N. de Mensagens : 3936 Idade : 38 Raça : Gárgula Elemento : Terra/Rocha Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista) Cor : Vermelho
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Sex Jul 16, 2010 3:50 pm
Averróis escreveu:
[...] Sócrates (o grego), que disse: "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo."
Aqui está exactamente o que penso sobre este assunto. Grande Sócrates
Floresta Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2477 Idade : 35 Local : Lisboa Raça : Ent/Povo das Árvores Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Preto
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Sex Jul 16, 2010 3:58 pm
Ceinwyn escreveu:
Averróis escreveu:
[...] Sócrates (o grego), que disse: "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo."
Aqui está exactamente o que penso sobre este assunto. Grande Sócrates
Não diria do mundo, mas sou bastante a favor do "cidadão da Europa". Mas como naquela altura só se conhecia a Europa e pouco mais, acho que não faz diferença
Kraft durch Freude Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2054 Raça : Ent/Povo das Árvores Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista)
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Sex Jul 16, 2010 10:00 pm
Averróis escreveu:
Acho estranho não te lembrares primeiro de Sócrates (o grego), que disse: "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo." O Cosmopolitismo é um conceito antigo, com mais de 2 mil anos. Se o Marxismo (já para nem falar no Trotskismo) não tem mais de 200 anos de existência, então o Bloco de Esquerda...
Provavelmente porque o Sócrates não afixou nenhum panfeleto num local por onde passava regularmente quando pus aqui aquele post. A propaganda tem este efeito: faz-nos lembrar do seu propósito quando estamos a pensar noutras coisas.
Averróis escreveu:
(...) ainda existe a tal mentalidade isolacionista da sociedade que exalta o seu pedaço de Terra e que portanto, automaticamente, estará a desconsiderar as restantes. É uma proposição lógica: Se exaltamos o nosso pedaço de terra então é falso que valorizamos todas de igual forma, logo desprezamos as restantes até certo ponto.
Uma coisa que não entendo é a associação que fazes entre a valorização daquilo que é teu e a aparente consequência inevitável de menosprezo do que é dos outros. Não acho que uma coisa seja consequência da outra e faz-me uma certa confusão como é que tanta gente considera isto um dado adquirido.
Isto na minha cabeça não tem lógica nenhuma. Por colocar aquilo que é "meu" à frente do que não é, estou necessariamente a menosprezar o que é dos outros? Por achar que primeiro devo defender aquilo que herdei, e que todos os povos o devem fazer de igual forma, isso implica que desprezo alguma cultura!? Porquê!? Sinceramente, tenho dificuldade em entender isto.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Sáb Jul 17, 2010 3:50 am
Kraft durch Freude escreveu:
Averróis escreveu:
Acho estranho não te lembrares primeiro de Sócrates (o grego), que disse: "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo." O Cosmopolitismo é um conceito antigo, com mais de 2 mil anos. Se o Marxismo (já para nem falar no Trotskismo) não tem mais de 200 anos de existência, então o Bloco de Esquerda...
Provavelmente porque o Sócrates não afixou nenhum panfeleto num local por onde passava regularmente quando pus aqui aquele post. A propaganda tem este efeito: faz-nos lembrar do seu propósito quando estamos a pensar noutras coisas.
Hehe. Na estação de metro da Cidade Universitária está lá essa frase inscrita no painel de azulejos.
Kraft durch Freude escreveu:
Averróis escreveu:
(...) ainda existe a tal mentalidade isolacionista da sociedade que exalta o seu pedaço de Terra e que portanto, automaticamente, estará a desconsiderar as restantes. É uma proposição lógica: Se exaltamos o nosso pedaço de terra então é falso que valorizamos todas de igual forma, logo desprezamos as restantes até certo ponto.
Uma coisa que não entendo é a associação que fazes entre a valorização daquilo que é teu e a aparente consequência inevitável de menosprezo do que é dos outros. Não acho que uma coisa seja consequência da outra e faz-me uma certa confusão como é que tanta gente considera isto um dado adquirido.
Isto na minha cabeça não tem lógica nenhuma. Por colocar aquilo que é "meu" à frente do que não é, estou necessariamente a menosprezar o que é dos outros? Por achar que primeiro devo defender aquilo que herdei, e que todos os povos o devem fazer de igual forma, isso implica que desprezo alguma cultura!? Porquê!? Sinceramente, tenho dificuldade em entender isto.
São pontos de vista. Quanto à questão do menosprezar... Como disse é uma proposição lógica. Algo não pode ser verdadeiro e falso em simultâneo. Quando se dá destaque a algo o restante acaba (comparativamente) desprezado. São princípios de equilíbrio entre as coisas. É como uma balança. Se não colocares o mesmo peso em ambos os pratos da balança então acabarás por ter um prato mais pesado que o outro. Quanto mais peso colocares num prato, menos peso receberá o outro prato. Se dizes que não menosprezas, explica-me porque é que, da forma como colocas as coisas, um dos pratos fica mais pesado que o outro? É assim que vejo.
Para mim a terra não é propriedade nossa nem de ninguém, por muito que haja quem meta na cabeça que a terra lhe pertence. Ela é apenas o local onde aconteceu nascermos ou onde escolhemos morar. Devemos dar valor e respeitar o local onde vivemos (rua/bairro/pátio, freguesia, cidade, conselho, país, continente...) Mas na minha opinião não faz sentido haver distinção entre a forma como tratamos o local onde moramos, e a forma como tratamos - por exemplo - o local onde vamos passar férias no estrangeiro (para quem pode). Para mim o que faz sentido é termos cuidado com o nosso impacto, apreciar a beleza dos diversos pontos geográficos, preservar as suas características, tudo isto independentemente do local onde estivermos. Há até quem diga que quando estamos no estrangeiro a nossa responsabilidade deve redobrar. Eu acho que não. Acho que a nossa responsabilidade deve ser sempre a mesma: A mais alta possível, perfeitamente incondicional. Tendo isso em mente, cai por terra a ideia da necessidade que há em agir com maior zelo por cá do que por lá.
Aelle Mestre
N. de Mensagens : 748 Idade : 41 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 12:21 pm
"O nacionalismo é, normalmente, isolacionista de mentalidade." diz o Averróis.
Estaline, Coreia do Norte, Cuba, Muro de Berlim... realmente também acaba em "Ismo" mas é "Comunismo", não "Nacionalismo!".
Tu para saíres de um país comunista para passar férias era o cabo dos trabalhos!! Interrogavam-te de cima a baixo com receio que não voltasses, ou fosses espião do Ocidente. E bem, quem tentava atravessar o Muro de Berlim era detido a tiro. Provavelmente o único Muro da História em que se leva um tiro por querer sair, e não por querer invadir!
Historicamente não tenho nada contra o Marxismo e as suas conquistas. Mas revolta-me que os crimes em nome do "socialismo" sejam completamente branqueados e aceites, e por outro lado, não se possa ser nacionalista sem ser apelidado de fascista, nazi, racista, etc, etc. O deputado do PCP, Bernardino Soares, disse há um par de anos que a Coreia do Norte era livre e democrática, e na festa do Avante vendiam-se camisolas do Estaline. Não vi ninguém no Parlamento a chamar a extrema-esquerda de terrorista e totalitária. E ainda bem!
Aliás, se pegarmos na História da II Guerra Mundial, as alianças internacionais mais espontâneas foram precisamente entre os países nacionalistas! Alemanha, Itália, Japão formaram o Pacto de Aço praticamente em cima do joelho, se me é permitida a expressão popular. Já para não falar de tantos outros países pequenos, como a Eslováquia, Hungria, Roménia, etc, que se alinharam com os Alemães. Os regimes liberais, esses sim, desconfiavam muito uns dos outros. E principalmente da URSS. E daí a Alemanha ter tido o sucesso inicial que teve. E só não venceu a guerra graças à megalomania de Hitler.
É muito, muito errado mesmo, dizer que o Nacionalismo é isolacionista em termos de mentalidade. As nações sempre cooperaram entre si. Independentemente dos regimes, e das circunstâncias históricas. Aliás, a verdadeira variedade e o verdadeiro multiculturalismo é precisamente os países distinguirem-se uns dos outros, a todos os níveis.
Se misturarmos um conjunto de bebidas num mesmo copo, estamos a destruir a essência de cada uma delas. E o resultado final, regra geral, é muito mau...
Mais, não está na natureza do Ser Humano ser Cosmopolita. Claro, entre as classes altas, principalmente intelectuais, que vivem em outro mundo, é uma ideia muito querida. Até as coisas começarem a azedar. Em 2007 a líder da Juventude Socialista Sueca, grande paladina e defensora do cosmopolitismo e dos imigrantes, teve que se demitir. Estava completamente bêbeda, na noite de Estocolmo (bela noite, aconselho), e quando o segurança (de origem africana) não a quis deixar entrar numa discoteca por esse efeito, ela começou a disparar, alto e bom som: "vai mas é para a tua terra, preto de m..."
Quando elas mordem, lá se vai o cosmopolitismo, o humanismo, a solidariedade para com os parasitas, o humanismo para com os criminosos, e essas patetices todas que NÃO fazem parte da Natureza Humana.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 4:46 pm
Aelle escreveu:
"O nacionalismo é, normalmente, isolacionista de mentalidade." diz o Averróis.
