Excelente tópico, Diarmuid.
Já tinha algumas saudades de ouvir falar dos romances tradicionais. Lembro-me perfeitamente das análises q fazia a estes textos nas minhas aulas de português no secundário. Sempre gostei. A métrica é q já n tinha tanta piada...
Existem algumas obras de autores nacionais q fizeram essa recolha, lembrei-me do Cancioneiro Geral: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/resumos_comentarios/c/cancioneiro_geral e tb do Romanceiro Português: http://www.attambur.com/Recolhas/romanceiro.htm
Não resisto em deixar aqui um exemplo:
"A MORTE DE D. BELTRÃO
Versão de Vinhais, recolhida pelo Pe José Firmino da Silva, 1904 (José Leite de Vasconcelos, Romanceiro Português. 1º vol., Coimbra, 1958, versão nº 18, pp. 31-32).
– Quedos, quedos, cavaleiros, — que el-rei vos mandou contar,
Falta aqui o Valdevinos — e seu cavalo tremedal;
Falta a melhor espada — que el-rei tem para batalhar.
Não no achastes vós menos, — à ceia, nem ao jantar;
Só o achastes menos — a porto de mau passar.
Deitaram sortes à ventura — a qual o havia d’ir buscar.
Todas sete lhe caíram — ao bom velho de seu pai;
Três lhe caíram por sorte — e quatro por falsidade.
Lá se vai o bom do velho, — o seu filho vai buscar.
Pelos altos vai voando, — pelos baixos procurando,
À entrada duma vila, — à saída dum lugar,
Encontrou três lavadeiras — numa ribeira a lavar.
– Deus vos guarde, lavadeiras, — que Deus vos queira guardar.
Cavaleiro d’armas brancas — viste-lo por aqui passar?
– Esse soldado, senhor, — morto está no areal;
Os seus pés tem sobre a areia — e a cabeça no juncal;
Três feridas tem em seu corpo, — todas três d’homem mortal;
Por uma lhe passa o sol, — pela outra o luar,
Pela mais pequena delas — um gavião a voar,
Com as asas bem abertas, — sem nas ensanguentar.
– Não torno a culpa aos Mouros, — em meu filho matar;
Só a torno ao seu cavalo, — não no saber desviar.
De mandado de Deus Padre — veio o cavalo a falar;
– Três vezes o desviei — e três me fez avançar,
Apertando-me as esporas — alargando-me o peitoral;
Dava-me sopas de vinho — para melhor avançar;
Os muros daquele castelo — três vezes me fez salvar."