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 "A programação é a nova literacia" - Artigo de Graciano Torrão

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MensagemAssunto: "A programação é a nova literacia" - Artigo de Graciano Torrão   "A programação é a nova literacia" - Artigo de Graciano Torrão Icon_minitimeTer Out 18, 2011 9:15 pm

Venho propor-vos a leitura de um artigo que li recentemente, escrito pelo Graciano Torrão no seu blog. É um artigo provocador, que me fez pensar em algo que nunca me tinha ocorrido mas que, de certa forma, faz sentido. Talvez só daqui a 50 ou 100 anos poderemos comprovar se esta forma de ver a literacia será adequada ou não. É um bom tema para meditação e talvez até alguma discussão, caso queiram. Smile
O artigo está disponível aqui.

Deixo aqui uma cópia do dito:
Graciano Torrão escreveu:
Prensky, M. (2008. February). Programming Is the New Literacy. Edutopia. Consultado em 6 de Junho, 2011, em http://www.edutopia.org/literacy-computer-programming

Este artigo, a que tive acesso recentemente no site EDUTOPIA, despertou o meu interesse por várias razões.

O ponto de vista inovador com que Prensky encara a questão das “novas literacias”, a forma como se faz o seu enquadramento e o gosto pessoal que sempre desenvolvi por esta área foram determinantes para hoje sentir a necessidade de fazer esta partilha.

Nas linhas seguintes apresento uma breve recensão deste artigo que tive oportunidade de realizar:


Tomando como ponto de partida o próprio conceito de literacia, e posicionando-nos para além da visão simplista do ler e escrever, muitos são já os investigadores que se aperceberam do impacto que as novas tecnologias de informação e comunicação vão trazer para este domínio.

Vejamos, por exemplo, o que dizem a este respeito Leu, Donald J., Jr., Kinzer, Charles K.,Coiro, Julie L. e Cammack, Dana W.(2004):

“(…) more broadly conceived notions of literacy and literacy instruction are being defined by change in even more profound ways as new technologies require new literacies to effectively exploit their potentials (Coiro, 2003; Kinzer & Leander, 2003; Lankshear & Knobel, 2003; Leu, 2000a; Smolin & Lawless, 2003). These include technologies such as gaming software (Gee, 2003), video technologies (O’Brien, 2001), technologies that establish communities on the Internet (Chandler-Olcott & Mahar, 2003), search engines (Jansen, Spink, & Saracevic, 2000), webpages, and many more yet to emerge. Moreover, these new literacies change regularly as technology opens new possibilities for communication and information. ”.

Deste ponto de vista, parece existir uma relação entre as novas literacias e a tecnologia, a qual tem vindo a impulsionar importantes evoluções do conceito.

A nossa pesquisa, centrada na temática das novas literacias, centrou a nossa atenção em Prensky(2008), que num artigo intitulado “Programming Is the New Literacy“, apresenta um ponto de vista muito interessante, e ao longo do qual explica as principais razões para a classificar de “A Literacia do Século XXI”.

Este artigo começa por levantar a questão de quais serão as capacidade que o ser humano do século XXI deve possuir de forma a poder ser considerado literado. Se alguns consideram que a capacidade de ler e escrever numa determinada linguagem é a resposta, outros são da opinião que este conceito passará a estar associado à capacidade de comunicar com fluência numa linguagem utilizada pelo maior número possível de pessoas, o que nos conduz naturalmente para o domínio das línguas, no qual será fundamental conhecer o Espanhol, o Inglês e outros idiomas que têm vindo a ganhar importância em termos populacionais.

Outros propõem a expansão do conceito de literacia do século XXI para o campo da multimédia, e também para os jogos e para a interatividade.

Prensky(2008) propõe uma abordagem que inclui todos os pontos de vista mencionados, bem como outros tantos aqui não referidos, e aponta como aspeto distintivo do cidadão literado do século XXI a capacidade de programar e, desta forma, dominar a tecnologia:

“I believe the single skill that will, above all others, distinguish a literate person is programming literacy, the ability to make digital technology do whatever, within the possible one wants it to do — to bend digital technology to one’s needs, purposes, and will, just as in the present we bend words and images. Some call this skill human-machine interaction; some call it procedural literacy. Others just call it programming.”

