Morte de José Saramago.

Nós que somos malta tão culta, até ficava mal não mencionarmos esta notícia. Era um escritor do povo, e português. Mais folk lusitano, não há!

Falando a sério:

Lamento a morte deste escritor, pensador e activista. Principalmente numa altura em que a Língua Portuguesa sofre tantos ataques. Mas enfim, tinha 87 anos, foi na vez dele, como diz o povo.

Não sou grande apreciador dos seus livros, embora sempre tenha gostado de ler e ver/ouvir as suas entrevistas. Por várias vezes deixou reflexões e questões interessantes, que me deixaram a pensar nelas. Era também um homem justo, e um lutador contra as injustiças sociais e a opressão e ignorância que a Igreja Católica sempre lançou e lança sobre as pessoas mais vulneráveis. Ou seja, o povo humilde e inculto. Hoje em dia é fácil ser anti-Igreja, mas nem sempre foi assim. Mesmo depois do 25 de Abril.

Foi muito mal tratado pelo país na altura do Cavaquismo. Até assusta ver as imagens "antigas" do Ministro da Cultura(!) do Governo Cavaquista dizer em pleno púlpito da Assembleia que o Evangelho Segundo Jesus Cristo é uma obra blasfema e um insulto aos Cristãos. E era este o nosso partido social-democrata na década de 80!

Entretanto ganhou o prémio Nobel (mais uma vez, Sweden to the rescue!) e reconhecimento internacional. E vá lá, tornou-se mais aceite pelos sectores conservadores do país. Mas só agora que morreu é que se tornou unânime que era um valor da Nação. É o habitual! Sempre fomos um país de futeboladas, fátimas e fados. Agora já há pouco fado, também!

Eu acho que Saramago era, com efeito, um valor da Nação. E não preciso de gostar dos seus livros para reconhecer a sua inteligência, clarividência e cultura. Foi um auto-didacta, enriqueceu com a sua obra, e nunca mudou de personalidade e postura por causa disso. Acho que os novos-ricos e novos-"heróis" nacionais deviam aprender com a postura deste homem. Mas enfim, a personalidade e o carácter são das poucas coisas que não se aprendem!

R.I.P. José Saramago.

Ao contrário dos que as pessoas dizem não acho a escrita dele maçadora ate pelo contrário. Acho que o truque esta em ler a correr; normalmente leio sempre os livros em passo acelerado e aborreço-me com as paragens e as descrições o que não acontece com o Saramago, mas depois de entrar na essência dele todos os outros livros tornam-se enfadonhos por serem de leitura lenta e pausada. Na minha modesta e incomum opinião.

Do ponto de vista de inovação ele vem justificar o porque de se ler em português e contribuir para a valorização e enriquecimento do tecido literário lusitano, que, e ainda bem, continua longe de comerciais tipo Indiana Jones e aventuras-todas-iguais-muda-so-o-cenario. Devíamos ter orgulho nisso e preservar esse estilo.

Foi uma grande perda sem sombra de dúvida.
O que realmente é triste neste País é que só se valorizam as pessoas quando estas morrem ou, como foi o caso, ganham um prémio Nobel.

Só espero que os livros dele não caiam no esquecimento e que possam ser um dia estudados na disciplina de Português (bom, não sei se já são; no meu tempo não eram).

Vampiria escreveu:

Foi uma grande perda sem sombra de dúvida.
O que realmente é triste neste País é que só se valorizam as pessoas quando estas morrem ou, como foi o caso, ganham um prémio Nobel.

Só espero que os livros dele não caiam no esquecimento e que possam ser um dia estudados na disciplina de Português (bom, não sei se já são; no meu tempo não eram).

Sim são, o Memorial do Convento (embora eu não o tenha lido apesar de gostar de ler por falta de tempo para as outras disciplinas).

Entretanto vi isto http://blitz.aeiou.pt/?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/62432
Uma dedicatoria dos Rage Against the Machine ao Saramago

Váli escreveu:

Vampiria escreveu:

Foi uma grande perda sem sombra de dúvida.
O que realmente é triste neste País é que só se valorizam as pessoas quando estas morrem ou, como foi o caso, ganham um prémio Nobel.

Só espero que os livros dele não caiam no esquecimento e que possam ser um dia estudados na disciplina de Português (bom, não sei se já são; no meu tempo não eram).

Sim são, o Memorial do Convento (embora eu não o tenha lido apesar de gostar de ler por falta de tempo para as outras disciplinas).

Entretanto vi isto http://blitz.aeiou.pt/?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/62432
Uma dedicatoria dos Rage Against the Machine ao Saramago

Ah, ainda bem, fico contente por existir um livro dele que é objecto de estudo dessa disciplina

Epá, a dedicatória dos Rage Against the Machine, muito bom.

Se bem me lembro, li por aí que este ano tiraram o Memorial do Convento.