Estaline, Coreia do Norte, Cuba, Muro de Berlim... realmente também acaba em "Ismo" mas é "Comunismo", não "Nacionalismo!".
Tu para saíres de um país comunista para passar férias era o cabo dos trabalhos!! Interrogavam-te de cima a baixo com receio que não voltasses, ou fosses espião do Ocidente. E bem, quem tentava atravessar o Muro de Berlim era detido a tiro. Provavelmente o único Muro da História em que se leva um tiro por querer sair, e não por querer invadir!
Estávamos a falar do Nacionalismo, eu não disse que o Nacionalismo era a única corrente ideológica com tendência ao isolacionismo. O Comunismo totalitário de Estaline é um exemplo de outra forma de governo hegemónica, repressora e prepotente que também se pode tornar isolacionista. Eu vou mais longe: para mim existem, dentro das evidentes diferenças ideológicas entre o Comunismo totalitário e o Nazismo, muitas semelhanças entre a metodologia sanguinária utilizada pelas duas para tentar atingir os seus objectivos. No fascismo do nosso Salazar ou no de Francisco Franco nossa vizinha Espanha, também não era permitido emigrar. Curiosamente foi nas alturas dos seus regimes que se fizeram sentir as maiores ondas de emigração de que há memória em ambos os países. As pessoas saiam clandestinamente, às vezes com os filhos às costas e com pouco mais que a roupa que tinham no corpo... E foi desde essa altura que tantos Portugueses se fixaram em França.
Ainda assim creio que é importante fazer distinção entre o seguinte: Uma coisa é um isolacionismo resultante de um regime altamente repressor (totalitário ou autoritário) que geralmente até vai contra a vontade de muita da população. Outra coisa é um isolacionismo inerente à própria mentalidade das pessoas, o que é o caso do nacionalismo (não necessariamente totalitário), onde as pessoas abraçam de livre e espontânea vontade essa forma de desconsiderar a maioria das nações deste planeta em benefício da sua própria nação.
Eu tenho uma amiga na Sérvia, mais propriamente Belgrado. E para ela conseguir o visto para penetrar no espaço Schengen também é uma luta dos diabos com o seu governo.
Aelle escreveu:
Historicamente não tenho nada contra o Marxismo e as suas conquistas. Mas revolta-me que os crimes em nome do "socialismo" sejam completamente branqueados e aceites, e por outro lado, não se possa ser nacionalista sem ser apelidado de fascista, nazi, racista, etc, etc. O deputado do PCP, Bernardino Soares, disse há um par de anos que a Coreia do Norte era livre e democrática, e na festa do Avante vendiam-se camisolas do Estaline. Não vi ninguém no Parlamento a chamar a extrema-esquerda de terrorista e totalitária. E ainda bem!
A mim também me revolta, está descansado. Para mim não devem existir double standards a menos que tal se justifique mesmo. E aceitar certas coisas de alguns comunistas (dependendo das suas correntes, já que o comunismo tem diversas correntes, inclusivamente anti-Estalinistas) enquanto se reprime o neonazismo, parece-me pouco salutar. Pessoalmente não tenho nada contra o Nacionalismo. Nem faço confusão entre Nazismo e Nacionalismo. Sei que o Nazismo é obrigatoriamente Nacionalista e Fascista, mas um Nacionalista não tem de ser um Neonazi nem apelar ao Fascismo.
De igual forma não confundo o Comunismo Totalitário com outras correntes Socialistas/Comunistas. Por exemplo Salvador Allende foi fruto de um regime socialista realmente democrático. Infelizmente os EUA trataram rapidamente do assunto. Questiono-me o que seria do Chile se não fosse esse golpe de estado criminoso que serviu para colocar no poder um dos maiores tiranos da História da América do Sul: Augusto Pinochet.
Como já ouvi alguém dizer... Por vezes os extremos tocam-se. Acho que este vídeo, que está muito bem concebido - diga-se de passagem, está excepcional na comparação que faz entre o regime de Estaline e o de Adolf Hitler:
Aelle escreveu:
Aliás, se pegarmos na História da II Guerra Mundial, as alianças internacionais mais espontâneas foram precisamente entre os países nacionalistas! Alemanha, Itália, Japão formaram o Pacto de Aço praticamente em cima do joelho, se me é permitida a expressão popular. Já para não falar de tantos outros países pequenos, como a Eslováquia, Hungria, Roménia, etc, que se alinharam com os Alemães. Os regimes liberais, esses sim, desconfiavam muito uns dos outros. E principalmente da URSS. E daí a Alemanha ter tido o sucesso inicial que teve. E só não venceu a guerra graças à megalomania de Hitler.
As nações que compunham os Aliados eram, por vezes, radicalmente diferentes entre si. Enquanto que as nações que compunham as potências do eixo tinham algo em comum, em especial o fascismo. Ou não fossem a Itália de Benito Mussolini e a Alemanha de Hitler os expoentes máximos do fascismo na altura. Enquanto que países como Inglaterra e França, líderes dos Aliados, tinham por vezes muito pouco a ver entre si em termos de regime político. A França encontrava-se num período do seu liberalismo social, enquanto que a Inglaterra permanecia na sua Monarquia Constitucional que não era assim tão liberal por aí além. É natural que os Aliados, que eram mais e mais variados, tivessem tantas diferenças entre si. E não te esqueças que a URSS só se juntou aos Aliados posteriormente, já que antes eles eram apenas mais um grupo ao barulho, digamos assim, a Comintern.
Aelle escreveu:
É muito, muito errado mesmo, dizer que o Nacionalismo é isolacionista em termos de mentalidade. As nações sempre cooperaram entre si. Independentemente dos regimes, e das circunstâncias históricas. Aliás, a verdadeira variedade e o verdadeiro multiculturalismo é precisamente os países distinguirem-se uns dos outros, a todos os níveis.
Claro que existem sempre cooperações, nem que seja em termos económicos. Tanto quanto sei o único país, apontado por um relatório que li da WWF, capaz de se aproximar mais da autonomia/desenvolvimento sustentável, é Cuba. E pelas razões que todos sabemos: Devido ao embargo e devido à forma como o povo tem sido (pobremente) governado. Mas creio que não percebeste o que quis dizer: em termos de mentalidade, quem é nacionalista é normalmente menos dado à integração com outros países. Muitos até se opõem à própria UE. (e estão no seu direito, obviamente), do que quem não se insere nos contornos do Nacionalismo. É um pouco como o etnocentrismo que é uma forma da pessoa valorizar a sua etnia em detrimento das restantes. Não é um bom exemplo, eu sei, porque são coisas diferentes - um remete a nações, e o outro a etnias/raças. Mas creio que em termos lógicos os padrões de diferenciação podem ser adaptados entre os dois contextos.
Aelle escreveu:
Se misturarmos um conjunto de bebidas num mesmo copo, estamos a destruir a essência de cada uma delas. E o resultado final, regra geral, é muito mau...
Exceptuando se a moda pegar e surgir mais um dos milhares (milhões?) de cocktails muito apreciados por este planeta fora.
Aelle escreveu:
Mais, não está na natureza do Ser Humano ser Cosmopolita. Claro, entre as classes altas, principalmente intelectuais, que vivem em outro mundo, é uma ideia muito querida.
Aelle, tens as tuas concepções sobre o mundo e eu as minhas. Mas acho que nem tu nem eu estamos em posição de definir o que é que é natural ou antinatural no ser humano. No entanto relembro-te que ainda antes de formarmos grandes sociedades nós éramos caçadores-recolectores, perfeitamente nomadas antes de desenvolvermos técnicas de agricultura que nos permitiram subsistir no mesmo pedaço de terra. Como é que não está na natureza da Humanidade ser-se Cosmopolita? Serei eu uma pessoa pouco natural? Ou serei eu um dos "intelectuais que vivem em outro mundo"? É uma posição como qualquer outra. Há quem valorize a sua nação, há quem valorize todas, há quem não veja nações, há quem seja niilista e abomine tudo o que é valor matricial de uma sociedade, há quem não valorize nenhuma e ainda há queira pôr um ponto final à sua vida o mais depressa possível por já não aguentar mais aquele que considera ser um mundo de merda. Para mim é uma questão de lógica. Não vejo lógica em sobrevalorizar a nossa nação como se ela fosse de longe mais importante que as restantes. A minha noção de sensatez impele-me a desconsiderar o nacionalismo e abraçar o Cosmopolitismo. Mesmo que eu nem tenha verbas ou vontade para poder viajar e fixar-me noutro ponto do planeta, percebes? É uma questão de perspectiva. E se calhar até valorizo e respeito mais o local onde vivo do que muitos nacionalistas que se calhar até lixo para a mata atiram.
Aelle escreveu:
Até as coisas começarem a azedar. Em 2007 a líder da Juventude Socialista Sueca, grande paladina e defensora do cosmopolitismo e dos imigrantes, teve que se demitir. Estava completamente bêbeda, na noite de Estocolmo (bela noite, aconselho), e quando o segurança (de origem africana) não a quis deixar entrar numa discoteca por esse efeito, ela começou a disparar, alto e bom som: "vai mas é para a tua terra, preto de m..."
Não sei o que é que isso tem de relevante para a conversa. Mais do que uma questão de ideologia, essa foi uma questão inerente à própria juventude: Excessos, hormonas, rebeldia, irreverência, estados alterados, asneiras. Quanto à questão racial da acusação: Após séculos e séculos de bombardeamento racial (e não só, o sexismo e a homofobia também) é natural que na altura do argumentum ad hominem se desça o mais baixo possível e se vá recorrer aos termos populares mais brejeiros que se encontrem.
