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Assunto: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Seg Nov 08, 2010 3:11 am
Multiculturalismo - Sociedade composta por uma massa bastante heterogénea de culturas, com diferentes costumes, tradições, particularidades regionais acentuadas, diferentes etnias, diferentes religiões, diferentes línguas oficiais, onde cada cultura chega mesmo a subdividir-se, por vezes, em diversas subculturas, desenvolve um conjunto de liberdades individuais que possibilita essa variedade cultural, etc.
Monoculturalismo - O contrário da sociedade multicultural. É uma sociedade bastante homogénea, composta por uma só cultura - ou por uma cultura muito dominante - onde as tradições, identidade cultural e língua oficial são partilhadas pela esmagadora maioria dos cidadãos, existe menor diferenciação regional, as etnias constituintes têm tendência para uma menor variedade, existe também a tendência para a adopção de uma religião dominante e as liberdades individuais são delineadas de acordo com a promoção da monoculturização, entre outras coisas.
Gostava de saber a vossa opinião acerca destas duas filosofias sociais: Qual a que consideram mais virtuosa ou adequada para o tipo de sociedade que desejam? E porquê? Quais os pontos positivos e negativos que encontram nestas duas aproximações?
RosaeCrucis Discípulo/Discípula
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Seg Nov 08, 2010 2:58 pm
A meu ver o mais adequado seria o multi-culturalismo. Mas penso que ambos, o multi-culturalismo e o Mono-culturalismo são deficientes. A meu ver a solução está no inter-culturalismo, que consiste em estabelecer-se uma plataforma de coexistência comum, com a contribuição de todos, mantendo cada um a sua liberdade religiosa e cultural, com excepção das práticas que ofendam essa plataforma de coexistência plasmada nas leis.
É a tradição deste povo de Portugal, descendente das mais variadas culturas e que contribuiu em muito para o enriquecimento de muitas outras. Disso podemos e devemos orgulhar-nos!
RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Seg Nov 08, 2010 5:23 pm
Correndo o risco de parecer racista ou Nacionalista extremista, ou a minha interpretação das duas definições está errada, ou então, para mim, o Monoculturalismo é o que faz mais sentido num país/região.
Pelo que entendi, no Monoculturalismo uma sociedade não tem de ser composta exclusivamente por uma cultura, tem é de existir uma que seja dominante, certo? Para mim faz sentido que, num país ou região, a cultura dominante seja a sua cultura de origem - o que não invalida a co-existência de minorias culturais em perfeita harmonia. Aliás, a existência dessas minorias e de pessoas diferentes é bastante salutar para qualquer povo, pois abre mentalidades e horizontes.
Creio que o ideal será um equilíbrio entre o Monoculturalismo e o Multiculturalismo, sendo que para mim esse equilíbrio não se define por uma contribuição em partes iguais, mas sim por uma percentagem maior de Monoculturalismo. E é fácil explicar porquê: se todos os países/regiões abarcassem uma sociedade altamente multiculturalizada, então deixaríamos de ter culturas individualizadas. Como distinguirias um país/região do outro, se em ambos a única coisa que existe é um melting pot gigante, onde não se distingue maioria nenhuma, e todas as culturas vivem em percentagens iguais? É claro que esta situação que estou a utilizar para exemplo é um pouco extrema, mas creio que ilustra bem a ideia que quero transmitir.
Para concluir, a existência de diversas culturas num mesmo espaço é salutar, sim, mas sem que isso leve à perda de identidade de um povo. Por mais variedade de culturas que co-existam num espaço, as raízes devem prevalecer, pelo bem da variedade cultural a nível global.
Edit: Fazendo uma analogia com smarties , suponhamos que eu tenho um mapa onde coloquei sobre cada país smarties de uma cor (ex: Brasil - smarties verdes, Noruega - smarties azuis); depois resolvo misturar tudo, de modo a que nenhum país tenha mais smarties de uma cor do que de outra. Como é que eu vou distinguir o Brasil da Noruega assim?
(Ok, ok, foi um exemplo um bocado extremo... Escolhi logo dois que nunca poderiam ser iguais por causa das temperaturas, mas vocês perceberam. )
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Seg Nov 08, 2010 5:46 pm
RosaeCrucis escreveu:
A meu ver o mais adequado seria o multi-culturalismo. Mas penso que ambos, o multi-culturalismo e o Mono-culturalismo são deficientes. A meu ver a solução está no inter-culturalismo, que consiste em estabelecer-se uma plataforma de coexistência comum, com a contribuição de todos, mantendo cada um a sua liberdade religiosa e cultural, com excepção das práticas que ofendam essa plataforma de coexistência plasmada nas leis.
É a tradição deste povo de Portugal, descendente das mais variadas culturas e que contribuiu em muito para o enriquecimento de muitas outras. Disso podemos e devemos orgulhar-nos!
Estou perfeitamente de acordo.
RedHead escreveu:
Correndo o risco de parecer racista ou Nacionalista extremista, ou a minha interpretação das duas definições está errada, ou então, para mim, o Monoculturalismo é o que faz mais sentido num país/região.
Pelo que entendi, no Monoculturalismo uma sociedade não tem de ser composta exclusivamente por uma cultura, tem é de existir uma que seja dominante, certo? Para mim faz sentido que, num país ou região, a cultura dominante seja a sua cultura de origem - o que não invalida a co-existência de minorias culturais em perfeita harmonia. Aliás, a existência dessas minorias e de pessoas diferentes é bastante salutar para qualquer povo, pois abre mentalidades e horizontes.
Creio que o ideal será um equilíbrio entre o Monoculturalismo e o Multiculturalismo, sendo que para mim esse equilíbrio não se define por uma contribuição em partes iguais, mas sim por uma percentagem maior de Monoculturalismo. E é fácil explicar porquê: se todos os países/regiões abarcassem uma sociedade altamente multiculturalizada, então deixaríamos de ter culturas individualizadas. Como distinguirias um país/região do outro, se em ambos a única coisa que existe é um melting pot gigante, onde não se distingue maioria nenhuma, e todas as culturas vivem em percentagens iguais? É claro que esta situação que estou a utilizar para exemplo é um pouco extrema, mas creio que ilustra bem a ideia que quero transmitir.
Para concluir, a existência de diversas culturas num mesmo espaço é salutar, sim, mas sem que isso leve à perda de identidade de um povo. Por mais variedade de culturas que co-existam num espaço, as raízes devem prevalecer, pelo bem da variedade cultural a nível global.
