Coligação Minada, Instabilidade (incompetência?) política... Que Futuro para Portugal?

A propósito de um post que fiz ontem no facebook, não só como desabafo/rant mas também para tentar perceber perspectivas diferentes.

Signatus escreveu:

Eu não sou simpatizante nem do PSD nem do CDS, dificilmente votaria neles nem estou de acordo com muitas das decisões ou não decisões deste governo.. Mas já que tanta gente anda a fazer figas para que ele caia expliquem-me uma coisa..... Caso isso acontecesse quem é que era suposto ir para lá neste momento? É que eu sou miúpe.

Sinceramente estou a ver a coisa bem negra.... Não gostei do percurso deste governo que apostou tudo na austeridade sem criar bases para um crescimento económico sustentável... Mas no caso da queda deste as hipóteses restantes parecem-me bem piores.... O PS, para além de ser um dos principais responsáveis pela situação actual, com os seus lobbys e irresponsabilidades é neste momento uma verdadeira piada hipócrita de si mesmo.... Os partidos supostamente à esquerda continuam agarrados ao seu jogo do contra, às suas ideologias obsoletas, a hierarquias tudo menos democráticas e recusam-se a abordar os problemas do país de forma realista. Na minha opinião precisam de um pontapé no cu tão grande ou maior que os partidos à direita para que uma esquerda séria se possa erguer (a questão é de aonde?).

Para além dos partidos preocupa-me a postura da população em geral.... É muito bonito querer mandar o governo abaixo e protestar sempre que lhes querem mexer nos rendimentos ou na estabilidade do seu emprego e nível de vida..... Então mas e caso o país vá à falência? É muito mais agradável que tudo o que é relativo ao estado deixe de funcionar de um dia para o outro? Que as nossas empresas que tanto se têm esforçado em lutar contra a maré percam toda a credibilidade? Ou estão à espera que nos continuemos sempre a endividar e que ninguém nos vá chamar à responsabilidade? Mesmo que ninguém o fizesse isso seria ir apertando cada vez mais a corda que temos ao pescoço...
E sem uma forte chamada à razão os péssimos hábitos que nos levaram a afundar (e que todos temos, não são só os politicos) vão-se perpetuando.

E depois, embora me considere defensor da Democracia (que considero o sistema politico mais justo até à data), cada vez me interrogo sobre a funcionalidade da nossa.... Qual é a utilidade em votar quando fazem todos parte do mesmo grupo, da mesma "casta politica"? E será que a população em geral está suficientemente bem informada sobre o estado real das coisas para tomar decisões objectivas sobre o futuro do país ou deixa-se manipular demasiado por populismos e pensa só em como facilitar a própria vida (a curto prazo)?

Tudo isto me entristece e muito e gostava de ouvir outras opiniões.

Uma coisa é certa. Está na altura de o povo português ultrapassar outro Adamastor. Dependemos disso e continuar a esconder a cabeça na areia não é opção.

Isto não é uma democracia, é uma liberdade limitada de escolher os partidos que, por sua vez, irão decidir por nós quais irão ser os nossos pequenos "ditadores" por 4 anos. Também conhecida como "democracia representativa", que é sinónimo de uma pseudo-democracia onde as pessoas são espectadoras da acção política que os seus representantes (que não representam condignamente ninguém e funcionam à base de promessas quebradas) tentam implementar.

Em termos políticos e económicos, de governo, está à vista que estamos entregues a uma minoria de corruptos e falhanços políticos, uma minoria que decide pela maioria, e neste caso em detrimento dela, pois não têm sido decisões propriamente favoráveis ao país a todos os níveis.

Não acho que haja qualquer alternativa viável de momento em termos partidários. Eu cá gostaria de ver uma reforma política grande, que colocasse um sistema político decente em Portugal, onde o povo realmente pudesse ser mais participativo e houvesse uma maior aposta na educação (para que o povo possa tomar decisões informadas), bem como ter uma distribuição menos centralizada do poder (ter muito poder na mão de um pequeno núcleo tem estado a dar merda).

Signatus escreveu:

É muito bonito querer mandar o governo abaixo e protestar sempre que lhes querem mexer nos rendimentos ou na estabilidade do seu emprego e nível de vida..... Então mas e caso o país vá à falência? É muito mais agradável que tudo o que é relativo ao estado deixe de funcionar de um dia para o outro? Que as nossas empresas que tanto se têm esforçado em lutar contra a maré percam toda a credibilidade? Ou estão à espera que nos continuemos sempre a endividar e que ninguém nos vá chamar à responsabilidade? Mesmo que ninguém o fizesse isso seria ir apertando cada vez mais a corda que temos ao pescoço...