Aelle escreveu:
Quando elas mordem, lá se vai o cosmopolitismo, o humanismo, a solidariedade para com os parasitas, o humanismo para com os criminosos, e essas patetices todas que NÃO fazem parte da Natureza Humana.
Outra vez? É uma convicção tua ou é uma conclusão científica? Podes indicar-me o estudo? Olha posso dar muito mais exemplos: quando elas mordem lá se vai tudo. Incluindo o sentido de Justiça. Por alguma razão aqueles de jurisprudência não podem ter relações emocionais com os casos em julgamento. A parcialidade é um obstáculo à justiça que se quer cega e perfeitamente imparcial. Há muita coisa capaz de destronar temporariamente a mais nobre das intenções. Exemplo: Não sei se és contra a pena de morte, mas para quem é e vê um familiar seu assassinado, na altura passa-lhe tudo pela cabeça. É a chamada "cabeça quente", e chega mesmo ao ponto de ir contra a própria convicção de que a pena de morte é errada. Será que isso significa que não é natural à natureza humana ser-se contra a pena de morte? Ou será que significa antes que quando temos uma relação emocional com determinado acontecimento temos mais dificuldade em ver as coisas através do prisma racional e abraçamo-nos aos sentimentos desesperados de vingança, ódio, destruição, etc...?
Última edição por Averróis em Dom Jul 18, 2010 7:14 pm, editado 2 vez(es)
Kraft durch Freude Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2054 Raça : Ent/Povo das Árvores Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista)
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 6:45 pm
Averróis escreveu:
Outra coisa é um isolacionismo inerente à própria mentalidade das pessoas, o que é o caso do nacionalismo (não necessariamente totalitário), onde as pessoas abraçam de livre e espontânea vontade essa forma de desconsiderar a maioria das nações deste planeta em benefício da sua própria nação.
Blhéq.
Posso dar-te uma chapada por cada vez que dizes isto? É que fico com a sensação de ter apanhado uma de cada vez que o leio.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 6:52 pm
Kraft durch Freude escreveu:
Averróis escreveu:
Outra coisa é um isolacionismo inerente à própria mentalidade das pessoas, o que é o caso do nacionalismo (não necessariamente totalitário), onde as pessoas abraçam de livre e espontânea vontade essa forma de desconsiderar a maioria das nações deste planeta em benefício da sua própria nação.
Blhéq.
Posso dar-te uma chapada por cada vez que dizes isto? É que fico com a sensação de ter apanhado uma de cada vez que o leio.
Desde que essa chapada respeite os princípios de uma troca de opiniões, sendo figurativa - sem argumentum ad hominem - e cabendo na definição de "discórdia", então podes. Segue o meu raciocínio: Se valorizas mais o teu país então é porque consideras que ele é mais importante. Se consideras que ele é mais importante, então os outros só podem ser (comparativamente) menos importantes. Ora isso cumpre todos os requisitos para a minha definição de "desvalorização", uma vez que ela é o subproduto lógico do acto de se sobrevalorizar algo. E repara que não digo que estás a desvalorizá-los a pontos extremos e de forma altamente nociva (ao ponto de desejar a sua destruição e de contribuíres para ela). Nada disso.
Kraft durch Freude Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2054 Raça : Ent/Povo das Árvores Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista)
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 7:25 pm
Nah, era mesmo uma chapada física. Combinamos um dia, hora e local e vou lá dar-te uns tabefes. O que é que te parece?
Então parece um problema de definição de conceitos. Usemos então esta régua high-tech:
-1----------0----------1
No 0 ponho a indiferença. No 1 fica o "über alles" a qualquer custo. No -1, "deviam ser aniquilados".
Se bem percebi, tu colocas a defesa de toda e qualquer cultura entre o 0 e o 1, todas contentes e juntinhas no mesmo valor. :>
Eu ponho a defesa da cultura que herdei mais próximo do 1 do que do 0. Digamos, no 0,75. Todas as outras provavelmente ficam à volta do 0,6~0,7 ou coisa que as valha. Mas antes está Portugal, a Europa, a Terra (no caso de aparecerem aí uns Senhores E.T.s um dia destes) e assim por aí em diante.
Da forma como o interpreto, o pensamento de que "o que é nacional é mau" faz "o que é nacional" apontar para valores abaixo de 0. Exaltar/sobrevalorizar o seu pedaço de terra em detrimento/desprezo/desconsideração das restantes coloca "o seu pedaço de terra" em valores maiores que 0 e potencialmente até acima do 1 e leva as restantes para próximo do 0 e muito possivelmente abaixo de 0.
Não concordo com a analogia da balança. Não acho que por valorizares o que é teu mais do que aquilo que não é, estejas automaticamente condenado fazer baixar o outro prato. Se usares uma régua podes colocar as coisas no sítio em que achares mais adequado sem teres de inferiorizar ninguém.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 9:34 pm
Kraft durch Freude escreveu:
Nah, era mesmo uma chapada física. Combinamos um dia, hora e local e vou lá dar-te uns tabefes. O que é que te parece?
Parece-me uma péssima ideia contra alguém que pratique Krav Maga! Mas como não é o caso, tudo bem.
Kraft durch Freude escreveu:
Então parece um problema de definição de conceitos.
Sim, creio que sim.
Kraft durch Freude escreveu:
Usemos então esta régua high-tech:
-1----------0----------1
No 0 ponho a indiferença. No 1 fica o "über alles" a qualquer custo. No -1, "deviam ser aniquilados".
Se bem percebi, tu colocas a defesa de toda e qualquer cultura entre o 0 e o 1, todas contentes e juntinhas no mesmo valor. :>
Exactly. Sob pretexto de que cada uma tem a mesmíssima relevância para a importância que damos ao planeta. Que, pessoalmente, considero transcender qualquer definição de país ou continente. Isso não significa que eu seja cego à unicidade de cada ponto geográfico. Nada disso. Significa é que o país onde vivo vale tanto quanto os outros. E tudo merece o meu maior respeito e consideração. E não é só a nível cultural e civilizacional. É a todos os níveis: Em termos de riqueza natural, importância para o ecossistema, etc. Enfim, para mim tudo importa. São as diferentes componentes geográficas que dão coerência e sustentam o mundo tal como o conhecemos.
Kraft durch Freude escreveu:
Eu ponho a defesa da cultura que herdei mais próximo do 1 do que do 0. Digamos, no 0,75. Todas as outras provavelmente ficam à volta do 0,6~0,7 ou coisa que as valha. Mas antes está Portugal, a Europa, a Terra (no caso de aparecerem aí uns Senhores E.T.s um dia destes) e assim por aí em diante.
Sim, percebo isso. Na forma como vês as coisas, consideras-te ser a favor da existência e defesa de tudo, mas valorizas mais Portugal. Mas isso é apenas um dos eixos, esse é aquele eixo em que se traduz se as tuas acções/mentalidade são assumidamente danosas ou não (segundo a concepção moral intrínseca à época em que se insere). Já eu estou a usar um outro eixo que representa o valor de desigualdade na consideração que tens relativa aos dois valores que apresentaste, que no meu gráfico são variáveis. Transformando também em gráfico:
cp----------x----------cr
No meu eixo existe a variável da consideração que tens pelo teu país (variável "cp") e a consideração que tens pelos restantes (variável "cr"). Portanto o teu "cp" é de 0,75 e o teu "cr" é de 0,6. No meu gráfico não existe "zero", existe "x", que significa que ambos os valores cp e cr são iguais em termos de valor. E este é um outro eixo em tudo relacionável com o teu eixo, e pode ser achado tanto no lado positivo como no negativo. Se os teus valores fossem transferidos para o lado negativo eu continuava a conseguir encontrar uma desconsideração maior tua forma de encarar os restantes países, mesmo que só por si não fosses grande amante da defesa da soberania do teu país. Percebes?
Ou seja só há 2 opções (é uma lógica binária): Ou a tua consideração é a mesma para ambas, ou então só pode ser diferente (sendo favorável ou desfavorável em relação à outra). É daí que surge a consideração/desconsideração que consigo encontrar na tua posição. Acho que me fiz entender. A minha consideração situa-se em "x", isto é, tanto o meu "cp" como o meu "cr" têm exactamente o mesmo valor... O que pode encerrar um qualquer valor no teu gráfico que vai de -1 a 1. Esse meu "x" é compatível com as posições "-1", a "0", a "1", ou qualquer outro valor entre eles.
E diria que para mim tanto o "cp" e o "cr" têm o valor de 0,70: Alto respeito pela defesa da riqueza e pela valorização da sua existência.
Kraft durch Freude escreveu:
Da forma como o interpreto, o pensamento de que "o que é nacional é mau" faz "o que é nacional" apontar para valores abaixo de 0.
Na minha vai significar que "cp" tem um valor negativo. Esse valor poderá ser mais favorável ou pior que o de "cr", ou poderá ser o mesmo, significando que não se reconhece importância de nenhum país e das suas riquezas naturais.
Kraft durch Freude escreveu:
Exaltar/sobrevalorizar o seu pedaço de terra em detrimento/desprezo/desconsideração das restantes coloca "o seu pedaço de terra" em valores maiores que 0 e potencialmente até acima do 1 e leva as restantes para próximo do 0 e muito possivelmente abaixo de 0.