Embora compreenda algumas das tuas preocupações e por eu próprio ser a favor da subsistência de identidades culturais, pessoalmente considero que o monoculturalismo, pela forma como tem sido instituído nas suas origens, tem destruído parte da essência da diversidade da Humanidade no mesmo espaço, no sentido em que formata as pessoas de forma tendenciosa para partilharem as mesmas aspirações, as mesmas tradições e, quem sabe, as mesmas ideias. E que no fundo, em vez de promover as identidades culturais das pessoas, se calhar até as destrói, para formar massas com menor diversidade. Tem-se esmagado a variedade em troca da uniformidade. Senão vejamos: Entendo que anteriormente à invasão dos romanos a Península Ibérica era composta por diferentes povos celtibéricos, com diferentes tradições, diferentes credos, diferentes línguas, diferentes filosofias de vida, e etc. De seguida a chegada dos romanos trouxe a estandardização cultural, a monocultura passou a ser imposta. Todos os povos anteriores aos romanos viram as suas culturas totalmente aniquiladas, perdemos muita da riqueza cultural que existia na Península Ibérica devido a essa imposição e essa tentativa orquestrada de homogeneizar a sociedade de acordo com uma só cultura, ao longo de uma vasta região outrora variada.
Acho que a Humanidade, de cada vez que tenta lutar contra a diversidade, acaba por quebrar a noção de interdependência e de heterogeneidade que são essenciais à própria evolução do ser humano. Desconstrói a liberdade de culto, de ideias, de proveniências, de vivências, etc.
Edit:
RedHead escreveu:
Edit: Fazendo uma analogia com smarties , suponhamos que eu tenho um mapa onde coloquei sobre cada país smarties de uma cor (ex: Brasil - smarties verdes, Noruega - smarties azuis); depois resolvo misturar tudo, de modo a que nenhum país tenha mais smarties de uma cor do que de outra. Como é que eu vou distinguir o Brasil da Noruega assim?
(Ok, ok, foi um exemplo um bocado extremo... Escolhi logo dois que nunca poderiam ser iguais por causa das temperaturas, mas vocês perceberam. )
Eu diria que ainda mais me ajudas. O Brasil é precisamente uma das maiores nações multiculturais que existem, idem para a Austrália. No entanto não foi por causa disso que estes países perderam as suas essências culturais. Toda a gente reconhece o bossa nova ou o seu Carnaval e o samba, entre outras coisas. A multiculturalidade não necessita necessariamente de sacrificar a identidade e características culturais de uma região... Pelo contrário, até pode diversíficá-las.
E já agora... Melting pot é precisamente um fenómeno da homogeneização de uma sociedade, destruindo e dissolvendo a diversidade. O fenómeno do melting pot é contrário à noção de uma sociedade multicultural com diversos núcleos que se auto-sustentam, em simbiose uns com os outros. O multiculturalismo que considero ideal não é baseado em melting pots, mas sim na preservação natural da heterogeneidade.
RedHead Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 2916 Idade : 35 Local : Olissipo/Liberalitas Julia Raça : Elfo Elemento : Terra/Rocha Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Preto
Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Seg Nov 08, 2010 11:23 pm
Não tinha visto as coisas desse prisma, mas concordo com o que disseste acerca do império romano. Esse é um exemplo de monoculturalismo que foi instalado à força, e isso nunca pode ser positivo. Não era a esse tipo de coisa que me referia - até porque é algo que não me tinha ocorrido.
Parece-me meio impossível acontecer algo semelhante hoje em dia, e acho que se verifica mais o contrário - a tendência de as culturas se misturarem cada vez mais, por haver cada vez mais mobilidade. Bem, eu não sou a favor de sociedades estáticas e fechadas, mas mantenho o que disse no post anterior. Mas também é verdade que o exemplo que eu dei foi numa situação levada ao extremo, e nem um extremo nem o outro são saudáveis. Portanto, desde que as coisas sejam equilibradas e a identidade do povo nativo se mantenha; desde que eu possa continuar a distinguir o Brasil da Noruega, então tudo bem, que se instale a diversidade e que seja bem vinda.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Seg Nov 08, 2010 11:51 pm
RedHead escreveu:
Não tinha visto as coisas desse prisma, mas concordo com o que disseste acerca do império romano. Esse é um exemplo de monoculturalismo que foi instalado à força, e isso nunca pode ser positivo. Não era a esse tipo de coisa que me referia - até porque é algo que não me tinha ocorrido.
Para além da Península Ibérica temos os exemplos da Escandinávia, que também foi desolada pela monoculturalização imposta, que destruiu de forma semelhante as suas culturas autóctones. E pelo mundo fora existem 1001 exemplos disso. Por exemplo em Taiwan, como coloquei no seguinte tópico: Folk Lusitânia :: Parte Norte :: Templo do Conhecimento -Taiwan seeks to save indigenous languages
RedHead escreveu:
Parece-me meio impossível acontecer algo semelhante hoje em dia, e acho que se verifica mais o contrário - a tendência de as culturas se misturarem cada vez mais, por haver cada vez mais mobilidade. Bem, eu não sou a favor de sociedades estáticas e fechadas, mas mantenho o que disse no post anterior. Mas também é verdade que o exemplo que eu dei foi numa situação levada ao extremo, e nem um extremo nem o outro são saudáveis. Portanto, desde que as coisas sejam equilibradas e a identidade do povo nativo se mantenha; desde que eu possa continuar a distinguir o Brasil da Noruega, então tudo bem, que se instale a diversidade e que seja bem vinda.
E que dizes em relação à globalização? A Globalização é um processo que vai monoculturalizando o planeta a uma escala sem precedentes, bem maior do que o que anteriormente era possível com a noção de impérios. Eu diria que isso torna-se cada vez mais perigoso. Isso e o desrespeito para com as particularidades, a perda de noção da outridade, que acaba por nos fazer perder a consideração pelos outros e pelo facto de sermos apenas mais uma cultura, mais um povo, não mais importante que os restantes. Vejo constantemente matutada a ideia de que uma cultura precisa de se despir das suas características milenares e prostrar-se perante os padrões da globalização, em troca do acesso à competitividade. O jogo de superioridades culturais, imposições e tudo mais continua. Porque é que achas que o Esperanto não vigorou enquanto língua franca internacional? Porque achas que foi o inglês que se sobrepôs? Porque continuam a existir alguns poderosos que se acham acima dos restantes. Sendo que obrigam os restantes a ceder às suas exigências e caprichos. É uma questão de objectivos hegemónicos que já é bastante antiga.
Em relação à distinção que queres entre Brasil e Noruega... Eu diria que essa distinção que existe actualmente é acima de tudo artificial. Ambas as culturas dos dois países foram radicalmente alteradas pelos diversos povos que se apoderaram delas, aniquilando os traços milenares que tinham até então, que vinham sendo preservados por tribos bastante diferentes umas das outras, nas diversas províncias de ambos os países. No caso do Brasil foram os portugueses com personagens como Pedro Álvares Cabral, no caso da Noruega foi também a ira evangelizadora de cristãos liderados por nomes como Ansgar, depois de rebentarem também com as culturas da Austrásia por Carlos Magno, catapultando o Sacro Império Romano-Germânico.
Eu diria que a noção de países só é valida no contexto político e económico. Em tudo o resto uma nação não passa de uma forma pouco saudável de castrar e dividir a Humanidade e o planeta em fatias delineadas por linhas imaginárias. O que é mais importante é a riqueza Humana e natural que existe por lá e que merece ser preservada e não destruída em nome da noção de pertença a uma nação que lhes exige homogeneidade. É esta a minha opinião.
PS: Se reparares, a própria noção de nação monocultural, que deixa de o ser apenas por questões políticas/administrativas/económicas, começa a implicar, a interferir com uma homogeneidade fabricada do que antes eram regiões diferentes, com climas diferentes, tribos autóctones diferentes, diferentes províncias... A criação de uma nação castra muitas dessas características originais das diferentes províncias que foram sendo conquistadas/colonizadas, obrigadas a integrar uma cultura dominante. Alem disso ainda criam fricções de fronteiras ridículas com as outras nações, entre outros malefícios... São artificiais em todo o sentido da palavra e acabaram com a naturalidade, a espontaneidade e a essência das pessoas que nelas habitavam. Actualmente a nação em muitos casos não passa de um eufemismo do que antigamente se considerava um império.
RosaeCrucis Discípulo/Discípula
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Ter Nov 09, 2010 9:06 am
"O Portugal feito Universo, Que reúne, sob amplos céus, O corpo anónimo e disperso De Osíris, Deus.
O Portugal que se levanta Do fundo surdo do Destino, E, como a Grécia, obscuro canta Baco divino.
Aquele inteiro Portugal, Que, universal perante a Cruz, Reza, ante a Cruz universal, Do Deus Jesus."
Fernando pessoa
RosaeCrucis Discípulo/Discípula
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Ter Nov 09, 2010 9:16 am
Pessoalmente não sinto que a minha essência seja colocada em causa porque a diferença diante de mim se apresenta, de outro modo como poderia experimentar, evoluir e aprender? Não possuímos nós a peneira daquilo que queremos reter ou excluir? Portugal nasceu, desenvolveu-se, expandiu-se e declinou sob o signo da violência contra o outro: leonês, castelhano, árabe, indígenas colonizados. Esse ciclo terminou em 25 de Abril de 1974 e nele um Portugal morreu. Desde então até agora estamos num Limbo, sem poder ser aquilo que estávamos habituados a ser e sem vislumbrar outra alternativa senão a ausência de alternativas do produtivismo-consumismo europeu-ocidental.
Este Limbo é a possível sementeira de um Outro Portugal. Um Portugal à muito profetizado, solidário com tudo e todos, um Portugal-solidariedade, um Portugal armilar, um Portugal-Universo. O que jamais será o Portugal do Estado ou da sociedade portugueses, mas sim o Portugal alternativo gerado pela comunidade dos portugueses despertos. É a Hora de renascer e começar dar à luz esse Portugal!
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sex Jan 14, 2011 6:17 pm
Este é um dos tópicos em que estou farto de dizer a mim mesmo que "um dia destes venho cá deixar a minha opinião. Mas esse dia não vai ser hoje".
Para já deixo aqui esta notícia. Para provocação/reflexão:
"Mohammed is now the most popular name for baby boys [in Britain] ahead of Jack and Harry" http://www.dailymail.co.uk/news/article-1324194/Mohammed-popular-baby-boys-ahead-Jack-Harry.html
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sex Jan 14, 2011 7:25 pm
Kraft durch Freude escreveu:
Este é um dos tópicos em que estou farto de dizer a mim mesmo que "um dia destes venho cá deixar a minha opinião. Mas esse dia não vai ser hoje".
Para já deixo aqui esta notícia. Para provocação/reflexão:
"Mohammed is now the most popular name for baby boys [in Britain] ahead of Jack and Harry" http://www.dailymail.co.uk/news/article-1324194/Mohammed-popular-baby-boys-ahead-Jack-Harry.html
Já agora aqui fica outra:
'Mohammed' is the top boys' name because Muslims are becoming more religious, not because there are more Muslims http://blogs.telegraph.co.uk/news/damianthompson/100061260/mohammed-is-the-top-boys-name-because-muslims-are-becoming-more-religious-not-because-there-are-more-muslims/
Mais: O problema com o termo "Mohammed" (e derivações) é que é muitas vezes adicionado ao nome da pessoa como um titulo honorífico no seio islâmico, mais do que como um verdadeiro nome, é um título que significa "aquele que tem o dom da palavra" ou "aquele que merece as nossas orações". Por causa disso, Mohammed é também o nome mais comum no mundo. Contudo nos países islâmicos as pessoas não se tratam todas por Mohammed, mas sim pelo nome do meio.
Existe um fenómeno semelhante no seio da América Latina, onde muitas pessoas incluem "Jesus" no seu nome, também por honra à figura religiosa que mais admiram.
E porque não:
Spoiler:
Immortal Technique refere esta questão aos 4:00 minutos deste vídeo:
E conforme prometeu refere a questão na palestra que deu a seguir. Aos 5:05 deste:
Edit: Btw, o que aconteceu para as Chloe subirem tanto também, no caso das meninas? E os nomes "Thomas" e "Grace" desceram ambos da 4ª posição em 2008 para 7ª.
Mas, se lermos o artigo, reparamos também que curiosamente nomes bem conhecidos da Bíblia também estão a subir. De facto são dos que mais posições subiram de toda a lista:
Citação :
Big risers were Lucas, up 19 places since 2008 to 17th in the boys list. Archie climbed 11 places to 20 while Noah jumped 13 places to 32.
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 1:18 pm
Concordo com o que a Redhead disse.
E acho que deve haver alguma cultura dominante porque, caso contrário, poderia vir a acontecer o mesmo que se anda a passar na Holanda por causa da grande influência que as comunidades islâmicas têm lá.
Estamos a falar de um dos países socialmente mais desenvolvidos (e aqui acredito que pode haver alguma discussão sobre o que é um país socialmente desenvolvido, mas para mim, por diversos motivos, a Holanda é um desses países) que anda a perder alguma da liberdade que tinha porque se anda a vergar às vontades dessas comunidades.
Imaginemos, por exemplo, que uma comunidade islâmica mais conservadora e fundamentalista, que acredita na inferioridade da mulher, no carácter demoníaco da homossexualidade, na pena de morte, vai para um país com uma cultura tipicamente ocidental. Será que esse país deve aceitar que dentro dessa comunidade sejam praticadas atrocidades como a mutilação genital feminina, tudo em nome do multiculturalismo?
Esta questão perturba-me, e leva-me a pensar que o respeito pelas diferentes culturas não implica necessariamente respeito e tolerância pelas tradições que elas têm.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 2:50 pm
Nuno escreveu:
Concordo com o que a Redhead disse.
E acho que deve haver alguma cultura dominante porque, caso contrário, poderia vir a acontecer o mesmo que se anda a passar na Holanda por causa da grande influência que as comunidades islâmicas têm lá.
Estamos a falar de um dos países socialmente mais desenvolvidos (e aqui acredito que pode haver alguma discussão sobre o que é um país socialmente desenvolvido, mas para mim, por diversos motivos, a Holanda é um desses países) que anda a perder alguma da liberdade que tinha porque se anda a vergar às vontades dessas comunidades.
Imaginemos, por exemplo, que uma comunidade islâmica mais conservadora e fundamentalista, que acredita na inferioridade da mulher, no carácter demoníaco da homossexualidade, na pena de morte, vai para um país com uma cultura tipicamente ocidental. Será que esse país deve aceitar que dentro dessa comunidade sejam praticadas atrocidades como a mutilação genital feminina, tudo em nome do multiculturalismo?
Esta questão perturba-me, e leva-me a pensar que o respeito pelas diferentes culturas não implica necessariamente respeito e tolerância pelas tradições que elas têm.
Estão aí algumas confusões que não têm de estar necessariamente associadas a este assunto. O multiculturalismo é uma coisa, o conjunto das questões legais e de direitos humanos é outra completamente diferente. Como deves saber são áreas da sociedade distintas. Além disso vais buscar exemplos extremistas/fundamentalistas que são nichos... São igualmente nocivos como qualquer outro nicho religioso (ou político) fundamentalista que chegue a esse ponto. Repara que esse assunto que referiste é de certa forma irrelevante pois tradições e costumes desumanos podem existir na mesma com o monoculturalismo e a uma escala generalizada. Nem precisas de ir muito longe. Se fosses de Lisboa, Barrancos (etc..) bastaria uma tourada para presenciares isso mesmo.
Há que saber identificar a diferença entre cultura, religião e política/governo (leis e princípios).
Portanto para te responder à pergunta: Não, não teria de aceitar atrocidades como a mutilação genital feminina pois existe uma Declaração Universal dos Direitos Humanos e praticamente todas as constituições de países desenvolvidos são feitas com um certo grau de respeito em relação a esse conjunto de princípios (que, btw, são aceites por este mundo fora com um confortável grau de concordância, embora existam desrespeitos).
Além disso o objectivo de uma sociedade multicultural é exactamente prevenir a mentalidade do isolacionismo cultural, não é ceder espaço para que outra cultura se torne dominante, isso seria contraditório e tornaria a estabelecer um monoculturalismo.
Mais: As sociedades islâmicas extremistas/fundamentalistas de que falas são precisamente bons exemplos de países onde se verifica um monoculturalismo - são totalmente fechados em si mesmos.
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 3:07 pm
Mas aquilo que eu quero dizer é que, parte-se do princípio, para se aceitar uma cultura dentro de um determinado país, é necessário aceitar as suas tradições.
Por isso se faz parte de uma cultura a mutilação genital feminina, seria suposto que uma sociedade multicultural aceitasse e tolerasse que tal fosse praticado dentro das pessoas que pertencem a essas culturas.
Para não se aceitar essas atrocidades, é necessário que haja uma cultura mais favorável aos direitos humanos (que me parece que seja a cultura ocidental) que impeça esse tipo de crimes.
Como tal, não me incomoda viver numa sociedade onde convivam várias culturas (muito pelo contrário, prefiro que haja essa diversidade), mas será sempre necessário que haja um tipo de cultura único e maioritario associado a um país, a partir do qual sejam criadas as leis. Eu não acharia correcto que Portugal permitisse que as comunidades islâmicas que cá vivem aplicassem a Sharia aos seus - e isto sim, a meu ver, seria o multiculturalismo: um mesmo país, várias culturas, cada qual regida pelas suas próprias tradições.
Mas sim, é possível que eu esteja a criar a minha própria definição de multiculturalismo.
Última edição por Nuno em Sáb Mar 19, 2011 3:48 pm, editado 1 vez(es)
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 3:32 pm
Nuno escreveu:
Mas aquilo que eu quero dizer é que, parte-se do princípio, para se aceitar uma cultura dentro de um determinado país, é necessário aceitar as suas tradições.
Aceitar as suas tradições desde que estas estejam em conformidade com as normas sociais vitais - normalmente seculares, o mais desprovidas possível de promiscuidade religiosa ou cultural - que não é o caso da mutilação genital feminina, que é sem dúvida alguma uma violação dessas normas aceites na esmagadora maioria dos países. Portanto algumas tradições não podem ser aceites: as que chocam com as premissas mais básicas da sociedade humana do século XXI, ao abrigo da DUDH (entre outras).
Nuno escreveu:
Por isso se faz parte de uma cultura a mutilação genital feminina, seria suposto que uma sociedade multicultural aceita-se e tolerasse que tal fosse praticado dentro das pessoas que pertencem a essas culturas.
Errado. São práticas contraproducentes para a ordem social que as sociedades desenvolvidas e ditas "civilizadas" almejam alcançar. Portanto estão fora dos limites do aceitável em termos culturais. Da mesma forma que constitucionalmente nos consideramos um país onde existe liberdade de opinião, mas no entanto a nossa constituição faz uma ressalva a proibir as organizações/associações que perfilhem a ideologia fascista (artigo 46º, ponto 4º). Porquê? Porque são fundamentalmente contraproducentes. Em matéria de lei as proibições normalmente prevalecem sobre as permissões, como deves saber. Portanto da mesma forma que liberdade de expressão ou de estilos de vida não te dá automaticamente o direito de fazeres e dizer o que bem desejares, a liberdade de desenvolveres a tua cultura também não te dá o direito de transgredires certas normas sociais. Percebes a ideia?
Nuno escreveu:
Para não se aceitar essas atrocidades, é necessário que haja uma cultura mais favorável aos direitos humanos (que me parece que seja a cultura ocidental) que impeça esse tipo de crimes.
Cultura e religião são uma coisa. Já o conjunto das políticas de governo e normas básicas sociais são outra completamente diferente. Não mistures as coisas, pois não é assim que se processa numa sociedade secular. Tolerância de culturas e credos não pressupõe uma tolerância para com atrocidades.
Olha que não te fies muito nessa visão ocidentalista, pois nós temos muitas hipocrisias nas nossas sociedades. A tourada é uma delas, como já referi. Além disso, se fores consultar a história, consegues encontrar registos de respeito pelos princípios mais básicos dos direitos humanos (e até dos animais) cerca de 230 anos antes de Cristo, na Índia do Imperador Asoka. Em comparação, só mais recentemente é que as sociedades ocidentais abraçaram esses princípios.
Nuno escreveu:
Como tal, não me incomoda viver numa sociedade onde convivam várias culturas (muito pelo contrário, prefiro que haja essa diversidade), mas será sempre necessário que haja um tipo de cultura único e maioritario associado a um país, a partir do qual sejam criadas as leis. Eu não acharia correcto que Portugal permitisse que as comunidades islâmicas que cá vivem aplicassem a Sharia aos seus - e isto sim, a meu ver, seria o multiculturalismo: um mesmo país, várias culturas, cada qual regida pelas suas próprias tradições.
Mas sim, é possível que eu esteja a criar a minha própria definição de multiculturalismo.
As leis não precisam da existência de uma cultura maioritária ou única. Podem ser perfeitamente votadas pela sociedade heterogénea, onde se vai achar o consenso, se for o caso de uma democracia directa, ou estipuladas por políticos representantes eleitos, no caso de uma democracia representativa.
Obviamente que cada cultura tem os seus ritos e tradições, que variam. E elas devem ser valorizadas, reconhecidas e respeitadas. O que isso não pode permitir é que todos os ritos e tradições que constituam atrocidades (regendo-nos pela DUDH) sejam socialmente aceites. Uma coisa não implica a outra. Regras sociais e governo é uma estrutura que deve ser o mais independente possível das crenças, religiões, culturas e tudo mais. É acima de tudo mediadora do organismo social, é para isso que ela serve...
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 3:56 pm
Não nos estamos a entender.
Eu acho que o secularismo e o respeito pelos Direitos Humanos fazem parte da cultura ocidental (e eu estou a referir-me à cultura ocidental actual, é indiferente se no passado havia culturas mais avançadas nesta matéria), assim como o fazem algumas tradições, tais como o Natal. Estas tradições derivam da religião maioritária da cultura, mas ainda assim a cultura é mais do que a sua religião, é também o conjunto de pontos de vista maioritários sobre diversos assuntos.
Assim, e voltando a pegar no caso dos islâmicos, penso que a cultura deles engloba não só as suas tradições, mas também as suas políticas e leis que, neste caso, são intrínsecas à sua religião.
Uma vez que é a cultura ocidental que actualmente favorece os direitos humanos (vamos esquecer algumas excepções para facilitar ), no caso de um grupo de islâmicos que vivesse num país ocidental, eles teriam que se reger por essa cultura ocidental, na medida em que não iam poder expressar completamente a sua própria cultura, porque não iam poder fazer mutilação genital feminina, casamentos polígamos, apedrejamentos nem serem julgados pelas suas próprias leis.
E só uma coisa: as touradas não violam os direitos humanos. Sou totalmente contra as touradas, mas as touradas violam os direitos dos animais, que são uma coisa um tanto ou quanto estranha... porque para serem direitos é preciso que aqueles a quem estes se referem os aceitem, coisa que, por razões óbvias, nunca irá acontecer. Ainda assim, sou também a favor dos direitos dos animais. Mas este parágrafo foi só um aparte.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 4:41 pm
Nuno escreveu:
Não nos estamos a entender.
Eu acho que o secularismo e o respeito pelos Direitos Humanos fazem parte da cultura ocidental (e eu estou a referir-me à cultura ocidental actual, é indiferente se no passado havia culturas mais avançadas nesta matéria), assim como o fazem algumas tradições, tais como o Natal. Estas tradições derivam da religião maioritária da cultura, mas ainda assim a cultura é mais do que a sua religião, é também o conjunto de pontos de vista maioritários sobre diversos assuntos.
Assim, e voltando a pegar no caso dos islâmicos, penso que a cultura deles engloba não só as suas tradições, mas também as suas políticas e leis que, neste caso, são intrínsecas à sua religião.
Ninguém afirmou que a cultura se resumia a religião.
Mas o islamismo tem diversas escolas e vertentes, tal como o cristianismo. E dentro de cada uma delas existem diferentes abordagens e perspectivas. Não se deve generalizar nesse aspecto. Era o mesmo que dizer que os cristãos resumem-se aos católicos e às suas posições, o que obviamente não é verdade, por muito que constituam um grande número. No islamismo tens por exemplo aqueles que respeitam profundamente o Ahl al-Kitāb e tens aqueles que estão a cagar-se para isso e querem erradicar tudo o que é crença diferente, os radicais. Portanto não é assim tão linear. Por efeito, a cultura e mesmo a crença que encontras em Marrocos ou Turquia é totalmente diferente daquela que encontras no Afeganistão, para te dar um pequeno exemplo.
Num contexto social moderno, é possível haver simbiose entre sociedades seculares e costumes/culturas islâmicas, como acontece por exemplo na Turquia. Basta trabalhar no sentido de compreender quais as normas que estão em sintonia e quais aquelas que estão em contradição. No caso de haver uma norma em contradição, deve prevalecer uma norma universal ou votada pela sociedade heterogénea multicultural. Mesmo dentro de Portugal existem diferenças culturais que variam conforme a região. É normal que nem toda a gente tenha a mesma posição perante determinado estilo de vida. Só não temos diferenças ainda mais profundas porque a sociedade portuguesa foi forçosamente homogeneizada com o tempo, apagando as diferenças mais radicais ainda que existiam anteriormente, derivadas dos diversos povos. De facto pouco sabemos para além do básico em relação àquilo que eram os celtiberos, os romanos fizeram um bom trabalho de etnocídio aos povos ibéricos e agora temos de recorrer muitas vezes a meras especulações.
Nuno escreveu:
Uma vez que é a cultura ocidental que actualmente favorece os direitos humanos (vamos esquecer algumas excepções para facilitar ), no caso de um grupo de islâmicos que vivesse num país ocidental, eles teriam que se reger por essa cultura ocidental, na medida em que não iam poder expressar completamente a sua própria cultura, porque não iam poder fazer mutilação genital feminina, casamentos polígamos, apedrejamentos nem serem julgados pelas suas próprias leis.
Lol, whoa! É um bocado exagerada essa tua visão, não? Eu tenho amigos muçulmanos e eles não praticam mutilação genital feminina, nem casamentos polígamos nem apedrejamentos. Nem querem praticar tal coisa. De facto a excisão feminina nem é uma prática islâmica, facto tal que não é praticada nos países árabes, mesmo alguns dos mais fundamentalistas. É algo que se verifica mais na África Subsariana, alguns deles com influência islâmica dominante na sua sociedade, sim, mas não é do islamismo que se desenvolveu essa prática. E essas coisas só acontecem e são advogadas em países fundamentalistas e com uma sociedade tomada de assalto por uma mentalidade retrógrada. Em sociedades multiculturais dificilmente poderiam ser aceites, pois se reparares, sem o fundamentalismo, sem isolacionismo de mentalidades, quando há moderação, todas essa práticas caem por terra. Esses aspectos que referiste não são propriamente indispensáveis na cultura islâmica, pelo contrário.
Nuno escreveu:
E só uma coisa: as touradas não violam os direitos humanos. Sou totalmente contra as touradas, mas as touradas violam os direitos dos animais, que são uma coisa um tanto ou quanto estranha... porque para serem direitos é preciso que aqueles a quem estes se referem os aceitem, coisa que, por razões óbvias, nunca irá acontecer. Ainda assim, sou também a favor dos direitos dos animais. Mas este parágrafo foi só um aparte.
As touradas violam os direitos dos animais. Mas violam também os direitos humanos no sentido em que devemos cultivar a ética na sociedade: temos o direito a ser educados numa sociedade onde existem os princípios éticos mais saudáveis possíveis. As touradas violam essa ética que deveríamos estar a permear na sociedade, ajuda a dessensibilizar algumas pessoas em relação ao recurso do sofrimento e tortura de uma outra forma de vida. Mais: Respeitar os animais e aquilo que nos rodeia é um excelente exercício que em ultima instância poderá ajudar-nos a respeitar mais o próximo, pois se esquecermos o antropocentrismo cego e a sobranceria a verdade é que nós somos formas de vida tão legítimas e essenciais à vida como qualquer animal. (poderia ainda argumentar que nós até somos das formas de vida mais contraproducentes para a natureza, mas pronto, nem vou puxar esse assunto).
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 4:47 pm
Eu usei o Islamismo apenas como exemplo e, dentro do islamismo, essas "versões" mais fundamentalistas. Eu sei que os islâmicos não se resumem a fanáticos que querem rebentar com prédios; aliás, em Portugal não me parece que alguma vez tenha havido qualquer tipo de problema com a comunidade islâmica.
Só usei esse exemplo para dizer que acho preferível que haja sempre uma cultura - a original ou, melhor dizendo, a prevalecente - dentro de cada país.
Se cada cultura se expressasse completamente em cada país, o país que as albergasse teria que ser forçosamente fragmentado.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 4:56 pm
Nuno escreveu:
Eu usei o Islamismo apenas como exemplo e, dentro do islamismo, essas "versões" mais fundamentalistas. Eu sei que os islâmicos não se resumem a fanáticos que querem rebentar com prédios; aliás, em Portugal não me parece que alguma vez tenha havido qualquer tipo de problema com a comunidade islâmica.
Só usei esse exemplo para dizer que acho preferível que haja sempre uma cultura - a original ou, melhor dizendo, a prevalecente - dentro de cada país.
Se cada cultura se expressasse completamente em cada país, o país que as albergasse teria que ser forçosamente fragmentado.
Então, basicamente, para tentares fazer valer o teu ponto, decidiste recorrer aos piores exemplos que conseguiste imaginar?
A questão é que podes ter uma sociedade multicultural regida por um governo, uma espinha dorsal independente a todas essa questões (religiosas ou culturais). Existem princípios universais a respeitar, que só não são aceites pelos nichos extremistas. Até poderiam haver diversos governos a gerir as diversas culturas, em vez de ser algo centralizado, as possibilidades são enormes. Mas podem muito bem partilhar uma ética social comum, que ilegaliza toda e qualquer prática que viole esses princípios básicos de relacionamento humano.
Para além desta questão das práticas extremistas que desafiam a ordem social e o entendimento universal da ética humana, há mais alguma coisa que tenhas contra o multiculturalismo? É que esse problema que tens nem é relevante nem impeditivo, a meu ver.
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 5:07 pm
Usei esse exemplo porque é um exemplo actual. Por exemplo, não foi há muito tempo que islâmicos queriam que na França os feriados islâmicos fossem feriados nacionais, e também já houve casos de poligamia em países ocidentais. Para não falar em casos como o da burqa, mas dada a polémica deste assunto é melhor nem lhe tocar.
Já ouvi também (e aqui admito que pode-se tratar de "diz que disse") que na Holanda tem zonas onde há uma espécie de guettos islâmicos onde os homossexuais nem podem passar, com risco pessoal. Isto no primeiro país a aceitar o casamento homossexual.
Citação :
Mas podem muito bem partilhar uma ética social comum, que ilegaliza toda e qualquer prática que viole esses princípios básicos de relacionamento humano.
Mas não é a ética dependente da cultura onde se encontra? É só por causa deste aspecto que eu acho que o multiculturalismo "a sério" não funciona! Porque nem todos os princípios que são necessários respeitar, do nosso ponto de vista ocidental, são princípios válidos para pessoas de outra cultura. Daí eu achar que se houver pessoas culturalmente distintas de nós a viver em Portugal, podem, claro, viver as suas tradições, desde que não vão contra as nossas leis que, por sua vez, podem ir contra a cultura deles.
Não estou a ver porque raio pensas que eu sou contra o multiculturalismo, porque não sou. Acho é que haverá sempre uma cultura dominante, a partir da qual serão criadas as leis. Porque não acho possível, ao contrário do que tu dizes, que venha a ser possível criar uma "ética social comum". Seria bom, se essa ética fosse semelhante e um melhoramento da ética ocidental moderna, mas isso digo eu que sou ocidental.
De certeza que pessoas de outras culturas não partilham esta minha opinião.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 5:28 pm
Nuno escreveu:
Usei esse exemplo porque é um exemplo actual. Por exemplo, não foi há muito tempo que islâmicos queriam que na França os feriados islâmicos fossem feriados nacionais, e também já houve casos de poligamia em países ocidentais. Para não falar em casos como o da burqa, mas dada a polémica deste assunto é melhor nem lhe tocar.
Já ouvi também (e aqui admito que pode-se tratar de "diz que disse") que na Holanda tem zonas onde há uma espécie de guettos islâmicos onde os homossexuais nem podem passar, com risco pessoal. Isto no primeiro país a aceitar o casamento homossexual.
Pois eu também ouvi dizer que os chineses vinham para cá e que raptavam meninas na rua e cozinhavam os nossos cães e gatos vadios nos restaurantes... No entanto... Convém ter uma visão um pouco mais precisa que essa visão preconceituosa. Tens casos de poligamia no Utah nos EUA também, com os mórmons fundamentalistas. Todas essas situações têm a ver com matéria de legalidade, são casos extremos que não reflectem a maioria.
Nuno escreveu:
Citação :
Mas podem muito bem partilhar uma ética social comum, que ilegaliza toda e qualquer prática que viole esses princípios básicos de relacionamento humano.
Mas não é a ética dependente da cultura onde se encontra? É só por causa deste aspecto que eu acho que o multiculturalismo "a sério" não funciona! Porque nem todos os princípios que são necessários respeitar, do nosso ponto de vista ocidental, são princípios válidos para pessoas de outra cultura. Daí eu achar que se houver pessoas culturalmente distintas de nós a viver em Portugal, podem, claro, viver as suas tradições, desde que não vão contra as nossas leis que, por sua vez, podem ir contra a cultura deles.
Se tu fores a ver a fracção das noções de ética humana que varia de cultura para cultura, vais reparar que a variância é mais reduzida do que pode parecer à primeira vista. Nós temos - surpreendentemente ou não - um noção bastante universalista de como devemos tratar as pessoas. Em todas as sociedades estáveis (sem estarem em conflitos bélicos, por exemplo, ou sob ditadura cruel) é ilegítimo permitir livremente que se mate, roube, viole, destrua, etc. Não tenho dúvidas que o ser humano sente uma empatia natural com a maioria dos seus relativos. E isso tem uma explicação científica e evolucionista: somos uma espécie social que depende exactamente dessa harmonia relativa para proliferar. Tal como outras espécies sociais, dependemos disso. A ética passa basicamente por analisar o impacto das nossas acções e a forma como gerimos esse impacto para prevenir efeitos indesejáveis. Existem pequenas diferenças em determinados contextos, como na aplicação da justiça, mas em geral temos ideias semelhantes, porque em todo o lado quando matas alguém sabes que os seus familiares vão sofrer com isso, o impacto é semelhante. Idem para outras práticas lesivas.
Não estou a ver nenhuma cultura minimamente desenvolvida onde seja legítimo o canibalismo, a necrofilia, assassinato por desporto, violações sexuais legitimadas e outro tipo de práticas que violem a nossa empatia perante a espécie humana.
Existem muitos problemas, sem dúvida, conflitos armados, ditaduras terríveis, períodos de instabilidade financeira gravíssima, etc, que podem provocar danos enormes nas sociedades e distorcer esses valores, mas não creio que em condições normais isso seja uma verdade. E nós estamos a falar hipoteticamente em situações normais, onde não existem esse tipo de ambientes extremos que quase que metamorfoseiam a humanidade dentro de cada indivíduo.
Nuno escreveu:
Não estou a ver porque raio pensas que eu sou contra o multiculturalismo, porque não sou. Acho é que haverá sempre uma cultura dominante, a partir da qual serão criadas as leis. Porque não acho possível, ao contrário do que tu dizes, que venha a ser possível criar uma "ética social comum". Seria bom, se essa ética fosse semelhante e um melhoramento da ética ocidental moderna, mas isso digo eu que sou ocidental.
De certeza que pessoas de outras culturas não partilham esta minha opinião.
Essas pessoas que não partilham dessa tua opinião estão muito provavelmente em contacto com outro tipo de ambiente nefasto. Num contexto geral, volto a afirmar, não conheço nenhuma sociedade que não concorde com os princípios básicos da ética nos relacionamentos humanos.
Há de facto uma ética universal regida pela síntese mais básica, a chamada regra de ouro também conhecida por ética da reciprocidade: Tentar "não fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam a nós". Por muito que haja sempre quem atente contra isso, independentemente do contexto, até mesmo nas sociedades mais "funcionais" e civilizadas.
Manwë Mestre
N. de Mensagens : 578 Idade : 31 Local : Bracara Augusta Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Hermes (Engenho/Pensamento/Arte) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 5:55 pm
Citação :
Em todas as sociedades estáveis (sem estarem em conflitos bélicos, por exemplo, ou sob ditadura cruel) é ilegítimo permitir livremente que se mate, roube, viole, destrua, etc.
Estes são os direitos mais básicos, mas não são suficientes.
Vou antes pegar agora em casos de países, para não fazer distinção entre religiões e para não partirem do princípio errado que eu sou especialmente preconceituoso em relação a islâmicos.
Esta notícia diz que mulheres do Ghana querem reclamar para si o direito de escolherem o seu próprio marido. Reclamam este direito porque, para além de não poderem escolher o seu marido, muitas vezes são obrigadas a casar a uma idade muito precoce. São mulheres que são também forçadas a abandonar a situação porque, e passo a citar, "o seu lugar é na cozinha, a cuidar das crianças e a serem servas da sociedade". E quem diz isto afirma que tal se passa com a maioria das mulheres que vive no Ghana. Agora, imaginemos que várias famílias do Ghana vivem em Portugal. Será que eles deveriam ter direito a fazer o que fazem lá, isto é, a escolher os casamentos das filhas e a impedi-las de estudar? Eu acho que não, mas isto é ir contra a cultua deles.
A mutilação genital é outra prática cultural que não respeita em nada os direitos humanos, e encontra-se mais ligada à cultura do país do que a religiões. Por exemplo, li aqui que no Mali há uma prevalência de 92% deste tipo de práticas. Deverá um país ocidental aceitar que, dentro de uma família oriunda deste país, esta prática seja feita? Se não deixar, estará a impôr a sua cultura. E eu acho que um país nestas condições deva impôr a sua cultura de respeito pelos Direitos Humanos, para o bem das raparigas daquela família.
Agora um exercício contrário. Imaginemos que eu tenho um namorado, e quero ir viver com ele para o Irão, onde a homossexualidade é punida com pena de morte. Será que seremos legalmente aceites lá, porque a minha cultura não pune (vamos fingir que não) a homossexualidade? Não!, porque a nossa cultura lá não terá mais valor do que a deles. Assim como a deles não tem tanto valor cá como a nossa.
Assim, apesar de poder haver gente de várias culturas dentro de um mesmo território, repito, algumas delas nunca se poderão exprimir completamente. E não vejo problema nenhum disso, se se respeitar as pessoas. Não acho é que algumas tradições devam ser respeitadas.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 6:59 pm
Nuno escreveu:
Citação :
Em todas as sociedades estáveis (sem estarem em conflitos bélicos, por exemplo, ou sob ditadura cruel) é ilegítimo permitir livremente que se mate, roube, viole, destrua, etc.
Estes são os direitos mais básicos, mas não são suficientes.
Vou antes pegar agora em casos de países, para não fazer distinção entre religiões e para não partirem do princípio errado que eu sou especialmente preconceituoso em relação a islâmicos.
Esta notícia diz que mulheres do Ghana querem reclamar para si o direito de escolherem o seu próprio marido. Reclamam este direito porque, para além de não poderem escolher o seu marido, muitas vezes são obrigadas a casar a uma idade muito precoce. São mulheres que são também forçadas a abandonar a situação porque, e passo a citar, "o seu lugar é na cozinha, a cuidar das crianças e a serem servas da sociedade". E quem diz isto afirma que tal se passa com a maioria das mulheres que vive no Ghana. Agora, imaginemos que várias famílias do Ghana vivem em Portugal. Será que eles deveriam ter direito a fazer o que fazem lá, isto é, a escolher os casamentos das filhas e a impedi-las de estudar? Eu acho que não, mas isto é ir contra a cultua deles.
Não, não deveriam poder viver assim dessa forma, pois como já te disse isso entraria em choque com os princípios de ética. Porque razão é que continuas a insistir nessa ideia de que tínhamos de compactuar com essas violações? Curiosamente nós também éramos assim parecidos até há bem pouco tempo e as nossas sociedades também se alteraram para melhorar esse aspecto. Mesmo assim ainda não está perfeito, a mulher ainda é discriminada em certos aspectos, principalmente na questão salarial. Mas isso é assunto para outro tópico.
As culturas e costumes só devem ser reconhecidos quando não estão em conflito com o bem-estar do ser humano. Se algo começar a violar esse princípio, então deve trabalhar-se no sentido de suprimir o problema e melhorar a situação. Que melhor forma para isso do que existir contacto directo com outros pontos de vista e outras vivências? Com esse contacto seria bem mais fácil em sociedades multiculturais do que nas sociedades extremamente fechadas em que vivem essas mulheres.
Nuno escreveu:
A mutilação genital é outra prática cultural que não respeita em nada os direitos humanos, e encontra-se mais ligada à cultura do país do que a religiões. Por exemplo, li aqui que no Mali há uma prevalência de 92% deste tipo de práticas. Deverá um país ocidental aceitar que, dentro de uma família oriunda deste país, esta prática seja feita? Se não deixar, estará a impôr a sua cultura. E eu acho que um país nestas condições deva impôr a sua cultura de respeito pelos Direitos Humanos, para o bem das raparigas daquela família.
Já respondi a essa pergunta e já disse que não, não deve ser tolerado. Questões culturais são uma coisa, conjuntos de princípios e leis sociais são outra. Esta última não deve ser mitigada por questões culturais, pois deve ser imparcial, assertiva, justa.
Nuno escreveu:
Agora um exercício contrário. Imaginemos que eu tenho um namorado, e quero ir viver com ele para o Irão, onde a homossexualidade é punida com pena de morte. Será que seremos legalmente aceites lá, porque a minha cultura não pune (vamos fingir que não) a homossexualidade? Não!, porque a nossa cultura lá não terá mais valor do que a deles. Assim como a deles não tem tanto valor cá como a nossa.
Assim, apesar de poder haver gente de várias culturas dentro de um mesmo território, repito, algumas delas nunca se poderão exprimir completamente. E não vejo problema nenhum disso, se se respeitar as pessoas. Não acho é que algumas tradições devam ser respeitadas.
Se fosses para o Irão sentias na primeira pessoa o que é a monocultura e a intolerância. Que é exactamente o oposto do que eu defendo. Portanto esse exemplo até me ajuda a demonstrar os perigos do isolacionismo monocultural. Eu também não disse que algumas tradições desumanas devem ser respeitadas. Nope. Além disso ninguém é obrigado a viver numa sociedade multicultural... Já numa sociedade monocultural e fechada é comum haver uma imposição de permanência, onde as pessoas são literalmente obrigadas a integrar uma cultura e serão perseguidas caso decidam abandoná-la.
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 7:05 pm
Pronto, nesse caso defendemos a mesma coisa.
A diferença é que eu considero que as leis de um povo também fazem parte e estão dependentes da sua cultura e tu não.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 7:09 pm
Nuno escreveu:
Pronto, nesse caso defendemos a mesma coisa.
A diferença é que eu considero que as leis de um povo também fazem parte e estão dependentes da sua cultura e tu não.
Sim, basicamente é isso. Já tinha referido nas minhas outras participações neste tópico, não sei se leste...
Sou a favor de um governo totalmente independente das influencias culturais e religiosas. Puramente secular.
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo Sáb Mar 19, 2011 7:23 pm
Eu também sou a favor de um governo assim. Agora, quanto à questão de isso ser possível ...
É que eu também sou a favor da igualdade de oportunidades, mas na prática é um desejo utópico.
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Assunto: Re: Multiculturalismo vs Monoculturalismo