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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Ter Jul 27, 2010 2:04 am
Aelle escreveu:
Bom, Averróis, onde temos opiniões divergentes, não vale a pena estar a matutar muito.
Não vou cobrir o conflito israelo-árabe de forma detalhada. Isso é algo que merece um tópico à parte. Nem seria má ideia.
No entanto, apesar das opiniões divergentes, há certos aspectos que é preciso clarificar.
Eu quando digo que a Europa deve fechar as fronteiras, quero apenas dizer que a Europa (leia-se União Europeia), tenha as mesmas salvaguardas territoriais que têm, enfim, praticamente todos os países do resto do mundo! Pensas que é fácil entrar na Rússia? Ou nos Estados Unidos? Ou na Noruega? Ou em Angola?
É que pela forma como descreveste o teu ideal europeu fiquei com a ideia que estavas a defender uma posição realmente fechada em termos de fronteiras. Mais fechada que a Rússia, os EUA, a Noruega ou Angola.
Aelle escreveu:
Quanto à imigração, e uma vez que falei em Angola. Tens noção da dificuldade que é um português emigrar para Angola? E da maior dificuldade ainda que tem em renovar o visto? Se Portugal fizesse uso das mesmas ferramentas impeditivas, éramos acusados de tudo e mais alguma coisa, dentro da cassete gasta da xenofobia e do racismo. Não critico Angola por se proteger, critico Portugal por não o fazer.
Ainda há coisa de meses conheci um casal de Portugueses que foi viver para Angola. E obviamente que existem condições que precisam de ser satisfeitas. Idem para Portugal. Também não entra qualquer pessoa em Portugal (legalmente) assim à toa. A livre-circulação abrange apenas o espaço Schengen. Se fosse fácil penetrar na Europa (e em Portugal neste caso) uma amiga minha dos Balcãs poderia entrar facilmente, o que não é o caso.
Aelle escreveu:
Quanto ao anti-semitismo, bem, é um fenómeno mundial, e não apenas alemão. E os alemães até tinham razões objectivas para serem anti-semitas. Por razões de exploração e opressão económica, social, etc.
Então estás a crer dizer-me que a "exploração" e "opressão económica, social, etc." é uma razão objectiva e válida? Intrínseca a todos os Judeus? Não estarás a dar uso ao estereótipo de um Judeu? O antisemitismo tem mais a ver com a evangelização do que outra coisa qualquer. Tem sido martelado na cabeça das pessoas que foram os Judeus que levaram à condenação de Jesus Cristo. E desde que se martela essa ideia que as pessoas que vivem em sociedades cristãs têm problemas de antisemitismo. Que eu saiba uma pessoa não é rica ou pobre consoante a sua etnia ou religião (muitos Judeus nem sequer são descendentes da "etnia" judaica, que para alguns nem sequer pode ser chamado de etnia). Da mesma forma muitos ascendentes de Judeus nem sequer são crentes no judaísmo. A Península Ibérica também teve povos judeus (os Sefarditas, conhecidos popularmente como os Marranos) e também viu o seu quê de antisemitismo. Muitos tiveram de fugir para Marrocos e outros países árabes quando a Reconquista se tornou cada vez mais intolerante. Abrão Zacuto, um dos que tanto contribuiu para os descobrimentos Portugueses com a sua versão melhorada do astrolábio e as suas tábuas astronómicas, foi um desses.
Hoje em dia temos Judeus em Marrocos que rezam em mesquitas juntamente com Muçulmanos.
Aelle escreveu:
A população da maioria dos países que foram ocupados pelos alemães (principalmente os da Europa de Leste), até entregava os judeus aos nazis de boa vontade. Aliás, há imagens da população polaca a espancar judeus, e os próprios soldados da Wermacht a terem que intervir!