Exacto. Por isso mesmo é que 0,6 é mais próximo do 0 do que 0,75 É daí que se extrai o resultado entre a desigualdade de valores. Extrai-se a consideração relativa E é a partir dele que se determina se a consideração é igual ou diferente (para mais ou para menos). Tendo isso em conta nós podemos menosprezar os outros países por sobrevalorizarmos o nosso, sem que no entanto tenhamos de querer que os outros países cessem de existir.
Kraft durch Freude escreveu:
Não concordo com a analogia da balança. Não acho que por valorizares o que é teu mais do que aquilo que não é, estejas automaticamente condenado fazer baixar o outro prato. Se usares uma régua podes colocar as coisas no sítio em que achares mais adequado sem teres de inferiorizar ninguém.
Claro que as coisas irão tender para um prato assim que começas a colocar mais peso (valor) a um deles. É o princípio de equilíbrio/desequilíbrio entre opostos. Não existem ricos sem existirem pobres. Tal como não existem altos sem existirem baixos. Não existe o bem se não existir o mal, da mesmíssima forma não existe a desvalorização sem existir a valorização Ora a tua desvalorização pode não ser uma desvalorização absoluta, mas é certamente uma desvalorização relativa. Como é que queres valorizar mais algo sem que isso resulte no efeito inverso em relação às restantes? Não é filosofia, é lógica
Última edição por Averróis em Dom Jul 18, 2010 9:47 pm, editado 2 vez(es)
Floresta Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2477 Idade : 35 Local : Lisboa Raça : Ent/Povo das Árvores Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Preto
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 9:42 pm
Meus senhores, gosto muito de filosofia, mas por favor, menos testamento! Não somos católicos!
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 18, 2010 10:53 pm
Odal escreveu:
Meus senhores, gosto muito de filosofia, mas por favor, menos testamento! Não somos católicos!
O meu próximo post vai ser comparável ao Mahabharata
Já agora, aqui fica uma imagem a ilustrar melhor o que disse no post anterior e a forma como se conjuga a minha percepção com a do Kraft durch Freude:
N. de Mensagens : 76 Idade : 40 Local : Barreiro Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Hades (Submundo/Pranto/Morte) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Jul 22, 2010 2:00 pm
Em relação aos produtos o que vem de fora é mais barato e 98% dos casos tem mais qualidade, para que comprar mais caro e com qualidade inferior?
Em relação a cultura (musica etc...) nós temos coisas boas mas infelizmente essas coisas boas que temos são as que saltam menos a vista, infelizmente o mais podre que temos é o que salta mais a vista e é mais conhecido pela grande meioria dos portugueses.
Siivet Mestre
N. de Mensagens : 750 Idade : 41 Local : Sintra Raça : Troll Elemento : Terra/Rocha Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista) Cor : Preto
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 25, 2010 12:02 am
Em relação aos produtos o que vem de fora é mais barato e 98% dos casos tem mais qualidade, para que comprar mais caro e com qualidade inferior?
Em relação a cultura (musica etc...) nós temos coisas boas mas infelizmente essas coisas boas que temos são as que saltam menos a vista, infelizmente o mais podre que temos é o que salta mais a vista e é mais conhecido pela grande meioria dos portugueses.
As coisas boas só saltam menos á vista porque o povo não é educado desde pequeno a apreciar as coisas boas, e com o passar do tempo acaba por apreciar as coisas boas dos países que valorizam a sua cultura e arte.
Aelle Mestre
N. de Mensagens : 748 Idade : 41 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 25, 2010 12:48 am
Averróis, eu valorizo mais a minha família que a do vizinho. E penso que ele não considerará isso como um insulto, ou uma manifestação de superioridade, em relação à dele.
Aliás, estou certo que ele também valoriza mais a dele que a minha.
Uma nação, acaba por ser uma família. E enfim, tal como numa família, não escolhemos o que nos calha em sorte. Mas é com eles que temos que trabalhar para nos elevarmos em conjunto. E claro, põr para o lado as maçãs podres.
Eu sou contra a presença de Portugal na U.E. pela simples razão de que ela não foi referendada. Nem a adesão ao Euro. Nem as circunstâncias e consequências que tal adesão teria, a longo prazo, para o país.
Os caçadores recolectores eram nómadas, sim. Aliás, nem precisas de ir tão longe. Os antigos Germanos (grande dor de cabeça de César), eram, eles próprios, semi-nómadas. Os diferentes povos germãnicos moviam-se dentro das suas terras, mas não se fixavam. E apesar de haver uma grande rivalidade entre eles (chegou-se ao cúmulo dos Godos se subdividirem entre Ostrogodos e Visigodos), o seu conceito de Território, e de Comunhão Étnica e Cultural era muito grande, quando se tratava de lutar contra o invasor. O que se verificou aquando a queda de Roma, e muito antes, em outras ocasiões.
Eu baseio-me na História, que é a melhor forma de analisar os comportamentos humanos, para expor as minhas ideias neste assunto. E também a minha própria análise do mundo que me rodeia, e da minha própria percepção sobre o tema.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 25, 2010 5:33 am
Aelle escreveu:
Averróis, eu valorizo mais a minha família que a do vizinho. E penso que ele não considerará isso como um insulto, ou uma manifestação de superioridade, em relação à dele.
As relações emocionais e de afecção tendem em ser tudo menos imparciais. Por alguma razão um juiz não pode julgar um membro da sua própria família, ou um grande amigo de infância. A justiça que se preze precisa de ser imparcial, e as relações emocionais com um dos lados podem influenciar o julgamento de uma forma menos desejável que aquela que seria de esperar.
Pessoalmente não direi que um irmão meu é melhor informático que uma pessoa que eu não conheça pessoalmente (mas conheça o seu trabalho) só por este ser meu irmão. Eu tenho a tendência para valorizar as pessoas não quanto ao seu grau de relacionamento comigo, mas sim quanto às questões que realmente importam. Para dar um exemplo: Fico realmente aborrecido quando um amigo meu que seja músico me pede directamente um voto nele num qualquer concurso... Porquê? Primeiro porque é falta de humildade dele, podia sugerir para votar possivelmente nele, mas apenas após considerar e analisar as diversas possibilidades em jogo. Não gosto de "votos comprados", já que isso aumenta exponencialmente a possibilidade de obter um vencedor de forma injusta, com claro prejuízo para a relevância do concurso.
Este é apenas um exemplo. Dou valor aos meus amigos e aos meus familiares mas apenas no que considero justificável. Não vou para lá do que considero são (de sanidade).
Aelle escreveu:
Aliás, estou certo que ele também valoriza mais a dele que a minha.
Uma nação, acaba por ser uma família. E enfim, tal como numa família, não escolhemos o que nos calha em sorte. Mas é com eles que temos que trabalhar para nos elevarmos em conjunto. E claro, põr para o lado as maçãs podres.
Na minha visão eu tento ser o mais imparcial possível. Mais uma vez não valorizo a minha nação num determinado aspecto se não encontrar razões sólidas para o fazer. Idem para outros países. E não considero o meu país como um maior merecedor de respeitabilidade do que outro país, até porque respeito todos os pontos geográficos por igual. E aprecio determinadas características em cada um deles de acordo com os meus gostos e interesses. Por exemplo aprecio a ilha de Cozumel pelos seus vestígios dos antigos Ameríndios. De igual forma aprecio a riqueza cultural do Egipto pelo que foi e é.
Considero a minha nação tão merecedora de admiração quanto qualquer outro país. Cada país tem as suas atracções, as suas peculiaridades, e cada país pode ser mais forte num determinado sector. Mas isso não significa que esse país mereça maior ou menor grau de respeitabilidade. Alem disso eu sei fazer a distinção entre governo, povo e riqueza natural.
Se um país pode ser considerado uma família (heterogénea), o planeta também pode, creio eu. Até porque as fronteiras de um país são, como já disse, virtuais e até mutáveis. A Rússia por exemplo tem um tamanho enorme, é quase um continente inteiro. O Império Mongol ainda foi maior que a actual Rússia. Para mim não são as fronteiras que definem a minha valorização pelo pedaço de terra a que damos o nome de país. Alem disso eu num país estou longe de valorizar somente a civilização, que é acima de tudo artificial. Eu valorizo bastante a componente natural, talvez seja aquilo que mais pesa para mim.
Mudar o que considero incorrecto também é para mim uma prioridade.
Aelle escreveu:
Eu sou contra a presença de Portugal na U.E. pela simples razão de que ela não foi referendada. Nem a adesão ao Euro. Nem as circunstâncias e consequências que tal adesão teria, a longo prazo, para o país.