Não o diria melhor. Podemos mandar este governo abaixo, mas continuamos sem quem levante o país. Não é este governo certamente, mas também não vejo grupo político à altura. O que me parece que este governo tem tentado fazer é manter uma estabilidade política aparente para não gerar o caos e ir satisfazendo os requisitos essenciais que a troika nos tem imposto. Mas até isso está agora em queda abrupta... Foram adiando o inevitável.

Averróis escreveu:

Isto não é uma democracia, é uma liberdade limitada de escolher os partidos que, por sua vez, irão decidir por nós quais irão ser os nossos pequenos "ditadores" por 4 anos. Também conhecida como "democracia representativa", que é sinónimo de uma pseudo-democracia onde as pessoas são espectadoras da acção política que os seus representantes (que não representam condignamente ninguém e funcionam à base de promessas quebradas) tentam implementar.

Em termos políticos e económicos, de governo, está à vista que estamos entregues a uma minoria de corruptos e falhanços políticos, uma minoria que decide pela maioria, e neste caso em detrimento dela, pois não têm sido decisões propriamente favoráveis ao país a todos os níveis.

Não acho que haja qualquer alternativa viável de momento em termos partidários. Eu cá gostaria de ver uma reforma política grande, que colocasse um sistema político decente em Portugal, onde o povo realmente pudesse ser mais participativo e houvesse uma maior aposta na educação (para que o povo possa tomar decisões informadas), bem como ter uma distribuição menos centralizada do poder (ter muito poder na mão de um pequeno núcleo tem estado a dar merda).

Averróis, concordo com o que tu dizes. A questão é que os políticos querem continuar a ter o poder que têm tido. E não vão dá-lo de mão beijada ao povo. Achas que algum político vai fazer alguma reforma política grande? Isso aconteceria no país das maravilhas...

Eles nem retiraram ainda as pensões vitalícias a ex.políticos. E isso, mais do que tudo, choca-me. Porque raio temos que todos os meses, pagar a Guterres, Mario Soares, Sócrates, Jorge Sampaio....? E a todos os ex-deputados? Ok, prestaram um serviço em determinado período. Foram bem pagos para isso na altura. Sairam do cargo, ficam com pensões até morrerem?
Até admito que certas profissões, após anos de interrupção para cumprir mandato não possam voltar a trabalhar na profissão (como exemplo, o trabalho minucioso de cirurgiões) mas é uma excepção.

Francamente, não sei onde é que vamos parar com este desgoverno.
Não sei mesmo onde votar. Parece-me tudo a mesma coisa. E quando é que é criado um partido que pudesse fazer frente a este tipo de mentalidade? Vou começar a andar mais atenta aos partidos muito pequenos.

Aqui estão dúvidas que, também, me assaltam. Quando chegarem as próximas eleições não faço ideia em quem votar. Ninguém parece estar à altura, o disco à partida vai voltar a alternar para PS e andamos nisto. Não sinto que algum político queira realmente fazer a diferença, basta ver as discussões na AR, acusações atrás de acusações e soluções nem ouvi-las. Como é que este cenário pode mudar, se as pessoas preocupam-se primeiro em arranjar culpados?

Mas ainda há outra coisa, os culpados, geralmente peixe graúdo, andam por aí bem à vista e dificilmente serão penalizados pelas atrocidades que cometeram.

Volto a referir um livro que deveria ser o livro de cabeceira de cada político:

Portugal, Hoje - O medo de existir, de José Gil. Um livro de uma lucidez extraordinária.

Enquanto existirem partidos políticos, quem lá está, está para servir os interesses do partido. Tão simples quanto isso. Quem não estiver a servir os interesses do partido, fica sempre no fim da fila. (Ou nem chega a ter "voz"). Como é que desta forma poderá um cidadão verdadeiramente interessado e com soluções interessantes, apresentar-se sem antes ter de lamber rabos e ser corrompido por toda a máfia que governa nas sombras? (grupos lobistas). Quando é que as pessoas irão aperceber-se disso? Votem em cidadãos e soluções, não em propaganda e bandeirinhas...