Bem já ouvi de tudo. Até já ouvi dizer que o Papa Pio XI era um benemérito em relação aos Judeus e que era contra o antisemitismo e oposito do fascismo. No entanto foi em nome dele que se assinou primeiro o Tratado de Latrão com Mussolini e depois a Reichskonkordat com a Alemanha Nazi onde compactuava com os regimes em troca da institucionalização oficiosa do Catolicismo como religião obrigatória. Se há coisa que os Nazis eram bons era na propaganda. E aquele fogo no Reichstag supostamente ateado por Judeus... não sei não. Já que falas em Europa de Leste... No Gueto de Mizocz, o que se passou lá nas mãos dos Nazis já ninguém apaga. Mulheres nuas a caminharem para a vala comum onde seriam assassinadas, a carregarem os filhos ao colo. E mesmo assim ainda há quem diga que ninguém morreu nas mãos dos Nazis e tudo não passa de uma trama para manchar a imagem do Nacional Socialismo... Tal como ainda há quem ignore os montes de latas de Zyklon-B.
Aelle escreveu:
Ou tu achas que os aliados, no início, detestavam assim tanto Adolph Hitler? Deram-lhe tudo o que ele pediu! Os sectores conservadores simpatizavam com o regime Nazi, com o seu radical anti-semitismo, e com o seu anti-bolchevismo. Pensavam que o III Reich seria o seu cão de guarda contra o Comunismo.
Sei disso. O próprio vaticano este ao lado da Alemanha de Hitler ao início. Diversas empresas americanas estavam a cooperar economicamente na Alemanha Nazi.
Aelle escreveu:
Correu mal... E correu mal porque o próprio Hitler ignorou os conselhos dos seus generais. E passou alguns dos melhores à reserva, por discordarem dele. 1939 não era bom ano para a Alemanha brincar às guerras mundiais.
Quanto a limpezas étnicas, é óbvio que Portugal não é exemplo de pureza "ariana". Nem é suposto sermos.
Mas... e a Alemanha, é? E falamos da realidade dos anos 30 e 40. Desde então, ainda mais alterações houve.
A Alemanha, do ponto de vista da purificação da raça germânica, era uma espécie de parente pobre dos países germãnicos e aparentados (Suécia, Dinamarca, Noruega, Islândia, Finlândia, Bálticos, etc). Tinha muito sangue romano (mediterrânico) e judeu entre a sua população. E numa óptica de pureza racial, ficaria bem abaixo de qualquer um desses países mencionados. Não confundamos propaganda com realidade política. Basta olhar para Joseph Goebbels para ver que o regime não tinha nenhum fanatismo com purezas raciais! Havia sectores do regime em que isso acontecia. Nas SS, por exemplo. E patrocinava-se até a criação de uma super-raça ariana, nos círculos científicos mais restritos do Partido. Uma espécie de X-Files nazis. Aliás, experiências do género foram depois levadas a cabo pela União Soviética, e provavelmente também pelos Estados Unidos. Uma vez que a Rússia "democrática" abriu os ficheiros, temos essa certeza.
Ou basta olhar para o próprio Hitler. Pequeno, moreno. Nada a ver com o ideal da Raça Ariana. Também já li que ele teria meia ascendência de Judeus, mas nórdico é que não me parece de todo. Não é que isso seja importante para mim, mas como para ele era, deve ter sido bastante frustrante olhar-se ao espelho... Por falar em X-Files nazis... Em Wewelsburg passaram-se algumas coisas que foram fruto da mente perturbada de Himmler.
Aelle escreveu:
Quanto às Olimpíadas de Berlim. Atenção que a organização dos Jogos Olímpicos é atribuída a determinado país, mas esse país não passa a ser "dono" do evento! O Comité Olímpico é que dirige e regula os jogos. Sejam na Alemanha Nazi, na Coreia do Norte, ou noutro sítio qualquer. Dentro do recinto olímpico não há regimes, e isso, até as ditaduras sempre souberam respeitar. Houve Jogos Olímpicos em países totalitários durante todo o século XX.
E tens razão, a História não e estática, e está ainda nos primeiros capítulos.
No entanto, a História Humana repete-se muito! Se pegares nas propostas de "reformas modernizadoras" que têm sido feitas para a Europa, nomeadamente no plano socio-económico, elas aproximam-nos mais do regime capitalista neo-esclavagista do século XIX, que de outra coisa qualquer! Nisso, tanto os partidos marxistas como os nacionalistas estão de acordo!
E além disso, nos últimos 2000 mil anos, houve muitos e gravosos recuos, muito por culpa do Cristianismo e do seu ataque feroz à sabedoria e progresso. Portanto, avanço cronológico não passa disso mesmo.