Pessoalmente também não gosto da quase inexistência de referendos. Infelizmente vivemos numa Democracia Representativa. Eu gostava de viver numa Democracia Directa/Participativa, onde cada cidadão é frequentemente consultado quanto às decisões que lhe dizem respeito directamente no quotidiano. Nem que tivessem de implementar um sistema de referendo electrónico para evitar os problemas lógicos que advêm da mobilização regular para voto físico. Com a massificação da tecnologia (telemóveis e PC's com acesso à Internet) creio que isso é mais verosímil de resultar do que nunca... A Suíça é o país mais sortudo nesse aspecto, já que conta com uma Democracia Semi-Directa, onde as pessoas são mais frequentemente consultadas. Para mim o referendo é a principal ferramenta à disposição da população para que se possa fazer renascer o verdadeiro sentido etimológico da palavra "Democracia". Contudo não é o facto de um assunto ser ou deixar de ser referendado que determina se concordo com uma determinada posição ou não. Por exemplo sou a favor do casamento entre homossexuais mas mais uma vez não gostei que o assunto não fosse a referendo. Tecnicamente sou a favor da sua implementação, mas não da forma com que ele foi implementado. (já agora, eu respondi à tua mensagem no tópico sobre esse assunto aqui há uns dias atrás: http://folklusitania.heavenforum.org/academia-de-filosofia-f3/casamento-homosexual-e-adopcao-t440.htm )
Pessoalmente sou a favor da U.E, apenas e só no que considerar benéfico, como a questão da regulamentação dos produtos. Acho que a U.E. tem feito um bom trabalho em termos de exigências nas informações disponibilizadas nos produtos (especialmente bens de consumo). Um exemplo disso é a fácil medição da eficiência energética de um frigorífico, por exemplo, entre outras coisas. Obviamente que também tem as suas falhas, nada é perfeito... Algumas medidas podem ser vistas como negativas como é o caso da imposição de limites de produção em determinados países. (como aconteceu com o leite...)
Aelle escreveu:
Os caçadores recolectores eram nómadas, sim. Aliás, nem precisas de ir tão longe. Os antigos Germanos (grande dor de cabeça de César), eram, eles próprios, semi-nómadas. Os diferentes povos germãnicos moviam-se dentro das suas terras, mas não se fixavam. E apesar de haver uma grande rivalidade entre eles (chegou-se ao cúmulo dos Godos se subdividirem entre Ostrogodos e Visigodos), o seu conceito de Território, e de Comunhão Étnica e Cultural era muito grande, quando se tratava de lutar contra o invasor. O que se verificou aquando a queda de Roma, e muito antes, em outras ocasiões.
Eu baseio-me na História, que é a melhor forma de analisar os comportamentos humanos, para expor as minhas ideias neste assunto. E também a minha própria análise do mundo que me rodeia, e da minha própria percepção sobre o tema.
E então qual é a tua posição em concreto neste assunto?
Por um lado afirmas que uma nação é como uma família que recebe mais importância da tua parte. Por outro dizes basear-te na História da Humanidade para analisar os comportamentos humanos e teceres as tuas ideias relativamente a estes assuntos e acabas por dar exemplos de povos que eram nómadas no interior da Europa (que se instalavam temporariamente de uma ponta à outra).
Afinal o nacionalismo justifica-se? E o cosmopolitismo também se justifica?
Pessoalmente acho que cada um é livre de ver as coisas da sua maneira. Quanto a mim acho que não devo sobrevalorizar o meu país só porque aconteceu nascer neste pedaço de terra. Valorizo-o pelo que achar que devo valorizar e critico-o pelo que achar que devo criticar (e de preferência tentar actuar para mudar o que considero estar mal). Mas sinceramente não me vejo a considerar o meu país como sendo mais importante ou valioso para o planeta do que os outros... Até porque quanto a isso eu considero mais importantes as características naturais presentes em cada país, que costumam ser absolutamente indiferentes às civilizações humanas que lá habitam através das conquistas militares, colonizações ou migrações. Todas essas zonas - que classificamos como regiões - são necessárias e igualmente importantes para dar a congruência ao nosso planeta tal como o conhecemos.
Nota: escrevi isto às 6 e tal da manhã, sem ter ainda dormido... espero ter conseguido fazer passar a minha opinião de uma forma suficientemente clara.
Aelle Mestre
N. de Mensagens : 748 Idade : 41 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 25, 2010 7:10 pm
A moral da História é que o "nacionalismo", ou tribalismo em grande escala, o sentimento de pertença a um grande grupo homogéneo, é intrínseco ao ser humano, e vai muito para lá do conceito político de Nação.
Aliás, é intrínseco a várias outras espécies animais aparentadas com a nossa. Não nos consideremos assim tão celestiais e divinos quanto isso.
Eu não digo que a minha família é melhor que as outras. Aliás, como qualquer família, é composta por várias pessoas, sendo algumas valorosas, e outras o exacto oposto.
Simplesmente digo que, pelo facto de ser a minha família, tenho inclinação para cooperar com ela e associar-me com ela. Mesmo quando isso não me agrada. E mesmo não me dando bem com todas as pessoas do "clan". E mais, dentro da própria Família Alargada, há pequenas hierarquias afectivas e de preferência. Os filhos estão acima dos primos, os pais estão acima dos tios, etc, etc. Cada Família Alargada é composta por pequenas famílias, que funcionam como clans. E também por pessoas que vivem sozinhas por variadas razões.
Quem diz família, diz um grupo de amigos, por exemplo. É a nossa tribo, o nosso clan.
Quando estive na Suécia tive uma conversa interessante com um Sueco, que dizia que se sente mais próximo de um Norueguês autóctone, do que de um Sueco naturalizado, de etnia e cultura diferentes. Ou seja, aqui nem é "Nacionalismo" na sua forma política.
Os Noruegueses e os Suecos (entre outros) partilham a mesma História, a mesma cultura, a mesma matriz étnica, até a mesma língua. Sentem-se mais próximos entre si que de imigrantes naturalizados, que transportam culturas e formas de vida diferentes.
Como um português se sente culturalmente mais próximo de um espanhol, que do Francis Obikwelu, ou dos portugueses de origem africana, ou dos portugueses naturalizados oriundos da Europa do Leste.
E como um Russo europeu, se sente mais próximo de um Ucraniano, que de um Russo asiático.
Repito e concluo: A "nacionalidade" está intrínseca nos povos. Não é definida por leis. Ou até pelo conceito político. Eu nunca verei algumas pessoas como portuguesas. Por muito que a lei o diga que são.
Kraft durch Freude Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2054 Raça : Ent/Povo das Árvores Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista)
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 25, 2010 8:57 pm
Aelle escreveu:
Como um português se sente culturalmente mais próximo de um espanhol, que do Francis Obikwelu, ou dos portugueses de origem africana, ou dos portugueses naturalizados oriundos da Europa do Leste.
Ai credo! Conheço quem teria vontade de te crucificar se te ouvisse proferir tal coisa.
Ceinwyn Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3936 Idade : 38 Raça : Gárgula Elemento : Terra/Rocha Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista) Cor : Vermelho
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 25, 2010 9:35 pm
Kraft durch Freude escreveu:
Aelle escreveu:
Como um português se sente culturalmente mais próximo de um espanhol, que do Francis Obikwelu, ou dos portugueses de origem africana, ou dos portugueses naturalizados oriundos da Europa do Leste.
Ai credo! Conheço quem teria vontade de te crucificar se te ouvisse proferir tal coisa.
Crucificar anti-cristãos deve ter a sua piada
Eu não tenho inclinação para cooperar com os membros da minha família de quem não gosto, ó Aelle. Quanto à proximidade cultural: ok, identificamo-nos mais com os espanhóis que com o Obikwelu, mas isso não quer dizer que tenhamos a cultura espanhola como superior à dele. Terá coisas melhores e coisas piores, mas isso é como em tudo, e não significa que lhe demos preferência. Por exemplo, o Aelle sente-se mais próximo culturalmente dum espanhol que do sueco com quem andou a falar e no entanto consta-me que tem a bandeira sueca lá em casa, em vez da espanhola ou mesmo da portuguesa
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Dom Jul 25, 2010 10:16 pm
Aelle escreveu:
A moral da História é que o "nacionalismo", ou tribalismo em grande escala, o sentimento de pertença a um grande grupo homogéneo, é intrínseco ao ser humano, e vai muito para lá do conceito político de Nação.
Não podemos confundir a necessidade de estabelecer uma identidade cultural e tribal com questões concretas como o Nacionalismo. São coisas diferentes. Os povos nómadas não podem ser de todos considerados como Nacionalistas, mas nem por isso deixam de pertencer a uma uma tribo e afirmarem-se como tal. Para mim o Nacionalismo erra em dois pontos: A ideia errada de que a terra é algo que nos pertence, uma posse material, o que choca com a minha convicção que somos nós que pertencemos à terra/Natureza e não o contrário. E erra numa tendência que existe em criar cisão entre os povos do mundo, o que normalmente cria atritos crescentes e despoleta guerras e sentimentos de ódio, racismo, xenofobia, e outras intolerâncias que considero serem absolutamente desnecessárias em seres racionais que somos.
Segundo a forma como vejo as coisas eu não afasto a necessidade existência de diferentes identidades culturais. Elas existem não só entre países, mas também entre diferentes províncias dentro de cada país. Também não sou contra a uniformização e a dissolução dessas diferenças. Acho que se deve respeitar cada diferença e não forçar uma ideia estereotipada de que se pertence a uma nação... Tenhamos por exemplo a Macedónia ou a Córsega, que são regiões disputadas há séculos entre diferentes países. As nações são muitas vezes noções impostas que podem nem corresponder às expectativas das culturas nativas de um determinado ponto geográfico.
Aelle escreveu:
Aliás, é intrínseco a várias outras espécies animais aparentadas com a nossa. Não nos consideremos assim tão celestiais e divinos quanto isso.