Consideramos este ponto de vista fascinante, uma vez que estamos habituados a utilizar a programação de computadores no nosso quotidiano, mas simultaneamente entendemos que este possa ser de difícil assimilação para a maioria das pessoas. Tal como o próprio autor o refere, estamos, sem dúvida alguma, e provavelmente sem nos apercebermos, já a caminhar neste sentido. A este respeito é realizada uma analogia interessante: ler e escrever, considerado outrora como tarefa destinada a alguns especialistas, os escribas, é hoje visto como uma capacidade banal e ao alcance de todos.

Este é, sem dúvida, um ponto de vista com que nos identificamos, e com base no qual consideramos possível ir mais longe, inclusivamente na redefinição do currículo, para o qual, até ao presente, se tem recorrido exclusivamente a disciplinas como por exemplo a matemática, no sentido de desenvolver nos alunos determinadas competências na área da lógica e de outros tipos de raciocínio, e cujo actual modelo de implementação consideramos pertinente questionar.

Em Jiménez(2009, p.32), Riel Miller1 tece algumas considerações interessantes em relação ao futuro:

“I’m considered a futurologist and people expect futurologists to talk of the future. But to me, the future doesn’t exist, we can’t know it. I’m very modest regarding our ability to create it. Very often, what we wish and what we think we’re doing is exactly the opposite of what we achieve. ”

É neste perspectiva que, em Jiménez(2009, p.33), vemos o mesmo autor afirmar que “So when you ask me how the future will be, if I am consistent with my scientific stance, I can’t give you any answer. However, what I can do is use my information to reconsider the present. ”

É precisamente nesta óptica que consideramos necessário desenvolver um esforço no sentido de não perder de vista as características específicas dos alunos do presente, que nas palavras de Prensky(2001, p.1), são designados de “Nativos Digitais”. Este aspecto torna fundamental ir reconsiderando o presente à luz dos cenário tecnológico envolvente, e a forma como é utilizado pelas novas gerações, das quais emergem novas formas de literacia.

De seguida, e a respeito da linguagem HTML2, que está na base daquilo a que Dias(2000) e Silva(2008) se referem como o modelo do hipertexto, o autor volta a questionar a pertinência de se ver desenvolvida a literacia de programação, pois de outra forma estaremos a admitir um retrocesso à idade média, ou mesmo a tempos mais remotos, onde o simples ato de escrever requeria a necessidade de convocar um especialista nessa área.

Continuando a desenvolver o seu ponto de vista, Prensky(2008) tenta explicar a forma como a capacidade de programação virá a fazer parte das pessoas instruídas, uma vez que esta será necessária para comunicar com os objetos, bem como com outros seres humanos.

De facto, basta pensarmos que desde os mais simples eletrodomésticos, até às habitações completamente automatizadas, o ato de programar estará de alguma forma presente, pelo que entendemos ser da maior importância começar a considerá-lo uma forma de literacia. Que estaremos a fazer quando marcamos a hora de acordar no nosso telefone móvel, ou retiramos dinheiro de uma caixa de multibanco, ou até mesmo quanto construímos o nosso avatar para o Second Life, senão a exercer formas muito simples de programação? O autor também refere que a programação não terá que ser obrigatoriamente complexa como é o caso do C++ ou Java, mas poderá ser aplicada a tarefas tão simples como controlar uma alavanca que liga e desliga um dispositivo.

E onde têm os alunos acesso à aprendizagem de linguagens de programação? A este respeito Prensky(2008) refere:

“They learn them occasionally in school, but mostly on their own, after school, or in specialized summer camps. Why? First, because they realize it gives them the power to express themselves in the language of their own times, and second — and perhaps even more importantly — because they find it fun.”

De seguida, e partindo do pressuposto de que qualquer um de nós tem problemas cuja resolução seria facilmente conseguida recorrendo a um dispositivo eletrónico (computador ou outro tipo de equipamento), e propondo que cada um destes fosse encarado do ponto de vista da programação, rapidamente fazemos emergir a necessidade de reconhecimento deste novo tipo de literacia. Se, por um lado, alguns daqueles a que Prensky(2001, pp.1-2) se refere como “Imigrantes Digitais” já sentiram a necessidade de recorrer aos mais novos no sentido de os auxiliarem em tarefas de resolução de problemas que requerem esta nova literacia, por outro, a muito curto prazo, cada um de nós terá que os resolver individualmente e de forma autónoma.

Se até há bem pouco tempo era um facto que as linguagens de programação de computadores eram apenas conhecidas por um reduzido número de especialistas, atendendo principalmente à sua complexidade, a verdade é que temos assistido ao aparecimento de um conjunto de linguagens de programação acessíveis a qualquer um de nós.

A este respeito, Prensky(2008) apresenta os exemplos do “Flash”, “Machinima” e “Scratch”, as quais permitem atingir diferente graus de sofisticação e ser aplicadas à resolução de problemas nos mais diversos contextos.

A disponibilidade e facilidade de pesquisa de blocos de código de programação, previamente escritos e disponibilizados livremente na Web, serão importantes fatores de expansão da capacidade individual de programação e resolução de problemas.

De certa forma, e indo ao encontro de um aspeto já referido neste texto, estão criadas as condições para que surja uma nova tribo de escribas, o que nas palavras de Prensky(2008), o conduziu à afirmação de que:

“And so emerges the new scribe tribe of programmers, reaching into (and eventually becomming) the intellectual elite of the twenty-first century.”

É deixado o aviso àqueles que não desenvolveram a capacidade de programar e, desta forma, de levar a tecnologia a fazer o que vai de encontro às suas necessidades de que muito provavelmente serão deixados para trás. Somos alertados pelo autor para o facto de tanto pais como professores serem atualmente da opinião que os jovens são menos literados do ponto de vista clássico, ou seja, da leitura e escrita. Por outro lado, somos levados a refletir que, do ponto de vista de um jovem, será inaceitável um adulto que é incapaz de, por exemplo, programar um leitor de DVD, instalar um programa no seu computador, ou mesmo utilizar o seu telefone móvel para além do simples ato de fazer e receber chamadas.

É reforçada a importância que as ferramentas sempre tiveram na evolução do ser humano, e como as ferramentas intelectuais estão a ganhar significado. Estas últimas têm tendência a evoluir rapidamente, ao contrário das suas antecessoras, o que expõe as fragilidades dos sistemas de educação atuais, que associam uma pessoa literada numa determinada área a alguém que domina certas ferramentas específicas.

Prensky(2008) é da opinião de que, no século XXI, um pessoa verdadeiramente literada não será um utilizador de ferramentas previamente concebidas, mas sim aquele que recorrendo às suas competências de programação cria as suas próprias ferramentas, face à especificidade dos problemas que pretende resolver.

Este artigo termina com um pergunta pertinente, que Prensky(2008) formula nestes termos:

“If programming (the ability to control machines) is indeed the key literacy of this century, how do we, as educators, make our students literate?”

Do presente não podemos responder à questão com objetividade, mas algumas certezas podem ser desde já avançadas, das quais destacamos a necessidade da escola responder a esta necessidade que começa a ser manifestada pelos jovens, em termos de acesso à literacia de programação. Caso contrário, serão estes, pelos seus próprios meios, a procurarem a solução para este problema, o que eventualmente acabará por delegar para um segundo plano a escola e os professores.

Referências

Dias, P. (2000). Hipertexto, hipermédia e media do conhecimento: representação distribuída e aprendizagens flexíveis e colaborativas na Web. Revista Portuguesa de educação Universidade do Minho 13(1), pp.141-167.

Leu, Donald J., Jr., KINZER, Charles K., COIRO, Julie L. & CAMMACK, Dana W.(2004). Toward a Theory of New Literacies Emerging From the Internet and Other Information and Communication Technologie, in Ruddell, Robert B. Unrau, Norman J.(eds.), Theoretical Models and Processes of Reading. (5th ed.). ©️ 2004 International Reading Association, pp.1570-1613.

Jiménez, Mar(2009, Dezembro). Interview with Riel Miller «In Catalonia, the key to change are imaginative and creative people» . Paradigmes. Productive Economy and Knowledge (3), pp.30-38. Recuperado em 1 de Julho, 2011, de http://www.raco.cat/index.php/Paradigmes/article/viewFile/225424/306759

Prensky, M. (2008. February). Programming Is the New Literacy. Edutopia. Consultado em 6 de Junho, 2011, em http://www.edutopia.org/literacy-computer-programming

Prensky, M.(2001). Digital Natives, Digital Immigrants. NCB University Press, 9(5), October 2001. Consultado em 20 de Junho, 2011, em http://www.marcprensky.com/writing/prensky%20-%20digital%20natives,%20digital%20immigrants%20-%20part1.pdf

Silva, Bento (2008). Modelos de comunicação educacional. Braga: Universidade do Minho.
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