E como dizia Nietzsche: "Evolução não é sinónimo de Elevação."
Claro que as bases costumam andar à volta do mesmo. Mesmo em outras áreas da sociedade. A própria ciência é baseada em pilares do conhecimento que já são milenares, quando determinadas experiências ainda não passavam de mera "alquimia".
E não digo que a evolução seja sinónimo de elevação. Digo que é inevitável. Nem mesmo as maiores potências conseguem impedir a evolução das sociedades. Os países que se desmoronam e surgem com outro nome, alianças que se quebram, nações que se dividem, nações que se fundem, etc... Estamos sempre em constantes alterações. A Europa não foge à regra. Mesmo no centro tem sido um turbilhão.
Curiosamente são as pequenas tribos isoladas que sofrem menos alterações ao longo dos anos. Quanto maior for um país, mais alterações poderá sofrer.
Cernunnos Artista
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Jul 29, 2010 7:04 pm
Vivi meio ano em Itália e um ano e meio na Irlanda, onde conheci pessoas de todos os cantos da Europa e do também do mundo. Uma coisa que reparei foi que a grande maioria tinha um enorme orgulho no seu pais, nas suas raizes, no sitio de onde vinham. Os Irlandeses, por exemplo, dizem que são Irlandeses com orgulho, mesmo achando, como muitos me disseram, que são os africanos da europa. não com algum sentido racista, mas pelo facto de terem sido, até muito recentemente, colonizados, escravizados, humilhados e maltratados pelos ingleses. Claro que há sempre alguma auto-critica por parte de toda a gente, e ainda bem, é saudável, mas fiquei sempre com a sensação que nós Portugueses, regra geral, temos maior tendência para nos considerarmos pequeninos e com pouca capacidade. Não sei porquê. Talvez alguma falta de confiança e auto-estima, um estigma qualquer de sermos menores por não estarmos no centro da europa, onde tudo acontece, por termos sido um grande império que caiu. Nunca consegui encontrar uma justificação concreta, talvez seja o nosso fadinho, mas que temos a tendência para olhar para os outros e os acharmos melhores temos. E isso não tem grande lógica. Percebi que o nosso sistema de saúde é dos melhores na europa, que a nossa educação das mais completas, que temos grandes cabeças entre nós, que não ficamos a dever nada a outros em termos de ética de trabalho, entrega, dedicação (bem pelo contrário). Podemos não ser um país com uma cultura tão popular como por exemplo espanha, mas temos os nossos valores, temos as nossas virtudes, temos manifestações culturais fortes e bem vivas, e há que ter orgulho nisso.
O que é nacional é bom. O que vem de fora também o pode ser. Mas nunca o que vem de fora é sempre melhor do que o que cá temos.
Vejo-me mais como portugues por ter crescido com a cultura portuguesa, e não porque aprendi a cantar o hino ou porque nasci no espaço geográfico de Portugal
Sou Português com orgulho, muito obrigado
DarkCapricorn Cavaleiro/Dama
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 8:19 pm
o que eu acho é que existem questões, quer em termos culturais quer em termos sociais, que precisam de ser alteradas para bem da nossa propria vida e do nosso proprio pais, mas isso parte da educação e da cultura que se recebe. quanto ao facto de o ser de fora ser melhor do que é nacional, essa questão é muito discutivel. independentemente da nacionalidade, há coisas boas lá fora, mas também as há cá dentro, e vice-versa. só viajando, conhecendo outras culturas, formas de vida, passando por experiencias é que se vê e sente isso. por exemplo uma coisa que adoro em Portugal: existe país no mundo que se pode orgulhar mais do que nós acerca da nossa bela história e da nossa simpatia? dos nossos monumentos? do simples facto de termos sol? (desde que não esteja muito calor) hmm... será dificil encontrarem exemplos... embora possam existir, não o nego.