Não somos certamente divinos. Mas temos algumas coisas que se calhar nos tornam diferentes em termos de atitude e capacidade adaptativa: a consciência, a cognição, a moral, a ética, a tecnologia, a comunicação complexa e a facilidade em suprimir diversas desvantagens. Mas mesmo nos animais territoriais, os diferentes territórios não são mantidos definitivamente. Estão constantemente à procura de novos territórios capazes de lhes fornecer o alimento de que necessitam. Só quando o homem começou a domar o fogo, a domesticação de gado e as técnicas de agricultura é que se tornou possível o desenvolvimento de um território fixo. Antes disso era perfeitamente natural migrar constantemente. Ainda existem povos assim, como é o caso dos Tuaregues, os nómadas do deserto.
Por esse prisma não sei se o nacionalismo será algo intrínseco à humanidade. Questões como a tribo, a identidade cultural e outras variantes são geralmente indiferentes à base ideológica do nacionalismo, podendo ou não estar relacionadas. Como já disse dentro dos diferentes países conseguimos encontrar culturas muito diferentes. Portugal, Espanha e França são exemplos disso, sendo que França será provavelmente o exemplo mais gritante. O norte de Portugal tem uma forte influência Galaica nas suas raízes, por exemplo. As fronteiras dos países estão constantemente em mutação, catalisadas com os conflitos e conquistas. Penso que é importante não confundir noções de países - que muitas vezes são impostos por impérios que tomam conta de uma extensão de terreno, onde as pessoas são no mínimo impotentes para deter controle sobre tais avanços - com noções de culturas e tribos.
Aelle escreveu:
Eu não digo que a minha família é melhor que as outras. Aliás, como qualquer família, é composta por várias pessoas, sendo algumas valorosas, e outras o exacto oposto.
Nem mais.
Aelle escreveu:
Simplesmente digo que, pelo facto de ser a minha família, tenho inclinação para cooperar com ela e associar-me com ela. Mesmo quando isso não me agrada. E mesmo não me dando bem com todas as pessoas do "clan". E mais, dentro da própria Família Alargada, há pequenas hierarquias afectivas e de preferência. Os filhos estão acima dos primos, os pais estão acima dos tios, etc, etc. Cada Família Alargada é composta por pequenas famílias, que funcionam como clans. E também por pessoas que vivem sozinhas por variadas razões.
Quem diz família, diz um grupo de amigos, por exemplo. É a nossa tribo, o nosso clan.
O nacionalismo é indiferente a tudo isso. Dentro de uma nação podem existir as mais variadas diferenças culturais. Abaixo até referiste o exemplo dos russos siberianos que vivem junto à fronteira com a China ou a Mongólia e que são muito diferentes dos russos que vivem junto ao continente Europeu. Por vezes é fácil encontrar discrepâncias internas - como já referi a Córsega e a Macedónia - e também é fácil encontrar países com costumes e culturas muito semelhantes (e não me refiro ao efeito da globalização).
Aelle escreveu:
Quando estive na Suécia tive uma conversa interessante com um Sueco, que dizia que se sente mais próximo de um Norueguês autóctone, do que de um Sueco naturalizado, de etnia e cultura diferentes. Ou seja, aqui nem é "Nacionalismo" na sua forma política.
Os Noruegueses e os Suecos (entre outros) partilham a mesma História, a mesma cultura, a mesma matriz étnica, até a mesma língua. Sentem-se mais próximos entre si que de imigrantes naturalizados, que transportam culturas e formas de vida diferentes.
Como um português se sente culturalmente mais próximo de um espanhol, que do Francis Obikwelu, ou dos portugueses de origem africana, ou dos portugueses naturalizados oriundos da Europa do Leste.
E como um Russo europeu, se sente mais próximo de um Ucraniano, que de um Russo asiático.
Repito e concluo: A "nacionalidade" está intrínseca nos povos. Não é definida por leis. Ou até pelo conceito político. Eu nunca verei algumas pessoas como portuguesas. Por muito que a lei o diga que são.
Como dizes ser um estudioso/admirador da História da Humanidade (e de diversas outras componentes antropológicas?), creio que saberás reconhecer que o ser humano é porventura o ser vivo com maior facilidade de adaptação aos diferentes ambientes e às diferenças culturais, isto desde que este seja inserido na sociedade desde o início. As línguas, tradições e interesses não são traços genéticos intrínsecos aos habitantes. São aspectos culturais passados de geração em geração através da fantástica habilidade cognitiva que possuímos e decorrentes da nossa necessidade racional de buscar uma identidade. A criação dessa identidade depende muito da fase da educação enquanto a pessoa é jovem. Conhecer o que nos rodeia é uma jornada que geralmente começa por descobrirmo-nos primeiro a nós próprios, e nessa altura recorremos ao conhecimento que os outros partilham connosco. É perfeitamente possível que um bebé de ameríndios se adapte perfeitamente a uma grande metrópole como Nova Iorque, desde que receba uma educação e uma integração nos devidos conformes. Pela tua lógica, no caso dos Americanos poder-se-á então até dizer que os ameríndios são os verdadeiros americanos, não há ninguém mais americano que eles.... Mas posso usar esse exemplo para demonstrar que nem tudo é assim tão linear. É que os próprios nativos americanos são por si só descendentes de asiáticos que migraram para as Américas através do Estreito de Bering. Isso é verificável através da análise ao ADN mitocondrial. A análise ao ADN mitocondrial creio que esclarece muitas dúvidas. A Humanidade tem origens comuns, partilhamos os mesmos antepassados com as diferentes etnias. Portanto sim, somos todos uma grande família dividida por fronteiras imaginárias. Mas nenhum de nós é dono de determinado pedaço de terra. É o que investigações ao ADN como o National Genographic Project determinaram: que temos um ancestral comum que terá surgido inicialmente em África.
Em relação à sociedade e ao estatuto de cidadão: creio que o mais importante é o contributo e o esforço em levar para a frente os objectivos de uma sociedade mais fortalecida. E isso é algo em que um Obikwelu ou qualquer outro poderá fazer independentemente da sua ascendência. Infelizmente existem vários indivíduos cuja a ascendência viveu contra a sua vontade sob o domínio Português (que não é o caso do Obikwelu). São agora muitos desses que buscam uma naturalização por estes lados.
Aelle Mestre
N. de Mensagens : 748 Idade : 41 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Seg Jul 26, 2010 1:08 am
Eu penso que o amigo Kraft estava a ser irónico
Em todo o caso, a crucifixação era um modo de condenar à morte quem se portava mal no Império Romano. Que eram, na sua esmagadora maioria, pagãos! Mas pronto, o JC ficou com os créditos.
JC = Jesus Cristo, não Júlio César.
Atenção que eu disse precisamente que o conceito de pertença a um povo estava para além do território que esse povo ocupa. Embora, uma vez que esse território foi forjado por determinado povo, é apenas natural que haja um sentimento de pertença. E a palavra-chave aqui é mesmo essa: pertença.
Dou exemplos generalistas, que, quer gostemos quer não, são os que vingam. E é através deles que compreendemos as realidades dos povos. É óbvio que um português emigrado nos Estados Unidos, ou na Suiça, tem mais proximidade cultural com os americanos e os suiços. E eu, por razões que a Ceinwyn conhece, tenho mais proximidade cultural com os escandinavos.
Por acaso não tenho uma bandeira sueca. Mas curiosamente, nas lojas de artigos típicos suecos, para turistas, vendem-se tanto bandeiras suecas como norueguesas.
De resto, as figuras mais notáveis de um país não têm necessariamente de se enquadrar na sua cultura de massas. Fernando Pessoa era um autêntico outsider em relação à vida quotidiana! Álvaro Cunhal, por muito amor a Moscovo que tivesse, lutou sempre pelo seu país. Eça de Queirós detestava isto, e só estava bem a viver no Estrangeiro. Antero de Quental, socialista radical. O próprio Salazar até nem era muito de futebol, nem fátima, nem fado.
E todas estas pessoas são símbolos máximos da nação, quer se goste, quer não. E por motivos diferentes. Mas há sempre uma pequena matriz, e um denominador comum que as une.
Aliás, o nosso próprio país, é, em si mesmo, uma grande sopa de variedade cultural. Vamos ao Norte, ao Sul, às Ilhas, e notamos enormes diferenças em todo o espírito "volkish". A própria forma de estar, a música, a comida, os hábitos, etc, etc. E isso tem a ver com a grande quantidade de povos que deram origem a Portugal. Em todo o caso, essa sopa já está feita e consolidada há muito tempo. Não me parece que haja espaço para mais ingredientes, que só se revelarão explosivos. Enough is enough, como dizem os amigos anglo-saxóes.
Os Portugueses são dos povos menos xenófobos que existem na Europa, e serão vítimas disso a longo prazo. Ser Português é ser cosmopolita e multi-cultural quanto baste. A História dá-nos esse atestado. Enquanto cidadão Português, não admito a ninguém que acuse o meu povo (quer goste dele, ou não), de ser xenófobo ou racista. E temos este exemplo delicioso da incontornável História. Os dois símbolos do nosso terrível regime fascista, racista, conservador e nacionalista eram precisamente:
Eusébio: um moçambicano negro.
e Amália Rodrigues: uma mulher, artista e boémia!
