos aqui e ali e como sei a história das guerras viriatianas de trás para a frente aquilo que vi deu-me nauseas.
Pois, é a grande falha, está muito pouco historicamente correcto.. Então as batalhas, bem, estão ao velho estilo de hollywood de quem não faz a mínima ideia de como as batalhas da antiguidade se passavam, muito menos aquelas relacionadas com os povos ibéricos e em especial os Lusitanos.... Mas há filmes e séries muito mais famosas que fazem um trabalho bem pior. Mas se fizeres como eu, ignorares isso e entenderes aquilo como uma história fictícia apenas levemente inspirada nos personagens históricos acredito que vás gostar - Vampiria escreveu:
- Já comecei a ver e estou a gostar. A sétima arte espanhola poucas vezes me seduziu, fiquei surpreendida.
Efectivamente não existem legendas em português para a série, o espanhol vai-se pescando, tirando a parte em que falam num tom mais baixo, aí não percebo nada. Já vi a primeira temporada e vou na segunda, estou a gostar bastante e tenho percebido tudo sem grande dificuldade. | |
| | | RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2916 Idade : 35 Local : Olissipo/Liberalitas Julia Raça : Elfo Elemento : Terra/Rocha Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Preto
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Qui Dez 15, 2011 3:33 pm | |
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| | | Signatus Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2724 Idade : 36 Local : Ofiussa Raça : Lobitroll Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Verde
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Qui Dez 15, 2011 3:34 pm | |
| A primeira está muito fixe mas a segunda podia estar muito melhor, então os ultimos episódios deixam muito a desejar IMHO. | |
| | | Macieluxcitania Aldeão/Aldeã
N. de Mensagens : 1 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Cinzento
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Seg Fev 20, 2012 11:35 am | |
| - Signatus escreveu:
A propósito do tópico "Pedido de colaboração na recolha de dados para um filme épico sobre Viriato" descobri que já há uma série espanhola sobre Viriato, e recente! E já vai na segunda temporada!!!!!!
Vou tentar ver, alguem conhece?
(ok, que lusitanos mais "ocidentalizados" mas pronto )
(FALE CONNÔSCO-se quiserem tirem o ^ , mas "conosco" não é Português...percebi entretanto que êstes fóruns grátis são brasileiros .Brasileiro não é Português e vice-versa.Porque é que não usam um Fórum Português ? Ou um Inglês ?... por vêzes , vale mais utilizar serviços em inglês do que em brasileiro... para Não Havêr Confusões Linguísticas ! ) Bom Dia ! Sei que têm uma conversa sôbre "Hispânia, la leyenda" em que Viriato é transformado em "herói hispano" , numa aldeia inventada por êles , etc uma reeinvenção MENTIROSA da História , típica de países que têm maior podêr económico e NACIONALIZAM Heróis que não são dêles .Esta série é uma Mentira pegada e um Insulto á Lusitânia e a Portugal . A LUSITÂNIA não é a Hispânia ! A Lusitânia Não é a Ibéria ! A Lusitânia é a parte da Hispânia que se Identifica ancestralmente com Portugal pois uma grande parte do sêu território era Aqui , o resto foi uma manobra administrativa e política de Rôma . A Ibéria é a parte que corresponde á "espanha" actual , sabendo nós que a Hespanha é a Hispânia ancestral que É a Península Tôda com Portugal incluído e não só o país vizinho ... mais uma Mentira Subtil dos "nuestros hermanos" ...tal como esta série que , sendo bem feita , só pode sêr observada com muita Desconfiança , a mêsma que os Nossos Antepassados Lusitânios tinham em relação a Rôma e aos romanos , e , apênas como Curiosidade cinematográfica que é uma Manipulação baixa (mais uma) de Madrid ... Têr em conta que a organização política com "centro" do outro lado da fronteira para tirar importância e pêso , (Importância e Pêso que eram , e são reais) á Lusitânia/Portugal , são um artificialismo e invenção românas ... Estrabão escrevia que a Lusitânia e os Lusitânos eram a Nação mais poderosa da Hispânia , daí , a necessidade dos românos lhe retirarem Fôrça e Pêso de forma artificial e administrativa , movendo o Centro Natural para o Artificial em Madrid , ideia que ainda hôje sobrevive nos podêres madrilenos do Iberismo , o que é , portanto , e ainda , uma herança romana... «Pinharanda Gomes: “A patrologia lusitana” 26 05 2008 Pinharanda Gomes. http://capeiaarraiana.files.wordpress.com/2007/02/pinharandagomes06c.jpg (excerto da História da Filosofia Portuguesa) ¶ A Lusitânia não é Ibéria, a Ibéria não é Lusitânia. Comete erro de juízo‘ de facto e de valor, a corrente histórica e política que força a realidade até ser capaz de meter a Lusitânia na União Ibérica, por não compreender que não há recta União Ibérica, mas correcta União Hispânica. Na União Hispânica cabem Lusitânia e Ibéria, enquanto na União Ibérica só cabem os povos iberos, ou da Ibéria. A tese iberista releva do projecto de sujeição da vertente atlântica à vertente mediterrânica e, por via dela, da sujeição dos povos da periferia ao centro impulsor do iberismo. A União Ibérica, tornada doce paliativo, é na ordem política o projecto anti-autonomista do Duque de Olivares: Braga dominada por Toledo. ¶ A Hispânia tem quatro vertentes: a vertente atlântico-cantábrica, especiosa, ainda que aparentada com a vertente pirenaica e com a vertente lusitana; a vertente mediterrânica (ibérica); a vertente pirenaica, com Aragão, e que por si mesmo é também específica; e a vertente lusitano-atlântica, em que amplamente se insere a galega ou galaica. É supérfluo considerar as vertentes pirenaica e cantábrica, porque a díade dualista se põe somente quanto às vertentes ibérica e lusitana. Os geógrafos que vieram de fora nunca se enganaram e, por isso, jamais confundiram Lusitânia e Ibéria. A Lusitânia é a vertente atlântica – “Lusitânia… que mare Atlanticum spectat” 7, enquanto a Ibéria é a região do Ebro, que o Mediterrâneo contempla. Em sentido figurado, diríamos que a Ibéria olha para Oriente, enquanto a Lusitânia olha para onde o mar começa e a terra se acaba, por repouso do Sol ocitânico. A diferença geográfica não inclui uma diferença cultural, (dos círculos culturais de Frobenius sabemos como em África e na Europa há culturas análogas, ainda que Frobenius haja sublinhado que importa não confundir analogia com homologia), mas deve suscitar a vocação para definir identidade geográfica, identidade étnica, e identidade existencial. Lusitânia e Ibéria são duas regiões distintas, tão significativas uma como a outra, mas nem a Ibéria é fusível para a Lusitânia, nem há Lusitânia fusionável com Ibéria. A pré-história dos povos peninsulares é diferente, mas torna-se sintomático o nível diferencial entre projecto ibérico e excurso lusitano, como se a Lusitânia e a Ibéria houvessem sido berços de duas diferentes raças humanas, como queria o enciclopedismo evolucionista 8. Na diversidade, as duas versões antigas projectaram-se sempre num dualismo geográfico e histórico, de modo que à díade nómica da Lusitânia / Ibéria correspondeu a díade, algumas vezes antinómica, de Portugal / Espanha. Oliveira Martins não teve pejo em considerar a adopção do erro, provindo de muito antes, mas aprofundado em Herculano, da confusão de Ibéria e Lusitânia, o que lhe valeu as acerbas críticas de Teófilo Braga, apoiado na geografia clássica, sobretudo na Púnica, de Sílio Itálico, que soube salientar a longa distinção entre Iberos e Celtas e, por concomitância, entre Iberos e Lusitanos, os que ocuparam uma região afastada e diferenciada, onde permaneceram e perduraram como Lusitanos. A Lusitânia é algo de comprimido a oeste, mas é também algo de não assimilado a leste 9. ¶ A Hispânia é um microcosmos, disse o geógrafo Méndez Silva, onde há de tudo e nada falta, o que já antes dele haviam visto os apologistas das esquadras mafamédicas. Microcosmos, cume da Europa, cabeça do boi, é envolvida na sua maior extensão pelo Rio Oceano, Atlântico identificado, apesar do jogo de estilo elaborado por Homero, ou pelos homeríadas, mas reino microcosmos divertido em dois olhares: o limite atlântico, span, sepharad, ao modo fenício e hebraico, que é a nossa finisterra, como que a sugerir que Hispânia é a Lusitânia com as terras do meio que olham para o mar do meio das terras, de onde se gera o dualismo atlântico-mediterrânico da Hispânia, mas onde por igual se gera o atlantismo da Lusitânia 10. As diversidades regionais podem não servir de base a divisões de território, nem são de molde a criar regionalismos vinculados a um exclusivismo étnico, mas, no caso Lusitânia/Ibéria, houve lugar a uma configuração excêntrica, centrífuga e oceânica, de tal modo que seria sensato postular que o nacionalismo das nações hispânicas, incluída a nação portuguesa, encontra raízes e águas acolhedoras nos regionalismos. A afirmação de Portugal é um acto de nacionalismo; mas a afirmação da Lusitânia prevalece no acto do regionalismo. A Lusitânia afirma-se pagus, terra nostra, perante a urbe mediterrânica. A extensa teoria literária e político-ideológica da antítese Castela/Portugal, mormente elaborada no ciclo de 1580/1700 não é um fenómeno de erupção palaciana; ela vem de longe, e os ideólogos palacianos limitaram-se a pôr em letra de ler, ou em papel de prelo, uma interpretação de mitos, de imagens avoengas. ¶ Lusitânia situa-se entre Ibéria e Oceano, ou, na configuração pré-romana, numa forma quadrangular que o domínio romano por considerações estratégicas encurtou, ao dividir a Hispânia em três províncias, a Lusitânia (diminuída da Galécia), a Tarraconense e a Bética. Das três províncias, a que corresponde ao vector do iberismo é a Tarraconense, porque Tarracona, pago ibérico, estende os elos até ao Atlântico, subjugando a Galiza e, o mais curioso a região dos Brácaros. A divisão provincial romana carece de toda a lógica étnico-cultural, mas abunda em intencionalidade dominativa. Tarracona é a Ibéria tal como os iberistas sonham: uma grande província absorvente das que lhe ficam, diminuídas, a seus pés, a Bética e a Lusitânia. A estratégia romana elaborava com base em interpretações comprometidas, pois, com efeito, Estrabão, que era mais submisso do que Mela, confundira Iberos e Lusitanos, ainda que afirmasse serem, os Lusitanos, os mais fortes dos Iberos 11. Estrabão tem interesse em identificar Iberos e Lusos para justificar a extensão da Ibéria tarraconense até à Lusitânia bracarense e lucense; Pompónio Mela sabe da forte identidade lusitana face à Ibéria, e convém-lhe sujeitar a fortaleza da finisterra à esperteza da mediterra. Ao não compreender o jogo de intenções, Herculano acabaria por cair na tese negativa da identidade nacional com base regional, por oposição a quem vira melhor do que ele, Bernardo de Brito e André de Resende — o que, aliás, vem já dito em Leite de Vasconcellos 12. A Lusitânia Romana é uma Lusitânia diminuída talhada a esquadro e régua, segundo o interesse dominacional do império, a Lusitânia natural é todo o oeste peninsular. Vai do Promontório Sacro, para além do Minho, até à vertente norte-atlântica, e do oeste atlântico até bem dentro: incluí, pelo menos, Mérida e grande parte da Estremadura, por isso chamada Extrema: a fronteira da Lusitânia com a Ibéria. A Lusitânia é o país dos quatro rios: Guadiana, Tejo, Douro e Minho; a Ibéria é a região de um só rio: o Ebro. O Ebro unifica, os quatro Lusitanos diversificam, de modo que é viável assinalar uma Lusitânia minhota (brácaro-lucense), uma Lusitânia duriense, uma Lusitânia tagana, e uma Lusitânia guadiânica. ¶ Ninguém sabe de onde vem o nome de Lusitânia. Há muitas hipóteses, todas por igual verosímeis, a mor parte delas mais provável do que demonstrável. ¶ A pesquisa da história das origens, fenómeno humanista, é coetânea do Renascimento. Enquanto o primeiro Renascimento indaga as matrizes clássicas, o Renascimento do século XVI tende a transferir do plano clássico para o plano antigo das autoctonias, pelo que o Ocidente assiste a uma espécie de movimento renascentista de fundo e propósito nacionalista, de algum modo oposto ao renascentismo de fundo macro-cultural europeu. Neste quadro quinhentista, “o maior e mais judicioso antiquário português do século XVI” 13 foi o humanista André de Resende, cujo gosto pela erudição clássica o orientou para a indagação dos valores da sua terra, como factores reais, a par dos clássicos grego e romano. O De Antiquitatibus Lusitaniae (1593) continua sendo o pórtico da história lusitana antiga, pórtico esse por onde discorreram os geógrafos e antropólogos do século XVII, desde Bernardo de Brito, (cuja parte primeira da Monarquia Lusitana alarga os conhecimentos de Resende, por recurso a Laimundo Ortega) a Faria e Sousa, a Rodrigo Méndez Silva, e a Gaspar Estaço (+ 1626), bem como a Teodósio de Bragança, que as crónicas registam como um dos mais curiosos autores do seu tempo, em matéria lusitana 14. Bernardo de Brito. http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/44/Bernardo_de_Brito.jpg/385px-Bernardo_de_Brito.jpg ¶ O laboratório de pesquisa das formas lusitanas prosseguiu no século XVIII, com aproveitamento das colheitas prévias, nos exercícios da Academia Real de História Portuguesa 15, fundada em 1720, e a cuja actividade se deve não só a recuperação documental de que usufruímos, mas também a sequência historiográfica e metodológica no âmbito das ciências históricas, que viria a culminar em Alexandre Herculano, ele já um fruto da linha metodológica aberta por Manuel Caetano de Sousa. Equivalente crédito tem a haver a Academia Real das Ciências de Lisboa, cujos trabalhos relativos a esta problemática se acham nas importantes colecções de Memórias de Literatura Portuguesa e de História e Memórias da Academia das Ciências. O século XIX, com o desenvolvimento das ciências auxiliares, trouxe novos contributos à pesquisa da antiguidade lusitana, em todos os domínios, desde o mesológico ao antropológico, nesse capítulo merecendo realce as obras de João Bonança, Augusto Coelho e Oliveira Martins, entre outros, complementados, com alto espírito de síntese, por Leite de Vasconcellos. Na transposição do século XIX para o século XX, há a assinalar a actividade arqueológica de Carlos Ribeiro (+ 1882), bem como os trabalhos da Associação dos Arqueólogos Portugueses, fundada (1863) por Possidónio da Silva; da Sociedade de Geografia de Lisboa e, sobretudo, da Escola Antropológica Portuense, cujas raízes têm muito a ver com a obra desenvolvida por Martins Sarmento, obra essa que seria continuada pelo núcleo que à sua volta se criou em Guimarães, a Sociedade Martins Sarmento 16. Neste ciclo de estudos há efemérides: em 1880, o Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica (Lisboa); em 1888, a fundação da Sociedade Carlos Ribeiro, por Rocha Peixoto, Ricardo Severo, Adolfo Coelho e outros; em 1899, o aparecimento da revista Portugália; em 1911, a criação da cadeira de Antropologia na Faculdade de Ciências do Porto, em que pontificaram um António L. Ferreira Girão e um Câmara Sinval. Deste núcleo escolar nasceria a Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (1918), onde se distinguiram personalidades quais Aarão de Lacerda, Damião Peres, Teixeira Rêgo, Bento Carqueja, e onde outros continuam a distinguir-se em nossos dias. Análogo papel competiu à antropologia conimbricense, desde a fundação (1885) da cadeira de antropologia na Universidade, que teve desenvolvimento com o magistério positivista de H. Teixeira Bastos 17. ¶ As ciências da antiguidade lusitana progrediram em monografias desde o século XVI até à síntese elaborada no primeiro quartel do nosso século por Leite de Vasconcellos mas, depois deste, vive-se uma nova fase monográfica, analítica e pormenorística, já a carecer de síntese ampliada. ¶ A tese mais aceite é a de que os Lusitanos eram um povo pré-celta, ocupante, nativo ou imigrado, da região da Lusitânia. Os antropólogos identificam outros povos, a que os antigos chamam raças, v. g., cúnios, taganos, transcudanos, etc., mas as designações não correspondem a etnias rácicas, identificam apenas etnias regionais. Transcudanos eram, por exemplo, somente os lusitanos de Ribacoa; e o mesmo dos taganos — os lusitanos do Tejo. Estas designações serviam para identificar núcleos populacionais habitando uma determinada região. Não designam nem nominam povos muito diferentes, apesar das eventuais variantes heteroétnicas, tal como sucede em nossos dias entre beirões, minhotos, saloios, alentejanos e algarvios. O toponímico sobrepõe-se ao antroponímico, mas não o subverte, nem cria diferenças desidentificativas. http://www.guimaraes-ed.pt/cgi-bin/ge.cgi?c=geleitura&t=geleitura&UID=665441 | |
| | | Seraphine Cavaleiro/Dama
N. de Mensagens : 168 Idade : 38 Local : Lisboa Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Deméter (Terra/Natureza/Estações) Cor : Azul Escuro
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Qua Mar 14, 2012 11:02 pm | |
| Interessante, não fazia ideia da existência da série! Vou cuscar | |
| | | Gotham Burguês/Burguesa
N. de Mensagens : 100
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Qui Jan 29, 2015 8:19 pm | |
| Desconhecia a sua existência. É daquelas coisas que só conseguimos encontrar em fóruns como este! | |
| | | Um Guerreiro/Guerreira
N. de Mensagens : 39
| Assunto: Re: Hispania-La Leyenda (Série sobre Viriato) Sex Jan 30, 2015 2:35 pm | |
| - Macieluxcitania escreveu:
- Spoiler:
- Signatus escreveu:
A propósito do tópico "Pedido de colaboração na recolha de dados para um filme épico sobre Viriato" descobri que já há uma série espanhola sobre Viriato, e recente! E já vai na segunda temporada!!!!!!
Vou tentar ver, alguem conhece?
(ok, que lusitanos mais "ocidentalizados" mas pronto )
(FALE CONNÔSCO-se quiserem tirem o ^ , mas "conosco" não é Português...percebi entretanto que êstes fóruns grátis são brasileiros .Brasileiro não é Português e vice-versa.Porque é que não usam um Fórum Português ? Ou um Inglês ?... por vêzes , vale mais utilizar serviços em inglês do que em brasileiro... para Não Havêr Confusões Linguísticas ! )
Bom Dia ! Sei que têm uma conversa sôbre "Hispânia, la leyenda" em que Viriato é transformado em "herói hispano" , numa aldeia inventada por êles , etc uma reeinvenção MENTIROSA da História , típica de países que têm maior podêr económico e NACIONALIZAM Heróis que não são dêles .Esta série é uma Mentira pegada e um Insulto á Lusitânia e a Portugal .
- Spoiler:
A LUSITÂNIA não é a Hispânia ! A Lusitânia Não é a Ibéria ! A Lusitânia é a parte da Hispânia que se Identifica ancestralmente com Portugal pois uma grande parte do sêu território era Aqui , o resto foi uma manobra administrativa e política de Rôma . A Ibéria é a parte que corresponde á "espanha" actual , sabendo nós que a Hespanha é a Hispânia ancestral que É a Península Tôda com Portugal incluído e não só o país vizinho ... mais uma Mentira Subtil dos "nuestros hermanos" ...tal como esta série que , sendo bem feita , só pode sêr observada com muita Desconfiança , a mêsma que os Nossos Antepassados Lusitânios tinham em relação a Rôma e aos romanos , e , apênas como Curiosidade cinematográfica que é uma Manipulação baixa (mais uma) de Madrid ... Têr em conta que a organização política com "centro" do outro lado da fronteira para tirar importância e pêso , (Importância e Pêso que eram , e são reais) á Lusitânia/Portugal , são um artificialismo e invenção românas ... Estrabão escrevia que a Lusitânia e os Lusitânos eram a Nação mais poderosa da Hispânia , daí , a necessidade dos românos lhe retirarem Fôrça e Pêso de forma artificial e administrativa , movendo o Centro Natural para o Artificial em Madrid , ideia que ainda hôje sobrevive nos podêres madrilenos do Iberismo , o que é , portanto , e ainda , uma herança romana...
«Pinharanda Gomes: “A patrologia lusitana” 26 05 2008
Pinharanda Gomes.
http://capeiaarraiana.files.wordpress.com/2007/02/pinharandagomes06c.jpg
(excerto da História da Filosofia Portuguesa)
¶ A Lusitânia não é Ibéria, a Ibéria não é Lusitânia. Comete erro de juízo‘ de facto e de valor, a corrente histórica e política que força a realidade até ser capaz de meter a Lusitânia na União Ibérica, por não compreender que não há recta União Ibérica, mas correcta União Hispânica. Na União Hispânica cabem Lusitânia e Ibéria, enquanto na União Ibérica só cabem os povos iberos, ou da Ibéria. A tese iberista releva do projecto de sujeição da vertente atlântica à vertente mediterrânica e, por via dela, da sujeição dos povos da periferia ao centro impulsor do iberismo. A União Ibérica, tornada doce paliativo, é na ordem política o projecto anti-autonomista do Duque de Olivares: Braga dominada por Toledo.
¶ A Hispânia tem quatro vertentes: a vertente atlântico-cantábrica, especiosa, ainda que aparentada com a vertente pirenaica e com a vertente lusitana; a vertente mediterrânica (ibérica); a vertente pirenaica, com Aragão, e que por si mesmo é também específica; e a vertente lusitano-atlântica, em que amplamente se insere a galega ou galaica. É supérfluo considerar as vertentes pirenaica e cantábrica, porque a díade dualista se põe somente quanto às vertentes ibérica e lusitana. Os geógrafos que vieram de fora nunca se enganaram e, por isso, jamais confundiram Lusitânia e Ibéria. A Lusitânia é a vertente atlântica – “Lusitânia… que mare Atlanticum spectat” 7, enquanto a Ibéria é a região do Ebro, que o Mediterrâneo contempla. Em sentido figurado, diríamos que a Ibéria olha para Oriente, enquanto a Lusitânia olha para onde o mar começa e a terra se acaba, por repouso do Sol ocitânico. A diferença geográfica não inclui uma diferença cultural, (dos círculos culturais de Frobenius sabemos como em África e na Europa há culturas análogas, ainda que Frobenius haja sublinhado que importa não confundir analogia com homologia), mas deve suscitar a vocação para definir identidade geográfica, identidade étnica, e identidade existencial. Lusitânia e Ibéria são duas regiões distintas, tão significativas uma como a outra, mas nem a Ibéria é fusível para a Lusitânia, nem há Lusitânia fusionável com Ibéria. A pré-história dos povos peninsulares é diferente, mas torna-se sintomático o nível diferencial entre projecto ibérico e excurso lusitano, como se a Lusitânia e a Ibéria houvessem sido berços de duas diferentes raças humanas, como queria o enciclopedismo evolucionista 8. Na diversidade, as duas versões antigas projectaram-se sempre num dualismo geográfico e histórico, de modo que à díade nómica da Lusitânia / Ibéria correspondeu a díade, algumas vezes antinómica, de Portugal / Espanha. Oliveira Martins não teve pejo em considerar a adopção do erro, provindo de muito antes, mas aprofundado em Herculano, da confusão de Ibéria e Lusitânia, o que lhe valeu as acerbas críticas de Teófilo Braga, apoiado na geografia clássica, sobretudo na Púnica, de Sílio Itálico, que soube salientar a longa distinção entre Iberos e Celtas e, por concomitância, entre Iberos e Lusitanos, os que ocuparam uma região afastada e diferenciada, onde permaneceram e perduraram como Lusitanos. A Lusitânia é algo de comprimido a oeste, mas é também algo de não assimilado a leste 9.
¶ A Hispânia é um microcosmos, disse o geógrafo Méndez Silva, onde há de tudo e nada falta, o que já antes dele haviam visto os apologistas das esquadras mafamédicas. Microcosmos, cume da Europa, cabeça do boi, é envolvida na sua maior extensão pelo Rio Oceano, Atlântico identificado, apesar do jogo de estilo elaborado por Homero, ou pelos homeríadas, mas reino microcosmos divertido em dois olhares: o limite atlântico, span, sepharad, ao modo fenício e hebraico, que é a nossa finisterra, como que a sugerir que Hispânia é a Lusitânia com as terras do meio que olham para o mar do meio das terras, de onde se gera o dualismo atlântico-mediterrânico da Hispânia, mas onde por igual se gera o atlantismo da Lusitânia 10. As diversidades regionais podem não servir de base a divisões de território, nem são de molde a criar regionalismos vinculados a um exclusivismo étnico, mas, no caso Lusitânia/Ibéria, houve lugar a uma configuração excêntrica, centrífuga e oceânica, de tal modo que seria sensato postular que o nacionalismo das nações hispânicas, incluída a nação portuguesa, encontra raízes e águas acolhedoras nos regionalismos. A afirmação de Portugal é um acto de nacionalismo; mas a afirmação da Lusitânia prevalece no acto do regionalismo. A Lusitânia afirma-se pagus, terra nostra, perante a urbe mediterrânica. A extensa teoria literária e político-ideológica da antítese Castela/Portugal, mormente elaborada no ciclo de 1580/1700 não é um fenómeno de erupção palaciana; ela vem de longe, e os ideólogos palacianos limitaram-se a pôr em letra de ler, ou em papel de prelo, uma interpretação de mitos, de imagens avoengas.
¶ Lusitânia situa-se entre Ibéria e Oceano, ou, na configuração pré-romana, numa forma quadrangular que o domínio romano por considerações estratégicas encurtou, ao dividir a Hispânia em três províncias, a Lusitânia (diminuída da Galécia), a Tarraconense e a Bética. Das três províncias, a que corresponde ao vector do iberismo é a Tarraconense, porque Tarracona, pago ibérico, estende os elos até ao Atlântico, subjugando a Galiza e, o mais curioso a região dos Brácaros. A divisão provincial romana carece de toda a lógica étnico-cultural, mas abunda em intencionalidade dominativa. Tarracona é a Ibéria tal como os iberistas sonham: uma grande província absorvente das que lhe ficam, diminuídas, a seus pés, a Bética e a Lusitânia. A estratégia romana elaborava com base em interpretações comprometidas, pois, com efeito, Estrabão, que era mais submisso do que Mela, confundira Iberos e Lusitanos, ainda que afirmasse serem, os Lusitanos, os mais fortes dos Iberos 11. Estrabão tem interesse em identificar Iberos e Lusos para justificar a extensão da Ibéria tarraconense até à Lusitânia bracarense e lucense; Pompónio Mela sabe da forte identidade lusitana face à Ibéria, e convém-lhe sujeitar a fortaleza da finisterra à esperteza da mediterra. Ao não compreender o jogo de intenções, Herculano acabaria por cair na tese negativa da identidade nacional com base regional, por oposição a quem vira melhor do que ele, Bernardo de Brito e André de Resende — o que, aliás, vem já dito em Leite de Vasconcellos 12. A Lusitânia Romana é uma Lusitânia diminuída talhada a esquadro e régua, segundo o interesse dominacional do império, a Lusitânia natural é todo o oeste peninsular. Vai do Promontório Sacro, para além do Minho, até à vertente norte-atlântica, e do oeste atlântico até bem dentro: incluí, pelo menos, Mérida e grande parte da Estremadura, por isso chamada Extrema: a fronteira da Lusitânia com a Ibéria. A Lusitânia é o país dos quatro rios: Guadiana, Tejo, Douro e Minho; a Ibéria é a região de um só rio: o Ebro. O Ebro unifica, os quatro Lusitanos diversificam, de modo que é viável assinalar uma Lusitânia minhota (brácaro-lucense), uma Lusitânia duriense, uma Lusitânia tagana, e uma Lusitânia guadiânica.
¶ Ninguém sabe de onde vem o nome de Lusitânia. Há muitas hipóteses, todas por igual verosímeis, a mor parte delas mais provável do que demonstrável.
¶ A pesquisa da história das origens, fenómeno humanista, é coetânea do Renascimento. Enquanto o primeiro Renascimento indaga as matrizes clássicas, o Renascimento do século XVI tende a transferir do plano clássico para o plano antigo das autoctonias, pelo que o Ocidente assiste a uma espécie de movimento renascentista de fundo e propósito nacionalista, de algum modo oposto ao renascentismo de fundo macro-cultural europeu. Neste quadro quinhentista, “o maior e mais judicioso antiquário português do século XVI” 13 foi o humanista André de Resende, cujo gosto pela erudição clássica o orientou para a indagação dos valores da sua terra, como factores reais, a par dos clássicos grego e romano. O De Antiquitatibus Lusitaniae (1593) continua sendo o pórtico da história lusitana antiga, pórtico esse por onde discorreram os geógrafos e antropólogos do século XVII, desde Bernardo de Brito, (cuja parte primeira da Monarquia Lusitana alarga os conhecimentos de Resende, por recurso a Laimundo Ortega) a Faria e Sousa, a Rodrigo Méndez Silva, e a Gaspar Estaço (+ 1626), bem como a Teodósio de Bragança, que as crónicas registam como um dos mais curiosos autores do seu tempo, em matéria lusitana 14.
Bernardo de Brito.
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¶ O laboratório de pesquisa das formas lusitanas prosseguiu no século XVIII, com aproveitamento das colheitas prévias, nos exercícios da Academia Real de História Portuguesa 15, fundada em 1720, e a cuja actividade se deve não só a recuperação documental de que usufruímos, mas também a sequência historiográfica e metodológica no âmbito das ciências históricas, que viria a culminar em Alexandre Herculano, ele já um fruto da linha metodológica aberta por Manuel Caetano de Sousa. Equivalente crédito tem a haver a Academia Real das Ciências de Lisboa, cujos trabalhos relativos a esta problemática se acham nas importantes colecções de Memórias de Literatura Portuguesa e de História e Memórias da Academia das Ciências. O século XIX, com o desenvolvimento das ciências auxiliares, trouxe novos contributos à pesquisa da antiguidade lusitana, em todos os domínios, desde o mesológico ao antropológico, nesse capítulo merecendo realce as obras de João Bonança, Augusto Coelho e Oliveira Martins, entre outros, complementados, com alto espírito de síntese, por Leite de Vasconcellos. Na transposição do século XIX para o século XX, há a assinalar a actividade arqueológica de Carlos Ribeiro (+ 1882), bem como os trabalhos da Associação dos Arqueólogos Portugueses, fundada (1863) por Possidónio da Silva; da Sociedade de Geografia de Lisboa e, sobretudo, da Escola Antropológica Portuense, cujas raízes têm muito a ver com a obra desenvolvida por Martins Sarmento, obra essa que seria continuada pelo núcleo que à sua volta se criou em Guimarães, a Sociedade Martins Sarmento 16. Neste ciclo de estudos há efemérides: em 1880, o Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica (Lisboa); em 1888, a fundação da Sociedade Carlos Ribeiro, por Rocha Peixoto, Ricardo Severo, Adolfo Coelho e outros; em 1899, o aparecimento da revista Portugália; em 1911, a criação da cadeira de Antropologia na Faculdade de Ciências do Porto, em que pontificaram um António L. Ferreira Girão e um Câmara Sinval. Deste núcleo escolar nasceria a Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (1918), onde se distinguiram personalidades quais Aarão de Lacerda, Damião Peres, Teixeira Rêgo, Bento Carqueja, e onde outros continuam a distinguir-se em nossos dias. Análogo papel competiu à antropologia conimbricense, desde a fundação (1885) da cadeira de antropologia na Universidade, que teve desenvolvimento com o magistério positivista de H. Teixeira Bastos 17.
¶ As ciências da antiguidade lusitana progrediram em monografias desde o século XVI até à síntese elaborada no primeiro quartel do nosso século por Leite de Vasconcellos mas, depois deste, vive-se uma nova fase monográfica, analítica e pormenorística, já a carecer de síntese ampliada.
¶ A tese mais aceite é a de que os Lusitanos eram um povo pré-celta, ocupante, nativo ou imigrado, da região da Lusitânia. Os antropólogos identificam outros povos, a que os antigos chamam raças, v. g., cúnios, taganos, transcudanos, etc., mas as designações não correspondem a etnias rácicas, identificam apenas etnias regionais. Transcudanos eram, por exemplo, somente os lusitanos de Ribacoa; e o mesmo dos taganos — os lusitanos do Tejo. Estas designações serviam para identificar núcleos populacionais habitando uma determinada região. Não designam nem nominam povos muito diferentes, apesar das eventuais variantes heteroétnicas, tal como sucede em nossos dias entre beirões, minhotos, saloios, alentejanos e algarvios. O toponímico sobrepõe-se ao antroponímico, mas não o subverte, nem cria diferenças desidentificativas.
http://www.guimaraes-ed.pt/cgi-bin/ge.cgi?c=geleitura&t=geleitura&UID=665441
Não sei se concordo com tudo, mas tem informação bastante interessante este post. | |
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