em relação há escandinavia, só posso falar da Finlândia com alguma exactidão, e na minha opiniao, existem coisas boas como também existem coisas más. isso é melhor do que existe em Portugal? não, apenas é diferente. coisas boas: educação, bandas de musica, paisagens, organização social... coisas más: o tempo não ajuda e por vezes chega a cansar tanto frio ou chuva (neve também), o custo de vida é extremamente elevado e nem sempre os salários cobrem as despesas, a lingua é f*d*d*... enfim, foram só alguns exemplos.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 8:30 pm
DarkCapricorn escreveu:
o que eu acho é que existem questões, quer em termos culturais quer em termos sociais, que precisam de ser alteradas para bem da nossa propria vida e do nosso proprio pais, mas isso parte da educação e da cultura que se recebe. quanto ao facto de o ser de fora ser melhor do que é nacional, essa questão é muito discutivel. independentemente da nacionalidade, há coisas boas lá fora, mas também as há cá dentro, e vice-versa. só viajando, conhecendo outras culturas, formas de vida, passando por experiencias é que se vê e sente isso. por exemplo uma coisa que adoro em Portugal: existe país no mundo que se pode orgulhar mais do que nós acerca da nossa bela história e da nossa simpatia? dos nossos monumentos? do simples facto de termos sol? (desde que não esteja muito calor) hmm... será dificil encontrarem exemplos... embora possam existir, não o nego.
em relação há escandinavia, só posso falar da Finlândia com alguma exactidão, e na minha opiniao, existem coisas boas como também existem coisas más. isso é melhor do que existe em Portugal? não, apenas é diferente. coisas boas: educação, bandas de musica, paisagens, organização social... coisas más: o tempo não ajuda e por vezes chega a cansar tanto frio ou chuva (neve também), o custo de vida é extremamente elevado e nem sempre os salários cobrem as despesas, a lingua é f*d*d*... enfim, foram só alguns exemplos.
Estou de pleno acordo. Então e afinal o que achas acerca do nacionalismo? Achas que é justificável dar tendenciosamente mais valor à nossa pátria, algo que normalmente é feito quase de uma forma clubística?
DarkCapricorn Cavaleiro/Dama
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 8:50 pm
Averróis escreveu:
DarkCapricorn escreveu:
o que eu acho é que existem questões, quer em termos culturais quer em termos sociais, que precisam de ser alteradas para bem da nossa propria vida e do nosso proprio pais, mas isso parte da educação e da cultura que se recebe. quanto ao facto de o ser de fora ser melhor do que é nacional, essa questão é muito discutivel. independentemente da nacionalidade, há coisas boas lá fora, mas também as há cá dentro, e vice-versa. só viajando, conhecendo outras culturas, formas de vida, passando por experiencias é que se vê e sente isso. por exemplo uma coisa que adoro em Portugal: existe país no mundo que se pode orgulhar mais do que nós acerca da nossa bela história e da nossa simpatia? dos nossos monumentos? do simples facto de termos sol? (desde que não esteja muito calor) hmm... será dificil encontrarem exemplos... embora possam existir, não o nego.
em relação há escandinavia, só posso falar da Finlândia com alguma exactidão, e na minha opiniao, existem coisas boas como também existem coisas más. isso é melhor do que existe em Portugal? não, apenas é diferente. coisas boas: educação, bandas de musica, paisagens, organização social... coisas más: o tempo não ajuda e por vezes chega a cansar tanto frio ou chuva (neve também), o custo de vida é extremamente elevado e nem sempre os salários cobrem as despesas, a lingua é f*d*d*... enfim, foram só alguns exemplos.
Estou de pleno acordo. Então e afinal o que achas acerca do nacionalismo? Achas que é justificável dar tendenciosamente mais valor à nossa pátria, algo que normalmente é feito quase de uma forma clubística?
o nacionalismo é muita das vezes visto e conotado a visões politicas e coisas erradas. vamos por partes...
alguem que gosta de Portugal é nacionalista? sim isso é mau? não
pelo facto de te identificares com a entidade de um pais, seja ele o teu ou não, não quer dizer que para ti nesse pais não existam só coisas boas e não quer dizer que votes em movimentos de extrema esquerda ou direita (se poderes votar). tem a ver com uma questão de sentires mais afinidade pela cultura, costumes, mentalidade, gastronomia, estilo de vida, enfim... várias coisas. não ponho a minha pessoa e a minha integridade como pessoa à frente de uma bandeira, por muito que essa bandeira signifique para mim, mas devo ser minimanente nacionalista sim, mas moderadamente... pois não basta usar uma camisola da selecçao portuguesa de futebol e dizeres que gostas de Portugal. Se eu usa-se uma camisola com o brasao da nossa bandeira, era racista e conotado a toda a especie de parvoices que existem por ai, secalhar algumas delas, eu nem as conheço!, e os simbolos sao os mesmos, mas como sao camisolas menos comuns, a opiniao dispersa-se e a cegueira aumenta.
concretamente, gosto de Portugal, mas não de tudo o que vejo, e não sou obrigado a aceitar isso, digo bem quando tiver que dizer, critico quando tiver que criticar. não sou politicamente nacionalista nem racista, pois não tenho cor politica e a amizade não tem por base a cor, tem por base o respeito. e gosto da nossa bandeira e da nossa historia, e sinto-me um navegador à minha maneira (crusader, the lord of the realm! já diziam os Saxon) mas não deixo que isso barre a minha opiniao.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 9:11 pm
DarkCapricorn escreveu:
o nacionalismo é muita das vezes visto e conotado a visões politicas e coisas erradas. vamos por partes...
alguem que gosta de Portugal é nacionalista? sim isso é mau? não
pelo facto de te identificares com a entidade de um pais, seja ele o teu ou não, não quer dizer que para ti nesse pais não existam só coisas boas e não quer dizer que votes em movimentos de extrema esquerda ou direita (se poderes votar). tem a ver com uma questão de sentires mais afinidade pela cultura, costumes, mentalidade, gastronomia, estilo de vida, enfim...
Atenção que o nacionalismo não pode ser confundido com simples amor patriótico, por muito que possam coabitar no mesmo indivíduo. O nacionalismo é mais do que simples sentimento: o nacionalismo é uma ideologia política. Sabendo isso, quem gosta de Portugal não pode ser automaticamente considerado um nacionalista. Eu gosto de Portugal e não sou nacionalista. Sou um exemplo disso.
O nacionalismo implica certas medidas sociais, económicas e políticas com as quais eu não concordo. Portanto o nacionalismo não se resume apenas a quem tem afinidade pela cultura, costumes, mentalidade, gastronomia, estilo de vida e por aí além. Coisa que tenho, mas não de forma exaltada.
DarkCapricorn escreveu:
várias coisas. agora não por a tua pessoa e a tua integridade como pessoa à frente de uma bandeira, por muito que essa bandeira signifique para ti, deves ser nacionalista sim, mas moderadamente... pois não basta usar uma camisola da selecçao portuguesa de futebol e dizeres que gostas de Portugal. Se eu usa-se uma camisola com o brasao da nossa bandeira, era racista e conotado a toda a especie de parvoices que existem por ai, secalhar algumas delas, eu nem as conheço!, e os simbolos sao os mesmos, mas como sao camisolas menos comuns, a opiniao dispersa-se e a cegueira aumenta.
O patriotismo cego é muitas vezes contraproducente. Olhemos para os americanos, que são um excelente exemplo disso: Muitos deles são absolutamente isolacionistas, masturbam o seu ego patriótico constantemente e por vezes chegam ao ponto de achar que criticar as acções de um governo é um desrespeito ao sentimento patriótico... Para eles o patriotismo transforma-se numa necessidade suprema de subserviência ao seu governo... Ora para mim o patriotismo é zelar pelo bem-estar da nação (leia-se: população), o seu bom funcionamento e a apelar à pacificidade, boas relações diplomáticas com outros países, entre outras coisas. Não há nada mais patriótico do que saber apontar o dedo, boicotar e censurar as atitudes de um governo que não contribuem para essa coesão e estabilidade interna e externa. A consciência e pensamento crítico devem sempre imperar, tal como o bom-senso e a imparcialidade. O que nem sempre é fácil.
DarkCapricorn escreveu:
concretamente, gosto de Portugal, mas não de tudo o que vejo, e não sou obrigado a aceitar isso, digo bem quando tiver que dizer, critico quando tiver que criticar. não sou politicamente nacionalista nem racista, pois não tenho cor politica e a amizade não tem por base a cor, tem por base o respeito. e gosto da nossa bandeira e da nossa historia, e sinto-me um navegador à minha maneira (crusader, the lord of the realm! já diziam os Saxon) mas não deixo que isso barre a minha opiniao.
Acho que é assim que deve ser. Aplaudir quando as coisas nos parecem correctas, criticar quando as coisas nos parecem incorrectas. Agir como se Portugal fosse o melhor país do mundo, onde não há justificação para críticas, seria simplesmente inconsciente da nossa parte.
Resumindo: Há diferenças entre nacionalismo e amor patriótico. Acho que não devemos banalizar nem misturar o termos ainda mais do que eles já estão.
Cernunnos Artista
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 9:16 pm
Citação :
Atenção que o nacionalismo não pode ser confundido com simples amor patriótico, por muito que possam coabitar no mesmo indivíduo. O nacionalismo é mais do que simples sentimento: o nacionalismo é uma ideologia política. Sabendo isso, quem gosta de Portugal não por ser automaticamente considerado um nacionalista. Eu gosto de Portugal e não sou nacionalista. Sou um exemplo disso.
Yep, sem dúvida! Eu sinto-me Português por ter nascido nesta terra, pelos valores que tenho, por estar inserido num contexto social, geográfico e cultural que me permite dizer, sou português, e tenho orgulho nisso. Mas não me considero nacionalista, nem de perto. Boa dica ao separares o sentimento da ideologia. Um nacionalista tem orgulho em ser português, mas ter orgulho em ser português não faz de alguém um nacionalista.
DarkCapricorn Cavaleiro/Dama
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 9:22 pm
Averróis escreveu:
Resumindo: Há diferenças entre nacionalismo e amor patriótico. Acho que não devemos banalizar nem misturar o termos ainda mais do que eles já estão.
então o que sinto é amor patriótico é isso? sim pelo facto de não gostar de misturar água com vinho, por estraga-se o vinho, é que procura sempre entender de forma coesa estas questões, que devido à sua complexidade nem sempre são fáceis de entender.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 9:51 pm
DarkCapricorn escreveu:
Averróis escreveu:
Resumindo: Há diferenças entre nacionalismo e amor patriótico. Acho que não devemos banalizar nem misturar o termos ainda mais do que eles já estão.
então o que sinto é amor patriótico é isso? sim pelo facto de não gostar de misturar água com vinho, por estraga-se o vinho, é que procura sempre entender de forma coesa estas questões, que devido à sua complexidade nem sempre são fáceis de entender.
Depende, não posso responder isso por ti. Terias de ser tu a avaliar as medidas que normalmente são defendidas pelo nacionalismo e analisar as suas essências. Se te revês nelas então és nacionalista. Se não te reveres nelas... Serás apenas alguém com um certo amor patriótico que sabe distinguir sentimento emocional de ideologia política concreta.
Tudo isto com a devida salvaguarda de não existirem partidos políticos iguais (normalmente), pelo que cada ideologia pode ser sempre adaptada ligeiramente e não corresponder a tudo o que seria de esperar.
DarkCapricorn Cavaleiro/Dama
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional? Qui Set 02, 2010 9:56 pm
Averróis escreveu:
DarkCapricorn escreveu:
Averróis escreveu:
Resumindo: Há diferenças entre nacionalismo e amor patriótico. Acho que não devemos banalizar nem misturar o termos ainda mais do que eles já estão.
então o que sinto é amor patriótico é isso? sim pelo facto de não gostar de misturar água com vinho, por estraga-se o vinho, é que procura sempre entender de forma coesa estas questões, que devido à sua complexidade nem sempre são fáceis de entender.
Depende, não posso responder isso por ti. Terias de ser tu a avaliar as medidas que normalmente são defendidas pelo nacionalismo e analisar as suas essências. Se te revês nelas então és nacionalista. Se não te reveres nelas... Serás apenas alguém com um certo amor patriótico que sabe distinguir sentimento emocional de ideologia política concreta.
Tudo isto com a devida salvaguarda de não existirem partidos políticos iguais (normalmente), pelo que cada ideologia pode ser sempre adaptada ligeiramente e não corresponder a tudo o que seria de esperar.
Talvez tenha mais sentimento patriotico então do que nacionalismo propriamente digo, vistas bem as coisas.
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Assunto: Re: Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional?
Porque gostamos mais do estrangeiro do que do nacional?