Eu sou um pan-europeísta. Defendo uma Europa forte, de Nações fortes, diferentes e cooperantes entre si. E naturalmente, de fronteiras fechadíssimas para o resto do Mundo.
Quanto ao ADN e às raças, nunca quis entrar por aí, nem o farei.
As maiores matanças étnicas pós Segunda Guerra Mundial foram e são precisamente entre grupos da mesma "raça" e das mesmas etnias. Há casos em que estamos a falar de uma espécie de conflito sub-étnico, apoiado na religião. Sunitas e Xiitas, o massacre do Ruanda, sul-africanos que queimam vivos imigrantes moçambicanos, tensões étnicas na Ásia, etc, etc.
E claro, se falamos da importância do que é uma Nação, perguntemos aos israelitas/judeus: O que eram eles antes de Israel, e o que são agora? E perguntemos também aos oprimidos Palestinianos, o quanto melhoraria a vida deles, se finalmente tivessem o seu Estado, a sua Nação, e não um pedaço de terra sem protecção nem lei.
Kraft durch Freude Herói/Heroína mitológic@
N. de Mensagens : 2054 Raça : Ent/Povo das Árvores Deus : Ares (Guerra/Heroísmo/Conquista)
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Seg Jul 26, 2010 10:14 am
Aelle escreveu:
Eu penso que o amigo Kraft estava a ser irónico
Sim e não. Ok, crucificar talvez fosse um exagero, mas conheço quem tivesse vontade de pelo menos te arrancar um olho, vá.
Aelle Mestre
N. de Mensagens : 748 Idade : 41 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Seg Jul 26, 2010 1:30 pm
Mas isso é porque gostam de mim, e querem assemelhar-me a Oden
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Seg Jul 26, 2010 6:39 pm
Aelle escreveu:
Atenção que eu disse precisamente que o conceito de pertença a um povo estava para além do território que esse povo ocupa. Embora, uma vez que esse território foi forjado por determinado povo, é apenas natural que haja um sentimento de pertença. E a palavra-chave aqui é mesmo essa: pertença.
Numa pessoa cosmopolita essa pertença não fica restrita uma definição de Nação que é muitas vezes redutora. Pessoalmente a melhor frase para descrever a forma como penso é a seguinte: Não é a terra que nos pertence a nós, somos nós que pertencemos à terra. Tenho um grande respeito pela "Mãe Natureza", não a personifico nem a considero sobrenatural como uma Deusa. É simplesmente o substantivo que uso para me referir à reunião de todas as forças, elementos, matérias e formas de vida existentes na Natureza, que coexistem e dão coerência a tudo o que existe tanto à superfície, como acima e abaixo. A Humanidade existe independentemente da posição geográfica, da cultura e das filosofias políticas, religiosas e sociais de cada nação. Para mim uma nação não passa muita das vezes de um "contentor" de culturas de determinadas regiões do planeta que estão subordinadas a um determinado governo, a uma organização social específica. Eu cumpro com os meus deveres e exijo os meus direitos enquanto cidadão. Não tenho problemas quanto às diferentes nações geridas consoante o seu governo. Mas não considero que o meu país seja mais ou menos importante que os restantes e acredito numa liberdade de pertença a este planeta que não seja fechada entre fronteiras imaginárias. Se eu fosse viver para outro país creio que não teria problemas com isso, há muito mundo para desfrutar, todos os locais são encantadores. E dentro do nosso planeta estamos sempre em "casa", é o que acho. Em suma a minha sensação de pertença é abrangente e está para lá de toda a burocratização e artificialidade inerente às nações.
Aelle escreveu:
Dou exemplos generalistas, que, quer gostemos quer não, são os que vingam. E é através deles que compreendemos as realidades dos povos. É óbvio que um português emigrado nos Estados Unidos, ou na Suiça, tem mais proximidade cultural com os americanos e os suiços. E eu, por razões que a Ceinwyn conhece, tenho mais proximidade cultural com os escandinavos.
Por acaso não tenho uma bandeira sueca. Mas curiosamente, nas lojas de artigos típicos suecos, para turistas, vendem-se tanto bandeiras suecas como norueguesas.
De resto, as figuras mais notáveis de um país não têm necessariamente de se enquadrar na sua cultura de massas. Fernando Pessoa era um autêntico outsider em relação à vida quotidiana! Álvaro Cunhal, por muito amor a Moscovo que tivesse, lutou sempre pelo seu país. Eça de Queirós detestava isto, e só estava bem a viver no Estrangeiro. Antero de Quental, socialista radical. O próprio Salazar até nem era muito de futebol, nem fátima, nem fado.
Nem é preciso ir tão longe. O nosso recém-falecido Nobel da Literatura era a favor da fusão entre Portugal e Espanha. Cada pessoa tem a sua filosofia e ainda bem que assim é. Não existem formas de determinar quem é que está correcto, o que é que é natural ou o que é que não é. São assuntos muito subjectivos e íntimos de cada um.
Aelle escreveu:
E todas estas pessoas são símbolos máximos da nação, quer se goste, quer não. E por motivos diferentes. Mas há sempre uma pequena matriz, e um denominador comum que as une.
Talvez pelo facto de estarem próximas fisicamente e poderem usar a força da sua influência no mesmo espaço?
Aelle escreveu:
Aliás, o nosso próprio país, é, em si mesmo, uma grande sopa de variedade cultural. Vamos ao Norte, ao Sul, às Ilhas, e notamos enormes diferenças em todo o espírito "volkish". A própria forma de estar, a música, a comida, os hábitos, etc, etc. E isso tem a ver com a grande quantidade de povos que deram origem a Portugal. Em todo o caso, essa sopa já está feita e consolidada há muito tempo.
É de facto verdade. E até a nossa língua é um reflexo disso mesmo. O Algarve, a Arrábida, Alfama e diversas outras palavras são de origem Árabe e já remontam aos tempos dos Mouros. Nós estamos longe de ser a "raça pura" que muitos teóricos da extrema-direita Portuguesa querem dar a entender. Somos uma sopa tão grande que eu suspeito que se Hitler não tivesse sido derrotado e a sua filosofia racial fosse implementada pela Europa fora nós seriamos um dos alvos a abater, haveria por estes lados uma autêntica limpeza étnica. (em toda a Península Ibérica)
Aelle escreveu:
Não me parece que haja espaço para mais ingredientes, que só se revelarão explosivos. Enough is enough, como dizem os amigos anglo-saxóes.
Não concordo. E não concordo porque a História da Humanidade ainda usa fraldas e em tão pouco tempo já se fizeram sentir tantas alterações que acho que continuarão a surgir mais e mais com o passar do tempo. Isto é, não me parece verosímil que fiquemos estagnados por muito tempo. É isso que me diz a lógica através da minha observação da História. Até os grandes impérios caem por terra. Daqui a 500 anos duvido que ainda estejamos tal e qual como estamos agora. Se isso é positivo ou negativo? Não sei. Mas é o que acredito que irá acontecer inevitavelmente.
Sentir que tudo está fixo e definido é apenas uma ilusão. As nossas vidas são simples piscar de olhos na imensidade da História. Não somos capazes de nos aperceber de muitas das alterações que poderão surgir.
Aelle escreveu:
Os Portugueses são dos povos menos xenófobos que existem na Europa, e serão vítimas disso a longo prazo. Ser Português é ser cosmopolita e multi-cultural quanto baste. A História dá-nos esse atestado. Enquanto cidadão Português, não admito a ninguém que acuse o meu povo (quer goste dele, ou não), de ser xenófobo ou racista.
Talvez não o sejamos socialmente e a larga escala. Ou, pelo menos, institucionalmente, como são alguns países que discriminam a valer. Mas há muita gente racista e xenófoba tal como em todos os outros países. Infelizmente o racismo, a xenofobia, a homofobia, a misoginia/sexismo/paternalismo, o ódio, intolerância, egoísmo, materialismo, narcisismo, hedonismo e por aí fora ainda são problemas graves e enraizados nas sociedades modernas... Um dos catalisadores é exactamente a estratificação social. Enquanto as pessoas continuarem a olhar umas as outras através do prisma da soberba, duvido que tenhamos uma sociedade digna de se considerar livre de injustiças, unida e transparente.
Quer se queira quer não, Portugal ainda está na História como o país Europeu pioneiro no comércio de escravos.
Portugal já não é o que era no que toca ao racismo talvez por estar a sofrer um período de ressentimento onde busca um pouco de redenção (a fazer lembrar o período refractário ).
Aelle escreveu:
E temos este exemplo delicioso da incontornável História. Os dois símbolos do nosso terrível regime fascista, racista, conservador e nacionalista eram precisamente:
Eusébio: um moçambicano negro.
e Amália Rodrigues: uma mulher, artista e boémia!
O Jesse Owens também foi arrebatar uma medalha à Alemanha Nazi durante as Olimpíadas. Isso não significa que a Alemanha Nazi seja menos racista. A Alemanha também tem um historial de problemas destes. Já no templo de Martinho Lutero se fazia sentir o antisemitismo. E eu ainda não me esqueci do que Lothar von Trotha fez às tribos Namaqua e Herero na Ilha de Shark Island, ao largo da Namíbia.
Aelle escreveu:
Eu sou um pan-europeísta. Defendo uma Europa forte, de Nações fortes, diferentes e cooperantes entre si. E naturalmente, de fronteiras fechadíssimas para o resto do Mundo.
Para mim: Cooperação? Sim. Fronteiras fechadíssimas? Não. Não considero saudável e estaríamos novamente a adoptar uma posição sobrançeira e isolacionista. Além disso tudo se tornava mais burocrático para ter pessoas do estrangeiro a estudar ou a trabalhar por cá. E não só: é também uma posição incompatível com um mundo cada vez mais ligado e dado à rápida anulação das distâncias enquanto barreiras para a cooperação e para a comunicação. Seria mais difícil receber amigos/amigas do estrangeiro por períodos de tempo minimamente desejáveis, ou mesmo construir família com pessoas de outros países. É só um pequeno exemplo. Portanto com isso não concordo minimamente.
Regulamentação da imigração tudo bem, até para evitar situações de exploração das pessoas que se vêm em situações de ilegalidade e não conseguem sair dela, o que pode ser também uma forma de proteger os próprios imigrantes. Agora fechar as fronteiras de forma cerrada... Não me parece boa ideia. Mas cada um com a sua filosofia.
Aelle escreveu:
Quanto ao ADN e às raças, nunca quis entrar por aí, nem o farei.
As maiores matanças étnicas pós Segunda Guerra Mundial foram e são precisamente entre grupos da mesma "raça" e das mesmas etnias. Há casos em que estamos a falar de uma espécie de conflito sub-étnico, apoiado na religião. Sunitas e Xiitas, o massacre do Ruanda, sul-africanos que queimam vivos imigrantes moçambicanos, tensões étnicas na Ásia, etc, etc.
O conflito violento infelizmente é muito comum. Não haja dúvidas disso. Ele pode ser passional, nacional, religioso, étnico, racial, político e por aí fora. O conflito pode até nem derivar do ódio ou da intolerância mas sim como uma forma de demonstrar domínio e medir forças após uma fricção de posições ideológicas opostas que se torna azeda. Na Europa acontece o mesmo. Por exemplo em Belfast, nos conflitos entre Protestantes e Cristãos ainda são comuns. A diferença está sempre no motivo... No tipo de "combustível" usado para alimentar um conflito. Aí sim podemos distinguir.
Aelle escreveu:
E claro, se falamos da importância do que é uma Nação, perguntemos aos israelitas/judeus: O que eram eles antes de Israel, e o que são agora? E perguntemos também aos oprimidos Palestinianos, o quanto melhoraria a vida deles, se finalmente tivessem o seu Estado, a sua Nação, e não um pedaço de terra sem protecção nem lei.
Israel é um exemplo clássico de disputa de território. Onde o Homem acha que está no direito de matar e oprimir o próximo porque acha que aquela terra lhe pertence. E é o exemplo de que a resposta com recurso a violência não resolve nada e só acaba por dar alas a mais sofrimento e morte. Existem diversas opiniões em relação a Israel e à sua legitimidade enquanto nação.
1 - Há quem pegue na Tora e aponte a Diáspora como um impedimento divino para a criação de um estado para os Judeus. Segundo a Tora - e de acordo com a interpretação - o estado só poderá ser criado quando o profeta surgir (os Judeus ainda estão à espera do seu profeta/messias) e ao que consta ele ainda não chegou. Esta é a posição do Rabi Yisroel Dovid Weiss.
2 - Há quem veja o Sionismo como algo condenável por representar um crime contra os palestinianos.
3 - Há quem defenda o Sionismo, onde é imperativo criar um Estado independente e soberano. Mesmo que isso implique conquistar terreno aos Palestinianos. É daí que surge o conflito armado e o terrorismo de parte a parte.
4 - Há quem seja a favor de uma concertação pacífica, diplomática para a criação de dois estados soberanos para que os Judeus e os Palestinianos possam coexistir pacificamente sem que haja ameaças à soberania de ambos.
Pessoalmente eu seria mais a favor da última. Parece-me a forma mais assertiva de resolver as coisas. Infelizmente ambos os lados parecem estar longe de cederem. Ainda há muito belicismo e ódio de parte a parte para que a diplomacia possa resultar de forma decisiva... Não faz sentido nenhum e é inaceitável que os inocentes tenham de sofrer por causa de egos e guerras santas.
Se Israel para ti representa a importância do que é uma nação, para mim ela é mais um exemplo de como a importância dada às nações acaba por nos dividir e criar o ódio e a soberba como subprodutos na cabeça de muitas pessoas, especialmente aquelas que estão em posição de liderança, com demasiado poder nas mãos. As nações por vezes distraem-nos da necessidade que há em saber coexistir pacificamente, cuidar dos problemas que assolam este problema (a cooperação muitas vezes é a chave para a sua resolução) e acima de tudo dão-nos uma falsa ideia de que somos proprietários colectivos de um determinado pedaço de terra.
Aelle Mestre
N. de Mensagens : 748 Idade : 41 Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Seg Jul 26, 2010 9:00 pm
Bom, Averróis, onde temos opiniões divergentes, não vale a pena estar a matutar muito.
Não vou cobrir o conflito israelo-árabe de forma detalhada. Isso é algo que merece um tópico à parte. Nem seria má ideia.
No entanto, apesar das opiniões divergentes, há certos aspectos que é preciso clarificar.
Eu quando digo que a Europa deve fechar as fronteiras, quero apenas dizer que a Europa (leia-se União Europeia), tenha as mesmas salvaguardas territoriais que têm, enfim, praticamente todos os países do resto do mundo! Pensas que é fácil entrar na Rússia? Ou nos Estados Unidos? Ou na Noruega? Ou em Angola?
Quanto à imigração, e uma vez que falei em Angola. Tens noção da dificuldade que é um português emigrar para Angola? E da maior dificuldade ainda que tem em renovar o visto? Se Portugal fizesse uso das mesmas ferramentas impeditivas, éramos acusados de tudo e mais alguma coisa, dentro da cassete gasta da xenofobia e do racismo. Não critico Angola por se proteger, critico Portugal por não o fazer.
Quanto ao anti-semitismo, bem, é um fenómeno mundial, e não apenas alemão. E os alemães até tinham razões objectivas para serem anti-semitas. Por razões de exploração e opressão económica, social, etc.
A população da maioria dos países que foram ocupados pelos alemães (principalmente os da Europa de Leste), até entregava os judeus aos nazis de boa vontade. Aliás, há imagens da população polaca a espancar judeus, e os próprios soldados da Wermacht a terem que intervir!
Ou tu achas que os aliados, no início, detestavam assim tanto Adolph Hitler? Deram-lhe tudo o que ele pediu! Os sectores conservadores simpatizavam com o regime Nazi, com o seu radical anti-semitismo, e com o seu anti-bolchevismo. Pensavam que o III Reich seria o seu cão de guarda contra o Comunismo.
Correu mal... E correu mal porque o próprio Hitler ignorou os conselhos dos seus generais. E passou alguns dos melhores à reserva, por discordarem dele. 1939 não era bom ano para a Alemanha brincar às guerras mundiais.
Quanto a limpezas étnicas, é óbvio que Portugal não é exemplo de pureza "ariana". Nem é suposto sermos.
Mas... e a Alemanha, é? E falamos da realidade dos anos 30 e 40. Desde então, ainda mais alterações houve.
A Alemanha, do ponto de vista da purificação da raça germânica, era uma espécie de parente pobre dos países germãnicos e aparentados (Suécia, Dinamarca, Noruega, Islândia, Finlândia, Bálticos, etc). Tinha muito sangue romano (mediterrânico) e judeu entre a sua população. E numa óptica de pureza racial, ficaria bem abaixo de qualquer um desses países mencionados. Não confundamos propaganda com realidade política. Basta olhar para Joseph Goebbels para ver que o regime não tinha nenhum fanatismo com purezas raciais! Havia sectores do regime em que isso acontecia. Nas SS, por exemplo. E patrocinava-se até a criação de uma super-raça ariana, nos círculos científicos mais restritos do Partido. Uma espécie de X-Files nazis. Aliás, experiências do género foram depois levadas a cabo pela União Soviética, e provavelmente também pelos Estados Unidos. Uma vez que a Rússia "democrática" abriu os ficheiros, temos essa certeza.
Quanto às Olimpíadas de Berlim. Atenção que a organização dos Jogos Olímpicos é atribuída a determinado país, mas esse país não passa a ser "dono" do evento! O Comité Olímpico é que dirige e regula os jogos. Sejam na Alemanha Nazi, na Coreia do Norte, ou noutro sítio qualquer. Dentro do recinto olímpico não há regimes, e isso, até as ditaduras sempre souberam respeitar. Houve Jogos Olímpicos em países totalitários durante todo o século XX.
E tens razão, a História não e estática, e está ainda nos primeiros capítulos.
No entanto, a História Humana repete-se muito! Se pegares nas propostas de "reformas modernizadoras" que têm sido feitas para a Europa, nomeadamente no plano socio-económico, elas aproximam-nos mais do regime capitalista neo-esclavagista do século XIX, que de outra coisa qualquer! Nisso, tanto os partidos marxistas como os nacionalistas estão de acordo!
E além disso, nos últimos 2000 mil anos, houve muitos e gravosos recuos, muito por culpa do Cristianismo e do seu ataque feroz à sabedoria e progresso. Portanto, avanço cronológico não passa disso mesmo.
E como dizia Nietzsche: "Evolução não é sinónimo de Elevação."
Conteúdo patrocinado
Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional?
Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional?