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 Pena de morte

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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 8:18 am

Averróis escreveu:
Depende. Por vezes quando defendemos as vítimas de pedofilia e acusamos os pedófilos podemos estar na verdade a defender a acusar a vítima ao mesmo tempo. É sabido que uma percentagem preocupante de pedófilos foram violados quando eram crianças.
Atenção que para mim a pedofilia deve ser criminalizada, porque muitos dos indivíduos (maioria) demonstram agir com pleno domínio das suas faculdades mentais, ao ponto de tentarem mascarar aquilo que fazem para não serem apanhados.

focas-te um ponto interessante, a pedofilia. por acaso logo hoje que vai ser lido o veredito do caso casa pia. para mim a pena para os pedofilos era mesmo a castração. não sei se todos os pedofilos foram violados em crianças, mas que podem surgir indicios que os levam a praticar esse tipo de actos atrozes, podem. no entanto seja na pedofilia, seja na violaçao consumada, para mim a pena era a castração. ninguem tem o direito de abusar de outro, seja ele(a) menor ou sem consentimento.

Averróis escreveu:
Muitos problemas do foro mental não são adquiridas com o crescimento, estão lá desde o nascimento. É o caso da oligofrenia, que por vezes pode desabar em situações indesejáveis.Muita gente não está de facto na posse das suas faculdades mentais. E há muitos indícios disso para podermos duvidar disso. Há gente que age contra tudo o que seria de esperar num ser racional, porque o seu cérebro é incapaz de manter uma postura de forma controlada. É algo que está para lá da vontade racional do indivíduo.

sim, mas repara eles vao-se desenvolvendo com o crescimento e só ai quando saiem do utero é que sao detectados. e não achas perigoso que um tipo desses ande por aí a solta? eu acho que um tipo que é capaz de matar, pegar fogo, cometer um crime, pode ser um individuo perigoso seja ele delinquente ou não.

Averróis escreveu:
É difícil porque socialmente essa exploração está instituida. Todos nós nos deliciamos com computadores e outras tecnologias, bem como outros bens como a roupa e utensílios, que são fabricados por pessoas que trabalham nessas condições deploráveis.
Todos nós somos cúmplices disso, ainda que não pensemos muito nisso... Quando pensamos dá-se uma autêntica dissonância cognitiva do pior que há.

está instituida nos paises onde existe essa constituiçao. sim é verdade que muitas das vezes as roupas que todos nós vestimos, os utensilios que temos, adereços e tecnologias, foram fabricados num buraco qualquer do mundo. e todos temos culpa disso... agora não os deixarei de utilizar por causa disso. são os governos que com os nossos votos devem mudar as politicas. agora se não o fazem, é porque não competentes para tal.

Averróis escreveu:
Ora o cannabis quando consumido moderadamente tem um efeito um tanto semelhante às "drogas legais" em termos de gravidade.
Pessoalmente para mim uma droga é uma droga. E as pessoas devem ter consciência disso. Acho hipócrita que se legitime a nicotina e o álcool enquanto se criminaliza a posse de cannabis.
Pessoalmente não tenho intenções de consumir drogas. Mas para mim acho que congruente era aceitarem todas ou proibirem todas. É que não tenho dúvidas que o tabaco e o álcool são provavelmente dois dos piores inimigos sociais quando tomados em excesso. O problema é sempre a moderação. Essa compete ao indivíduo.

o problema é esse. é que as drogas pesadas fazem-te perder a consciencia. não que eu seja straight edge ou algo do genero, mas nao abuso do alcool porque sei que posso perder a consciencia, nem fumo porque gosto muito dos meus pulmoes ao ponto de os deixar num estado deploravel, mas atençao... nada contra quem fume. tenho amigos que fumam e é como costumo dizer, cada um sabe de si. e sim concordo que o tabaco e o alcool podem despertar problemas muito graves na sociedade actual, mas as drogas pesadas tem um efeito tão ou mais gravoso, pois sao drogas que atacam directamente o cerebro. a relaçao causa-efeito é demasiado destruidora do meu ponto de vista.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 12:56 pm

DarkCapricorn escreveu:
focas-te um ponto interessante, a pedofilia. por acaso logo hoje que vai ser lido o veredito do caso casa pia. para mim a pena para os pedofilos era mesmo a castração. não sei se todos os pedofilos foram violados em crianças, mas que podem surgir indicios que os levam a praticar esse tipo de actos atrozes, podem. no entanto seja na pedofilia, seja na violaçao consumada, para mim a pena era a castração. ninguem tem o direito de abusar de outro, seja ele(a) menor ou sem consentimento.

Sim, espero que seja feita justíça hoje. Neste momento estou a seguir na TV e eles têm já vários crimes já provados. Agora quero ver o resto.

DarkCapricorn escreveu:
sim, mas repara eles vao-se desenvolvendo com o crescimento e só ai quando saiem do utero é que sao detectados. e não achas perigoso que um tipo desses ande por aí a solta? eu acho que um tipo que é capaz de matar, pegar fogo, cometer um crime, pode ser um individuo perigoso seja ele delinquente ou não.
Achar perigoso andarem aí à solta não significa que temos que os matar. São deficientes mentais, quanto muito são colocados em instituições adequadas para lidar com eles. Se a sociedade que os pariu não souber dar conta deles, essa sociedade só pode ser idiota, a meu ver. Sou contra a pena de morte.

DarkCapricorn escreveu:
está instituida nos paises onde existe essa constituiçao. sim é verdade que muitas das vezes as roupas que todos nós vestimos, os utensilios que temos, adereços e tecnologias, foram fabricados num buraco qualquer do mundo. e todos temos culpa disso... agora não os deixarei de utilizar por causa disso. são os governos que com os nossos votos devem mudar as politicas. agora se não o fazem, é porque não competentes para tal.

Temos todos a culpa. Os governos já nem têm controlo sobre isto. É o tipo de economia que o mundo abraça.

DarkCapricorn escreveu:
o problema é esse. é que as drogas pesadas fazem-te perder a consciencia. não que eu seja straight edge ou algo do genero, mas nao abuso do alcool porque sei que posso perder a consciencia, nem fumo porque gosto muito dos meus pulmoes ao ponto de os deixar num estado deploravel, mas atençao... nada contra quem fume. tenho amigos que fumam e é como costumo dizer, cada um sabe de si. e sim concordo que o tabaco e o alcool podem despertar problemas muito graves na sociedade actual, mas as drogas pesadas tem um efeito tão ou mais gravoso, pois sao drogas que atacam directamente o cerebro. a relaçao causa-efeito é demasiado destruidora do meu ponto de vista.

Eu não sou straight edge, mas tenho semelhanças. Já muito antes de eu saber sequer que existia algo como o movimento straight edge.
No entanto atenção que eu não falei das drogas pesadas, estava a falar em relação às drogas leves. Para mim o tabaco, o álcool e o cannabis estão num escalão semelhante. E já li estudos que o cannabis conseguia ter menos impacto na sociedade, comparativamente ao álcool por exemplo.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 5:36 pm

Averróis escreveu:
Eu não sou straight edge, mas tenho semelhanças. Já muito antes de eu saber sequer que existia algo como o movimento straight edge.
No entanto atenção que eu não falei das drogas pesadas, estava a falar em relação às drogas leves. Para mim o tabaco, o álcool e o cannabis estão num escalão semelhante. E já li estudos que o cannabis conseguia ter menos impacto na sociedade, comparativamente ao álcool por exemplo.

por acaso quando a holanda adoptou a legalização das drogas leves, também li algo sobre o assunto e achei interessante, até porque os coffee shops devem saber aquilo que vendem para estarem dentro da lei e não cativarem as pessoas erradas, que podem ser levadas a consumir apenas porque sim, e depois acabam por subir na escala, que é definitivamente o grande problema, que como já discutimos... tem a ver com a moderação.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 5:41 pm

DarkCapricorn escreveu:
Averróis escreveu:
Eu não sou straight edge, mas tenho semelhanças. Já muito antes de eu saber sequer que existia algo como o movimento straight edge.
No entanto atenção que eu não falei das drogas pesadas, estava a falar em relação às drogas leves. Para mim o tabaco, o álcool e o cannabis estão num escalão semelhante. E já li estudos que o cannabis conseguia ter menos impacto na sociedade, comparativamente ao álcool por exemplo.

por acaso quando a holanda adoptou a legalização das drogas leves, também li algo sobre o assunto e achei interessante, até porque os coffee shops devem saber aquilo que vendem para estarem dentro da lei e não cativarem as pessoas erradas, que podem ser levadas a consumir apenas porque sim, e depois acabam por subir na escala, que é definitivamente o grande problema, que como já discutimos... tem a ver com a moderação.

Sim. Outro grande problema nas drogas proibidas é exactamente a questão do seu mercado. Não é fiscalizado, quem vende drogas não segue padrões e está à margem das leis. E isso pode ser um factor negativo a acrescer à já negativa prática do consumo desregrado de drogas.
Ao legalizar drogas leves essas passariam a ser tratadas como produtos que devem obedecer à regulamentação legislativa, acaba-se com algumas práticas menos desejáveis e a coisa fica mais transparente. Ficaríamos também com maior percepção do problema.
Com a legalização de drogas leves acresce também a necessidade de uma aposta na educação e sensibilização desse problema, pois como em tudo o excesso leva ao descalabro.

Faz-me lembrar de uma citação de Paracelso: "Tudo é veneno, nada é veneno. A diferença entre remédio e veneno é uma questão de dosagem".
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 6:10 pm

Averróis escreveu:
Sim. Outro grande problema nas drogas proibidas é exactamente a questão do seu mercado. Não é fiscalizado, quem vende drogas não segue padrões e está à margem das leis. E isso pode ser um factor negativo a acrescer à já negativa prática do consumo desregrado de drogas.
Ao legalizar drogas leves essas passariam a ser tratadas como produtos que devem obedecer à regulamentação legislativa, acaba-se com algumas práticas menos desejáveis e a coisa fica mais transparente. Ficaríamos também com maior percepção do problema.
Com a legalização de drogas leves acresce também a necessidade de uma aposta na educação e sensibilização desse problema, pois como em tudo o excesso leva ao descalabro.

Faz-me lembrar de uma citação de Paracelso: "Tudo é veneno, nada é veneno. A diferença entre remédio e veneno é uma questão de dosagem".

o problema é que assim que as leves forem legais, as duras passam a ser mais faceis de arranjar e o seu consumo têm tendência a aumentar. não podemos esperar que assim não seja. basta veres o exemplo da holanda, cujo governo já admitiu que a legalização foi errada, ao abrirem aquela porta, já não a vão consumir fechar. O consumo de drogas leves aumentou em cerca de 40% entre a população mais jovem, e duras aumentou também entre os consumidores habituados a fumar anteriormente drogas leves.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 6:33 pm

Sou contra a pena de morte, poderia dizer vários motivos, mas acho que o principal e mais importante (para mim) é este: Um sistema onde exista pena de morte, é brutalmente perigoso para toda a população, porque um dia a pena pode ser só aplicada a uns determinados crimes específicos, mas mais tarde podem inventar pseudo-crimes e matar pessoas legalmente. Pena de morte é um bom meio para eliminarem pessoas que pensam de forma diferente do sistema. Depois tanto poderia morrer um pedófilo, como também um mero activista que lute por um paradigma social diferente.
Pena de morte deve ser rejeitada sempre, pela segurança de todos. Existem outros meios de tratar com gente perigosa. Uma sociedade decente nunca aplicaria tal método facilitista, sou a favor da cura e do afastamento se for preciso, não da morte.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 6:41 pm

Nya escreveu:
Uma sociedade decente nunca aplicaria tal método facilitista, sou a favor da cura e do afastamento se for preciso, não da morte.

afastamento como assim? podes ser mais especifica?
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 6:43 pm

DarkCapricorn escreveu:
o problema é que assim que as leves forem legais, as duras passam a ser mais faceis de arranjar e o seu consumo têm tendência a aumentar. não podemos esperar que assim não seja. basta veres o exemplo da holanda, cujo governo já admitiu que a legalização foi errada, ao abrirem aquela porta, já não a vão consumir fechar. O consumo de drogas leves aumentou em cerca de 40% entre a população mais jovem, e duras aumentou também entre os consumidores habituados a fumar anteriormente drogas leves.

Sabes, essas estatísticas não me dizem nada porque são puramente especulativas. Basta ter um bocadinho de bom senso para perceber isso.
São como as estatísticas do aborto. Como é que o aborto aumentou ao ser legalizado se ele antes não era regulamentado nem controlado?
São números que se saem da diarreia mental de um qualquer acéfalo. Wink

Não é possível comparar o antes e o depois de algo que aconteceu clandestinamente, porque as práticas clandestinas são difíceis, se não mesmo impossíveis, de contabilizar... Nem por aproximação/estimativa, quanto mais com tal grau de exactidão.

No entanto uma coisa é a legalização das drogas leves, outra é a legalização de toda e qualquer droga.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 6:51 pm

Nya escreveu:
Sou contra a pena de morte, poderia dizer vários motivos, mas acho que o principal e mais importante (para mim) é este: Um sistema onde exista pena de morte, é brutalmente perigoso para toda a população, porque um dia a pena pode ser só aplicada a uns determinados crimes específicos, mas mais tarde podem inventar pseudo-crimes e matar pessoas legalmente. Pena de morte é um bom meio para eliminarem pessoas que pensam de forma diferente do sistema. Depois tanto poderia morrer um pedófilo, como também um mero activista que lute por um paradigma social diferente.
Pena de morte deve ser rejeitada sempre, pela segurança de todos. Existem outros meios de tratar com gente perigosa. Uma sociedade decente nunca aplicaria tal método facilitista, sou a favor da cura e do afastamento se for preciso, não da morte.

Bom ponto, Nya. É de facto um problema preocupante. É só um passo até se começar a determinar a bel-prazer quem deve morrer por algo que normalmente não seria justificativo de tamanha sentença. Acho que o caso de Mumia Abu-Jamal é um dos melhores exemplos desse perigo... Assenta tal e qual no contexto do teu receio.

Nem mais. Uma sociedade que se diz reger por uma determinada moral e ética não pode descer ao nível de um psicopata, e achar-se no direito de tomar uma decisão dessas sobre a vida de um dos seus cidadãos. Essa é uma mentalidade incongruente e para mim faz dessa sociedade um paradoxo, que defende algo nobre de um lado e destapa o próprio rabo pelo outro.

Outra coisa que também não concordo é com a lei de talião. Também não me parece que a sociedade tenha qualquer tipo de moralidade para estar a cometer crimes em tudo semelhantes aos do prevaricador.

Mais: Em relação ao argumento de que a pena de morte faz com que as pessoas pensem duas vezes antes de cometer um crime não é bem verdade. Não é a pena de morte que impede que os crimes sejam cometidos. A sua influência parece-me no mínimo negligenciável, tendo em conta que não é por alguns estados americanos terem pena de morte que se viu um decréscimo de crimes comparativamente aos restantes. Até há casos do contrário, que obviamente não são influência directa, apenas ironia do "destino".

DarkCapricorn escreveu:
Nya escreveu:
Uma sociedade decente nunca aplicaria tal método facilitista, sou a favor da cura e do afastamento se for preciso, não da morte.

afastamento como assim? podes ser mais especifica?

Penso que ela se refere ao afastamento de indivíduos da sociedade por via do internamento numa instituição adequada para o caso de inimputabilidade, ou na prisão para os casos de imputabilidade.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 7:06 pm

Averróis escreveu:
Sabes, essas estatísticas não me dizem nada porque são puramente especulativas. Basta ter um bocadinho de bom senso para perceber isso.
São como as estatísticas do aborto. Como é que o aborto aumentou ao ser legalizado se ele antes não era regulamentado nem controlado?
São números que se saem da diarreia mental de um qualquer acéfalo. Wink

Não é possível comparar o antes e o depois de algo que aconteceu clandestinamente, porque as práticas clandestinas são difíceis, se não mesmo impossíveis, de contabilizar... Nem por aproximação/estimativa, quanto mais com tal grau de exactidão.

No entanto uma coisa é a legalização das drogas leves, outra é a legalização de toda e qualquer droga.

sim claro, para alem do que se escreve e fala eu não vivo lá, apenas digo o que me chega daquilo que leio, mas lá está... são informações de governos. se são moldadas, não sei. talvez não seja possivel contabilizar tais acontecimentos ou actos mas pode-se ter uma ideia e era ai que queria chegar, embora nunca se tem a noçao exacta do que se passa na realidade ate a vermos com os nossos proprios olhos.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 7:07 pm

Averróis escreveu:
DarkCapricorn escreveu:
Nya escreveu:
Uma sociedade decente nunca aplicaria tal método facilitista, sou a favor da cura e do afastamento se for preciso, não da morte.

afastamento como assim? podes ser mais especifica?

Penso que ela se refere ao afastamento de indivíduos da sociedade por via do internamento numa instituição adequada para o caso de inimputabilidade, ou na prisão para os casos de imputabilidade.

isso também já eu defendi em posts anteriores. só queria mesmo ter a certeza que estavamos em sintonia, não total mas parcial.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 7:38 pm

Já ha muito que não posto nada, vamos la fazer um esforço, pode não sair lá muito bem já que estou com pouco tempo:
Esta questão da pena de morte realmente tem muito que se lhe diga, não sei se vou acrescentar muito mais ao que já foi dito.
Quando me perguntam de repente se concordo ou não a minha resposta imediata costuma ser sim, mas quando penso melhor no assunto a minha resposta desloca-se em direcção ao não.

Nestas situações há que tentar ver a coisa de várias perspectivas... não vou considerar os direitos humanos nem outro tipo de regra moral ou whatsoever.

Vou colocar-me em diferentes papéis, numa situação de crime (por exemplo violação seguida de homicídio):

Pessoa estranha exterior (onde costumo estar, felizmente): "Pá, matem o ***** da ****!!! " é o que eu penso mecanicamente quando leio acerca ou vejo uma notícia do género. Mas nem sequer me dou ao trabalho de pensar mais sobre o assunto, não é que não tenha importância mas com a sociedade que está e com os media que temos este tipo de acontecimento já se tornou quase banal nas lindas cabecinhas e já não choca ninguém.

Pessoa familiar/amiga da vítima: nunca estive nesta posição, muuuito felizmente, por isso não posso fazer um juízo exacto da minha reacção mas penso que ia querer mais do que pena de morte para o(a) criminoso(a) ... acho que num primeiro momento ia querer torturá-lo(a), esquartejá-lo(a) e infligir-lhe o máximo de dor possível. Claro que não faria isso (acho eu, a menos que se tratasse de uma filha/filho ou alguém cuja perda me afectasse de forma mais do que dramática) mas concordaria com a pena de morte. Poderia até ter uma reacção totalmente contrária, sei lá, e achar que nada traria aquela pessoa querida de volta e que o facto de o criminoso morrer ou não era irrelevante.

Pessoa familiar/amiga do criminoso(a): ora bem, aqui vai depender do grau de parentesco mas acho que sendo alguém da minha família não quereria a pena de morte para essa pessoa, uma pena de prisão pesada sim, se fosse culpado, mas pena de morte não. Imaginem um filho vosso nesta situação, iriam querer vê-lo morto mesmo que tivesse cometido a maior das atrocidades? E depois, nesta posição eu iria sempre questionar-me acerca da inocência do meu familiar, a menos que este se declarasse culpado com provas irrefutáveis.

Colocar-me nestes papéis fez-me perceber que não sou imparcial quando toca a esta questão. Portanto, como a pena de morte é irreversível e com a possibilidade de se condenar alguém inocente, acho que não faz muito mal que não se aplique, no entanto acho que há certos casos extremos em que realmente se deveria ponderar bem a sua execução. Mas pronto, deixa estar como está. No entanto as penas actuais não deveriam estar como estão. Já que há crimes extremos, também têm que haver punições que se adeqúem bolas! Por exemplo a bela solitária. Afastamento da sociedade como já vi noutros posts (desculpem a ausência de quote, sou preguiçosa).

Os presos mais parecem um bando de Rapunzéis presas na torre maléfica. Coitadinhos, não se lhe parta a unha! ... haviam era de os por todos a cavar terra de sol a sol com o caparro a tostar, a limpar as matas antes da época de incêndios, a reflorestar após e a fazer todo o tipo de trabalho puxado e útil. Não só pagavam o que comiam e diminuíam o prejuízo que dão ao país como também iam ver como elas mordiam! Como aqui já foi dito, prisão não é castigo suficiente para os criminosos a sério ... só falta o jacuzzi.

O que não consigo aceitar e que me deixa bastante piursa é a existência de dois pesos e duas medidas na justiça e os cães gordos todos cá fora. Olha o processo Casa Pia agora, acham que algum daqueles ******* vai para a jaula? Néh, mete recurso que é bom e bonito.

affraid ... eu realmente perco noção da quantidade ... drunken
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 9:53 pm

Hey Naamah.
Tocaste num ponto fundamental: A relação emocional com o caso.
É por razões destas que a personificação justiça usa uma venda e uma balança. A justiça não pode ser levada a cabo por alguém que tem uma relação emocional com uma vítima, sob pena de se querer aplicar uma pena excessiva ao arguido (sentimento tendencial de vingança). De igual forma o juiz não convém ser irmão do arguido, sob pena de poder aplicar uma pena demasiado leve, influenciada pela sua relação de parentesco (sentimento tendencial de compaixão).

A justiça para ser imparcial, idónea, equilibrada, não pode ter qualquer tipo de relação emocional com as partes. Não deve fugir ao dever para beneficiar ou prejudicar um dos lados de forma injusta. Smile
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Set 03, 2010 10:27 pm

Não sou a favor da pena de morte em circunstância nenhuma. Mas também não me vou alargar em relação a este assunto.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSeg Set 06, 2010 10:22 pm

Nenhum ser humano tem o direito de tirar a vida outro. "Nao faz sentido punir um crime cometendo outro". Se fossemos por aquela do "Olho por olho, dente por dente" vivíamos num mundo de cegos e desdentados.

Selene Morgan escreveu:
"Quantas mortes ainda serão necessárias para que se saiba que já se matou demais?"
Bob Dylan
"The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind."

Blowin in the wind. Uma das melhores dele.

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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSeg Set 06, 2010 10:24 pm

Fil Boy escreveu:
Nenhum ser humano tem o direito de tirar a vida outro. "Nao faz sentido punir um crime cometendo outro". Se fossemos por aquela do "Olho por olho, dente por dente" vivíamos num mundo de cegos e desdentados.

Já dizia Mahatma Gandhi: "Olho por olho e o mundo ficará cego."
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeTer Set 07, 2010 2:35 pm

DarkCapricorn escreveu:
Averróis escreveu:
DarkCapricorn escreveu:
Nya escreveu:
Uma sociedade decente nunca aplicaria tal método facilitista, sou a favor da cura e do afastamento se for preciso, não da morte.

afastamento como assim? podes ser mais especifica?

Penso que ela se refere ao afastamento de indivíduos da sociedade por via do internamento numa instituição adequada para o caso de inimputabilidade, ou na prisão para os casos de imputabilidade.

isso também já eu defendi em posts anteriores. só queria mesmo ter a certeza que estavamos em sintonia, não total mas parcial.

Sim era isso mesmo que queria dizer
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeQui Ago 18, 2011 9:31 am

Antes de mais peço desculpa por estar a "desenterrar" este tópico mas não quis deixar de opinar sobre este assunto que tanta polémica causa.

Li alguns dos comentários anteriores e de facto, aqui como em outro qualquer local, as opiniões divergem, tendo sempre as pessoas tendência a mostrarem-se muito tolerantes e civilizadas.

Ora na minha opinião, embora não seja apologista da pena de morte, entendo e aceito a existência da mesma enquanto punição de crimes inomináveis.
Se ao longo da história se mataram inocentes? Sim! Diversas vezes, muitas mais do que seria desejável.
Se é um erro humano punir com a morte quem comprovadamente matou por puro prazer?? Aí já será discutivel !

E neste ponto deixo uma pergunta aos mais moralistas: Imaginem alguem que rapta, viola e mata uma criança só para satisfação dos seus instintos. Agora imaginem que essa criança é vosso filho/a ou parente muito próximo.
Eu como pai ferve-me o sangue nas artétrias só de imaginar semelhante situação...

Nesta situação, que convenhamos, não é de todo uma situação hipotética, mas infelizmente, bastante real,qual seria a vossa posição?
Seriam na mesma indulgentes e compreensivos com as debilidades psicológicas de quem comete um acto desta natureza?

Esta é (mais uma) daquelas situações em que se aplica diariamente o falso moralismo e o que eu chamo "filosofia dos coitadinhos".

A justiça moderna e civilizada do Portugal Abrilesco repleto dos seus ideias de solidariedade, direitos humanos e democracia, condena hoje um individuo destes não raras vezes a 10 anos de cadeia, estando o mesmo a passear nas nossas avenidas após 5 ou 6 anos, pois foi um "prisioneiro exemplar".

E, "coitadinho", já cumpriu a sua pena, já pagou a sua dívida á sociedade, já está reabilitado...

Não se iludam, caros foristas, esta é a justiça que temos!!

Por isso, embora não seja a favor da pena de morte na sua essência, por todos os argumentos já aqui apresentados e que não vou repetir, também não a condeno e consigo perfeitamente entender a necessidade da sua existência.
Prefiro-a ( a pena de morte) á impunidade e á pequenissima importância que a justiça de hoje atribui à vida e à dignidade humanas.

A "filosofia dos coitadinhos" está presente em tudo à nossa volta, feita dos falsos moralismos, da solidariedade, dos pobrezinhos que temos o dever de ajudar e compreender, não deixando o homem evoluir para um estado de consciência superior.

"Se alguem tem fome não lhe dês o peixe, ensina-o a pescar" - Este estéreotipo de frase feita serve para que possamos reflectir sobre inúmeras coisas à nossa volta, pois, infelizmente, temos andado a dar peixes a gente demais, com a nossa condescendência, com a nossa moral velha e decadente advinda da adaptação da religião do nazareno crucificado.

Em conclusão, que isto já vai longo, na minha óptica, existiria uma belissima opção á pena de morte para os crimes de sangue, para além de facultar ao condenado pensão completa numa espécie de condominio privado.

Para os crimes de sangue legitimamente provados, entregaria o criminoso à familia da vítima para que dele fizessem o que lhes aprovesse.

Sim, eu sei que vão dizer que é bárbaro, que não é moderno e que..."coitadinho" do individuo á mercê dos familiares revoltosos, de sangue quente e irado que lhes tolda a razão.

Mas, na minha opinião, são estes que mais sofrem, pois foram estes que perderam ou viram maltratado o seu ente querido e são estes que deveriam aplicar a justiça que achassem conveniente.

Após clicar no "Enviar" vou imediatamente buscar uma armadura e construir uma muralha porque já sei que vêm aí as argumentações pró- coitadinhos, mas não é nada que eu já não esteja habituado.

Levar "porrada" de cada vez que exponho o que penso (já) faz parte da minha pessoa. Smile

Cumprimentos
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeQui Ago 18, 2011 12:44 pm

mrross escreveu:
E neste ponto deixo uma pergunta aos mais moralistas: Imaginem alguem que rapta, viola e mata uma criança só para satisfação dos seus instintos. Agora imaginem que essa criança é vosso filho/a ou parente muito próximo.
Eu como pai ferve-me o sangue nas artétrias só de imaginar semelhante situação...

Nesta situação, que convenhamos, não é de todo uma situação hipotética, mas infelizmente, bastante real,qual seria a vossa posição?
Seriam na mesma indulgentes e compreensivos com as debilidades psicológicas de quem comete um acto desta natureza?

Esta é (mais uma) daquelas situações em que se aplica diariamente o falso moralismo e o que eu chamo "filosofia dos coitadinhos".

Um dos princípios mais básicos de uma justiça saudável e idónea é garantir que o indivíduo que está a julgar (o juiz) não deve ter uma relação emocional com nenhuma das partes.
Uma pessoa quando se envolve emocionalmente com um dos lados terá tendência a fazer um julgamento bem mais parcial, que pode resultar numa pena mais grave para o prevaricador (no caso de ter uma laço afectivo com a vítima) ou numa pena mais leve para o prevaricador (no caso de ter um laço afectivo com o arguido). Traduz-se numa visão optimista ou pessimista de forma exagerada, favorecendo um dos lados.
Portanto é muito importante julgar as coisas através de um prisma o mais isento e imparcial possível. Esse exercício de imaginarmos que somos familiares próximos ou grandes amigos da vítima é um mau princípio pois apela a um viés emocional (em inglês: emotional bias).
Isto é verdade para qualquer tipo de julgamento, nós temos tendência a ser muito mais severos contra aqueles que atentam contra o bem-estar da nossa família ao ponto de haver quem deseje a morte de outra pessoa até por coisas muito simples e pouco graves como um mau entendido.
De igual forma podemos observar essa prática ilegítima no nepotismo, este tem uns traços semelhantes: dar preferência ao familiar na hora de escolher a quem entregar o poder do Estado, mesmo que hajam outras pessoas que possam ser bem mais aptas e desejáveis para o cargo.

E explico porque é que é mau nos dois sentidos: Porque quem se mete no papel de familiar da vítima, também pode e deve meter-se no papel do familiar do arguido, por exemplo imaginar que somos o pai, mãe, filho ou fiha desse arguido. Se calhar muitos de nós também não íamos querer ver o nosso filho a ser condenado à morte, portanto iríamos optar por um outro tipo de pena o menos drástica possível.

Portanto repito: ligações emocionais/afectivas são um obstáculo à tão necessária imparcialidade do sistema de justiça e é um mau princípio para se julgar o que quer que seja. Não podemos ter em conta apenas um dos lados, devem atentar-se aos factos e ao que está estabelecido por lei para aplicar uma pena de acordo com essas normas. As relações emocionais entre o juiz e os indivíduos devem ficar do lado de fora da porta.


mrross escreveu:
A justiça moderna e civilizada do Portugal Abrilesco repleto dos seus ideias de solidariedade, direitos humanos e democracia, condena hoje um individuo destes não raras vezes a 10 anos de cadeia, estando o mesmo a passear nas nossas avenidas após 5 ou 6 anos, pois foi um "prisioneiro exemplar".

E, "coitadinho", já cumpriu a sua pena, já pagou a sua dívida á sociedade, já está reabilitado...

Não se iludam, caros foristas, esta é a justiça que temos!!

Repara que esse é um outro tema: "Será que a justiça em Portugal funciona devidamente e é adequada?", que não tem necessariamente a ver com o assunto da pena de morte, a menos que queiras dizer que a pena de morte deve ser aplicada para todos esses casos onde um ladrão apanha 10 anos de prisão, não sei até que ponto é que esse argumento é valido no contexto deste assunto.
Creio que aqui estaríamos a entrar numa falácia de red herring e a sermos desviados para um assunto periférico: Na verdade não é o falhanço da justiça portuguesa que tem necessariamente de legitimar a pena de morte como uma melhor alternativa de fazer justiça. Ora o ideal era corrigir os problemas da justiça portuguesa aplicando um balanço maior às diferentes penas consoante a gravidade do que os indivíduos cometeram, essa sim seria a solução para este assunto, este é um debate para outro tópico.
O problema das falhas da justiça portuguesa é independente da necessidade de recorrer à pena de morte.

Além do mais a abolição da pena de morte não se deu no 25 de Abril. Nós fomos a primeira nação europeia moderna a abolir a pena de morte. Os projectos de abolição da pena de morte foram progressivos e começaram em 1852, há 159 anos, portanto. Dizer que isto são características à 25 de Abril não passa de um erro anacrónico.
De igual forma os ideais de humanismo, solidariedade, cooperação para a colheita de benefícios mútuos e respeito pela vida - inclusivamente pela vida de um criminoso - não é algo exclusivo da modernidade. É um erro comum assumir que sim, uma concepção bastante errada.


mrross escreveu:
Por isso, embora não seja a favor da pena de morte na sua essência, por todos os argumentos já aqui apresentados e que não vou repetir, também não a condeno e consigo perfeitamente entender a necessidade da sua existência.
Prefiro-a ( a pena de morte) á impunidade e á pequenissima importância que a justiça de hoje atribui à vida e à dignidade humanas.

Isso é o mesmo que dizer que preferimos o 80 em vez do 8. Porque não preferir antes o 44? Essa é uma solução um bocado duvidosa. Se há impunidade, a medida ideal a tomar é garantir que se combate a impunidade com as devidas sentenças, não é apelar à sentença máxima como uma melhor alternativa preferível. De igual forma, se é determinado objectivamente, com recurso a factos, que as penas num país são demasiado leves ou que a justiça é ineficiente, então a solução para o problema não é começar a aplicar penas de morte indiscriminadamente, mas sim em melhorar o sistema de justiça desse país, bem como procurar todos os factores que possam reduzir esse problema. Até porque acho que uma grande aposta no combate ao crime seria a melhoria da educação e da gestão política, económica e social. Uma sociedade bem formada/informada e bem gerida tem tudo para funcionar melhor, um local menos convidativo para certos crimes, embora possam vir a existir sempre alguns crimes que são difíceis de contornar e que normalmente são independentes da questão económica: crimes passionais, por exemplo.


mrross escreveu:
A "filosofia dos coitadinhos" está presente em tudo à nossa volta, feita dos falsos moralismos, da solidariedade, dos pobrezinhos que temos o dever de ajudar e compreender, não deixando o homem evoluir para um estado de consciência superior.

Ora a justiça dos países nórdicos funciona bastante bem e eles regem-se pelos mesmos princípios de humanismo, isonomia e compreensão para com a problemática do crime. Lá também não há pena de morte. Aliás, a Suécia foi dos países a pronunciar-se publicamente aquando da execução de Saddam Hussein, apontando-a como "lamentável".

mrross escreveu:
"Se alguem tem fome não lhe dês o peixe, ensina-o a pescar" - Este estéreotipo de frase feita serve para que possamos reflectir sobre inúmeras coisas à nossa volta, pois, infelizmente, temos andado a dar peixes a gente demais, com a nossa condescendência, com a nossa moral velha e decadente advinda da adaptação da religião do nazareno crucificado.

Por isso mesmo questões como a educação e melhoria da condição de cidadania dos indivíduos devem ser vistas como um investimento prioritário. Pois neste caso, com as penas de morte que dizes serem preferíveis - e tendo em conta o ditado que citaste - efectivamente não estaríamos a dar "peixes" mas também não estaríamos a ensinar a alguém como "pescar": estaríamos a matar quem tem "fome" como uma forma de "resolver o problema da fome".

mrross escreveu:
Em conclusão, que isto já vai longo, na minha óptica, existiria uma belissima opção á pena de morte para os crimes de sangue, para além de facultar ao condenado pensão completa numa espécie de condominio privado.

Define crimes de sangue. É que dar um soco a um indivíduo numa bancada de futebol e deixá-lo a sangrar do nariz é um crime de sangue, para dar um exemplo.

mrross escreveu:
Para os crimes de sangue legitimamente provados, entregaria o criminoso à familia da vítima para que dele fizessem o que lhes aprovesse.

Sim, eu sei que vão dizer que é bárbaro, que não é moderno e que..."coitadinho" do individuo á mercê dos familiares revoltosos, de sangue quente e irado que lhes tolda a razão.

Mas, na minha opinião, são estes que mais sofrem, pois foram estes que perderam ou viram maltratado o seu ente querido e são estes que deveriam aplicar a justiça que achassem conveniente.

Não me parece que a justiça popular seja uma forma imparcial e adequada de fazer justiça. Estaríamos apenas a instigar a vontade de vingança consumada na sociedade. Além disso estaríamos mais uma vez a colocar a justiça nas mãos daqueles que têm uma parcialidade e viés emocional totalmente acentuados.
Essa seria uma forma de justiça medieval e pouco bonita de se ver na rua. Não creio que ter apedrejamentos, linchamentos e queimadas públicas de novo nas ruas seria a coisa mais bonita e correcta de se implementar, depois de tantos séculos de melhorias sociais em tantos aspectos. Esse tipo de justiça é típica de países extremamente atrasados em matérias sociais e de justiça, como alguns países do Médio Oriente ou África, e alem do mais não é esse tipo de penas que vai impedir ou abrandar criminalidade, como se pode ver ao analisar o historial.
Melhor do que as penas é apostar na prevenção e na estabilidade da infraestrutura social. Uma sociedade saudável é um requerimento primordial, ainda antes de pensarmos em remediar problemas com penas.


mrross escreveu:
Após clicar no "Enviar" vou imediatamente buscar uma armadura e construir uma muralha porque já sei que vêm aí as argumentações pró- coitadinhos, mas não é nada que eu já não esteja habituado.

Levar "porrada" de cada vez que exponho o que penso (já) faz parte da minha pessoa. Smile

Cumprimentos

Não são argumentações pró-coitadinhos, mas sim argumentações pro-sociedade sã e que saiba resolver os seus problemas da melhor forma possível: instigando os valores morais e éticos que quer ver promovidos nessa mesma sociedade.

Eu quando evito estragar um livro que me emprestaram não é necessariamente porque sou pro-livros super bem cuidados, mas mais porque sou pro-responsabilidade: O acto de empréstimo implica um cuidado acrescido da minha parte.
A sociedade requer de um cuidado acrescido por parte de todos nós. Querer ter um julgamento devido e imparcial para os indivíduos que cometem crimes não é ser "pro-coitadinhos", é querer ter um sistema de justiça que é idóneo e adequado para a época, agora que percebemos que já não estamos na idade média e que conceitos como a Lei de Talião são absurdos e não reduzem a criminalidade.

E não creio que seja "levar porrada". Quando alguém se pronuncia sobre este assunto não pode esperar uma ausência de resposta. Se forem devidamente argumentadas, qual é o problema de obteres respostas? Creio que colocaste a opinião aqui para dialogarmos sobre isso e não para a aceitarmos passivamente. Smile

Para terminar: é perfeitamente irónico acharmo-nos na posição moral para condenar totalmente algo como o assassinato, mas depois usarmos o assassinato como método de castigar. É caricato achar que não há outra forma de actuar para além de demonstrar parecenças de conduta com o assassino. Por outras palavras: se condenamos que se tire a vida de alguém, com que raio de moralidade é que vamos tirar a vida de alguém para tentar provar o ponto de que "não se deve tirar a vida de ninguém"?

A moralidade do "faz o que eu digo, não faças o que eu faço" é decrépita.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeQui Ago 18, 2011 3:43 pm

Não tem graça nenhuma concordar com o Averróis Razz, mas neste caso faço minhas as palavras dele.

Se formos ver os países onde a criminalidade é menor, encontramos geralmente as sociedades mais justas e equilibradas, que apostam na formação e qualidade de vida dos seus cidadãos, enquanto do outro lado temos muitas vezes os obcecados pelo castigo.
Quanto à lei de talião é um disparate completo que vai contra as mais básicas noções de justiça. É importante ter penas duras para crimes graves, mas transformar as vítimas e as suas famílias em carrascos irados não resolve nada, muito pelo contrário.

Por fim, nada disto tem a ver com o cristianismo, pois, se espreitares a Bíblia, é Jesus quem refere o Inferno pela primeira vez, onde qualquer pecador, independentemente da gravidade dos seus actos, será torturado eternamente; isto além das inúmeras histórias de apedrejamentos e companhia e de mandamentos que criminalizam o próprio pensamento. As noções actuais de justiça estão muito mais relacionadas com o Iluminismo e movimentos afins, em nada ligados à religião.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Ago 19, 2011 8:55 am

Boas

Antes de mais quero deixar um agradecimento aos comentários efectuados esclarecendo que quando escrevi"porrada" foi no bom sentido e que se coloco aqui a minha opinião e tendo consciência que a mesma será polémica estou, evidentemente, aberto aos comentários que possa suscitar dos restantes foristas bem como ao desacordo e às diferenças de opinião que assistem a cada um de nós neste espaço de liberdade e discussão.
Um bem haja a quem tem opiniões contrárias á minha e que tem a coragem de as expôr pois da discussão nasce a luz.

Quero no entanto esclarecer alguns pontos em relação à minha opinião pois parece-me que fui mal interpretado aqui e ali, concerteza fruto da minha escrita mais fluida e sem grande cuidado por conceitos pré-definidos.Mea culpa!!

[quote="Averróis"]
mrross escreveu:
E neste ponto deixo uma pergunta aos mais moralistas: Imaginem alguem que rapta, viola e mata uma criança só para satisfação dos seus instintos. Agora imaginem que essa criança é vosso filho/a ou parente muito próximo.
Eu como pai ferve-me o sangue nas artétrias só de imaginar semelhante situação...

Nesta situação, que convenhamos, não é de todo uma situação hipotética, mas infelizmente, bastante real,qual seria a vossa posição?
Seriam na mesma indulgentes e compreensivos com as debilidades psicológicas de quem comete um acto desta natureza?

Esta é (mais uma) daquelas situações em que se aplica diariamente o falso moralismo e o que eu chamo "filosofia dos coitadinhos".

Averróis escreveu:
Um dos princípios mais básicos de uma justiça saudável e idónea é garantir que o indivíduo que está a julgar (o juiz) não deve ter uma relação emocional com nenhuma das partes.
Uma pessoa quando se envolve emocionalmente com um dos lados terá tendência a fazer um julgamento bem mais parcial, que pode resultar numa pena mais grave para o prevaricador (no caso de ter uma laço afectivo com a vítima) ou numa pena mais leve para o prevaricador (no caso de ter um laço afectivo com o arguido). Traduz-se numa visão optimista ou pessimista de forma exagerada, favorecendo um dos lados.
Portanto é muito importante julgar as coisas através de um prisma o mais isento e imparcial possível. Esse exercício de imaginarmos que somos familiares próximos ou grandes amigos da vítima é um mau princípio pois apela a um viés emocional (em inglês: emotional bias).
Isto é verdade para qualquer tipo de julgamento, nós temos tendência a ser muito mais severos contra aqueles que atentam contra o bem-estar da nossa família ao ponto de haver quem deseje a morte de outra pessoa até por coisas muito simples e pouco graves como um mau entendido.
De igual forma podemos observar essa prática ilegítima no nepotismo, este tem uns traços semelhantes: dar preferência ao familiar na hora de escolher a quem entregar o poder do Estado, mesmo que hajam outras pessoas que possam ser bem mais aptas e desejáveis para o cargo.

E explico porque é que é mau nos dois sentidos: Porque quem se mete no papel de familiar da vítima, também pode e deve meter-se no papel do familiar do arguido, por exemplo imaginar que somos o pai, mãe, filho ou fiha desse arguido. Se calhar muitos de nós também não íamos querer ver o nosso filho a ser condenado à morte, portanto iríamos optar por um outro tipo de pena o menos drástica possível.

Portanto repito: ligações emocionais/afectivas são um obstáculo à tão necessária imparcialidade do sistema de justiça e é um mau princípio para se julgar o que quer que seja. Não podemos ter em conta apenas um dos lados, devem atentar-se aos factos e ao que está estabelecido por lei para aplicar uma pena de acordo com essas normas. As relações emocionais entre o juiz e os indivíduos devem ficar do lado de fora da porta.


Completamente de acordo. O meu comentário / pergunta foi somente no sentido de estabelecer um paralelismo entre o que o comum cidadão pensa da justiça e das penas a aplicar ao criminoso, quando as coisas se passam com terceiros ou quando lhes toca na pele, uma vez que as pessoas tendem a ser mais tolerantes e como tal contrárias à aplicação da pena de morte pois, normalmente, pensam que o tipo de crimes que possam, eventualmente, levar alguem à pena de morte, são coisas que só acontecem aos outros.
Evidentemente alguem ser acusador, juiz e carrasco simultaneamente, corrompe e distorçe o próprio conceito de justiça.



mrross escreveu:
A justiça moderna e civilizada do Portugal Abrilesco repleto dos seus ideias de solidariedade, direitos humanos e democracia, condena hoje um individuo destes não raras vezes a 10 anos de cadeia, estando o mesmo a passear nas nossas avenidas após 5 ou 6 anos, pois foi um "prisioneiro exemplar".

E, "coitadinho", já cumpriu a sua pena, já pagou a sua dívida á sociedade, já está reabilitado...

Não se iludam, caros foristas, esta é a justiça que temos!!

Averróis escreveu:
Repara que esse é um outro tema: "Será que a justiça em Portugal funciona devidamente e é adequada?", que não tem necessariamente a ver com o assunto da pena de morte, a menos que queiras dizer que a pena de morte deve ser aplicada para todos esses casos onde um ladrão apanha 10 anos de prisão, não sei até que ponto é que esse argumento é valido no contexto deste assunto.
Creio que aqui estaríamos a entrar numa falácia de red herring e a sermos desviados para um assunto periférico: Na verdade não é o falhanço da justiça portuguesa que tem necessariamente de legitimar a pena de morte como uma melhor alternativa de fazer justiça. Ora o ideal era corrigir os problemas da justiça portuguesa aplicando um balanço maior às diferentes penas consoante a gravidade do que os indivíduos cometeram, essa sim seria a solução para este assunto, este é um debate para outro tópico.
O problema das falhas da justiça portuguesa é independente da necessidade de recorrer à pena de morte.

Além do mais a abolição da pena de morte não se deu no 25 de Abril. Nós fomos a primeira nação europeia moderna a abolir a pena de morte. Os projectos de abolição da pena de morte foram progressivos e começaram em 1852, há 159 anos, portanto. Dizer que isto são características à 25 de Abril não passa de um erro anacrónico.
De igual forma os ideais de humanismo, solidariedade, cooperação para a colheita de benefícios mútuos e respeito pela vida - inclusivamente pela vida de um criminoso - não é algo exclusivo da modernidade. É um erro comum assumir que sim, uma concepção bastante errada.


A minha argumentação aqui incidia fudamentalmente, na concepção de justiça que se tem vindo a praticar sobretudo depois de 1974, com a diminuição das penas e com a condescendência cada vez maior com certo tipo de crimes e a retirada de poder progressiva quer às forças policiais quer judiciais.
Não raras vezes lemos nos nossos diários que um juiz mandou para cara como termo de identidade e residência um criminoso reincidente, ou se quiseres tomar como exemplo o caso casa pia também será um bom exemplo da indeficácia da justiça Portuguesa.
Este tipo de justiça (ou falta dela) leva, consequentemente a um sentimento de impunidade na sociedade que gera uma maior criminalidade.
O acto criminoso que fica inconsequente, leva a novo acto criminoso.
Neste contexto a hipotética existência da pena de morte (repara que eu sou contra a pena de morte, apenas disse que entendia a necessidade da sua existência) surge como uma figura de força da justiça, entendendo-se que ao existir num sistema penal, pressupõe também a existência de uma série de outras penas pesadas que seriam aplicadas.
Essencialmente, o que aqui defendo é um endurecimento do sistema penal que imponha temor na criminalidade e que acabe com o sentimento de impunidade que se tem vindo a acentuar, especialmente depois da revolução de Abril, em que, fruto do florescimento da "filosofia dos coitadinhos" o criminoso tem cada vez mais regalias (fraco sistema penal, morosidade da justiça,direito a visitas conjugais etc...)
Se isto será assunto para outro tópico, também estou de acordo.




mrross escreveu:
Por isso, embora não seja a favor da pena de morte na sua essência, por todos os argumentos já aqui apresentados e que não vou repetir, também não a condeno e consigo perfeitamente entender a necessidade da sua existência.
Prefiro-a ( a pena de morte) á impunidade e á pequenissima importância que a justiça de hoje atribui à vida e à dignidade humanas.

Averróis escreveu:
Isso é o mesmo que dizer que preferimos o 80 em vez do 8. Porque não preferir antes o 44? Essa é uma solução um bocado duvidosa. Se há impunidade, a medida ideal a tomar é garantir que se combate a impunidade com as devidas sentenças, não é apelar à sentença máxima como uma melhor alternativa preferível. De igual forma, se é determinado objectivamente, com recurso a factos, que as penas num país são demasiado leves ou que a justiça é ineficiente, então a solução para o problema não é começar a aplicar penas de morte indiscriminadamente, mas sim em melhorar o sistema de justiça desse país, bem como procurar todos os factores que possam reduzir esse problema. Até porque acho que uma grande aposta no combate ao crime seria a melhoria da educação e da gestão política, económica e social. Uma sociedade bem formada/informada e bem gerida tem tudo para funcionar melhor, um local menos convidativo para certos crimes, embora possam vir a existir sempre alguns crimes que são difíceis de contornar e que normalmente são independentes da questão económica: crimes passionais, por exemplo..



mrross escreveu:
A "filosofia dos coitadinhos" está presente em tudo à nossa volta, feita dos falsos moralismos, da solidariedade, dos pobrezinhos que temos o dever de ajudar e compreender, não deixando o homem evoluir para um estado de consciência superior.

Averróis escreveu:
Ora a justiça dos países nórdicos funciona bastante bem e eles regem-se pelos mesmos princípios de humanismo, isonomia e compreensão para com a problemática do crime. Lá também não há pena de morte. Aliás, a Suécia foi dos países a pronunciar-se publicamente aquando da execução de Saddam Hussein, apontando-a como "lamentável".


mrross escreveu:
"Se alguem tem fome não lhe dês o peixe, ensina-o a pescar" - Este estéreotipo de frase feita serve para que possamos reflectir sobre inúmeras coisas à nossa volta, pois, infelizmente, temos andado a dar peixes a gente demais, com a nossa condescendência, com a nossa moral velha e decadente advinda da adaptação da religião do nazareno crucificado.

Averróis escreveu:
Por isso mesmo questões como a educação e melhoria da condição de cidadania dos indivíduos devem ser vistas como um investimento prioritário. Pois neste caso, com as penas de morte que dizes serem preferíveis - e tendo em conta o ditado que citaste - efectivamente não estaríamos a dar "peixes" mas também não estaríamos a ensinar a alguém como "pescar": estaríamos a matar quem tem "fome" como uma forma de "resolver o problema da fome"..


Vem no seguimento do que expliquei acima....evidentemente que não defendo que se condene à pena capital o vulgar ladrãozeco, e não é uma questão de ser 8 ou 80, claro que entre o 8 e o 80 existem 72 outras opções, só considero que o 80 actual é demasiado brando para a sociedade actual e para a tipologia de crimes que a mesma tem vindo a gerar.
Com um endurecimento do 80, por inerência todos os outros escalões seriam também endurecidos.

mrross escreveu:
Em conclusão, que isto já vai longo, na minha óptica, existiria uma belissima opção á pena de morte para os crimes de sangue, para além de facultar ao condenado pensão completa numa espécie de condominio privado.

Averróis escreveu:
Define crimes de sangue. É que dar um soco a um indivíduo numa bancada de futebol e deixá-lo a sangrar do nariz é um crime de sangue, para dar um exemplo.

Quando digo crimes de sangue (repara que não sou jurista nem de todo ligado ao direito, logo isto são conceitos de leigo) refiro-me a assassinatos, violações repetidas, pedofilia...
Além disso, como contribuinte, não me agradava ter que pagar por penas capitais para cada hooligan que anda à pancada nos estádios de futebol (kidding)...




mrross escreveu:
Para os crimes de sangue legitimamente provados, entregaria o criminoso à familia da vítima para que dele fizessem o que lhes aprovesse.

Sim, eu sei que vão dizer que é bárbaro, que não é moderno e que..."coitadinho" do individuo á mercê dos familiares revoltosos, de sangue quente e irado que lhes tolda a razão.

Mas, na minha opinião, são estes que mais sofrem, pois foram estes que perderam ou viram maltratado o seu ente querido e são estes que deveriam aplicar a justiça que achassem conveniente.

Averróis escreveu:
Não me parece que a justiça popular seja uma forma imparcial e adequada de fazer justiça. Estaríamos apenas a instigar a vontade de vingança consumada na sociedade. Além disso estaríamos mais uma vez a colocar a justiça nas mãos daqueles que têm uma parcialidade e viés emocional totalmente acentuados.
Essa seria uma forma de justiça medieval e pouco bonita de se ver na rua. Não creio que ter apedrejamentos, linchamentos e queimadas públicas de novo nas ruas seria a coisa mais bonita e correcta de se implementar, depois de tantos séculos de melhorias sociais em tantos aspectos. Esse tipo de justiça é típica de países extremamente atrasados em matérias sociais e de justiça, como alguns países do Médio Oriente ou África, e alem do mais não é esse tipo de penas que vai impedir ou abrandar criminalidade, como se pode ver ao analisar o historial.
Melhor do que as penas é apostar na prevenção e na estabilidade da infraestrutura social. Uma sociedade saudável é um requerimento primordial, ainda antes de pensarmos em remediar problemas com penas..

Aqui não há equivoco nem má interpretação. É isso que defendo que devia acontecer a quem mata, viola etc. por prazer....
Se é bárbaro e medieval que seja, mas tenho noção que era capaz de diminuir bastante o número de inergumenos que se prestam a andar por aí a violar criancinhas.
Ainda a semana passada li um caso de um violador que, estando em casa com pulseira electrónica, tentou violar uma estafeta que lhe ia entregar uma encomenda a casa.
Que fazer a um individuo destes?? Consideras que estar em casa com pulseira electrónica é suficiente??
Não digo que se deva matar , até porque quem sou eu para decidir a vida ou morte de alguém... mas que a pena devia ser pesada devia...


mrross escreveu:
Após clicar no "Enviar" vou imediatamente buscar uma armadura e construir uma muralha porque já sei que vêm aí as argumentações pró- coitadinhos, mas não é nada que eu já não esteja habituado.

Levar "porrada" de cada vez que exponho o que penso (já) faz parte da minha pessoa. Smile

Cumprimentos

Averróis escreveu:
Não são argumentações pró-coitadinhos, mas sim argumentações pro-sociedade sã e que saiba resolver os seus problemas da melhor forma possível: instigando os valores morais e éticos que quer ver promovidos nessa mesma sociedade.

Eu quando evito estragar um livro que me emprestaram não é necessariamente porque sou pro-livros super bem cuidados, mas mais porque sou pro-responsabilidade: O acto de empréstimo implica um cuidado acrescido da minha parte.
A sociedade requer de um cuidado acrescido por parte de todos nós. Querer ter um julgamento devido e imparcial para os indivíduos que cometem crimes não é ser "pro-coitadinhos", é querer ter um sistema de justiça que é idóneo e adequado para a época, agora que percebemos que já não estamos na idade média e que conceitos como a Lei de Talião são absurdos e não reduzem a criminalidade.


Pena que a maioria da população não seja tão "pró- responsabilidade" como tu. Entendo o que queres transmitir mas considero-a uma posição algo utópica.



Averróis escreveu:
E não creio que seja "levar porrada". Quando alguém se pronuncia sobre este assunto não pode esperar uma ausência de resposta. Se forem devidamente argumentadas, qual é o problema de obteres respostas? Creio que colocaste a opinião aqui para dialogarmos sobre isso e não para a aceitarmos passivamente. Smile

Comentado no inicio. "Porrada" foi um termo forte, assumo !! Smile

Averróis escreveu:
Para terminar: é perfeitamente irónico acharmo-nos na posição moral para condenar totalmente algo como o assassinato, mas depois usarmos o assassinato como método de castigar. É caricato achar que não há outra forma de actuar para além de demonstrar parecenças de conduta com o assassino. Por outras palavras: se condenamos que se tire a vida de alguém, com que raio de moralidade é que vamos tirar a vida de alguém para tentar provar o ponto de que "não se deve tirar a vida de ninguém"?

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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSex Ago 19, 2011 11:25 am

mrross escreveu:
A minha argumentação aqui incidia fudamentalmente, na concepção de justiça que se tem vindo a praticar sobretudo depois de 1974, com a diminuição das penas e com a condescendência cada vez maior com certo tipo de crimes e a retirada de poder progressiva quer às forças policiais quer judiciais.
Não raras vezes lemos nos nossos diários que um juiz mandou para cara como termo de identidade e residência um criminoso reincidente, ou se quiseres tomar como exemplo o caso casa pia também será um bom exemplo da indeficácia da justiça Portuguesa.
Este tipo de justiça (ou falta dela) leva, consequentemente a um sentimento de impunidade na sociedade que gera uma maior criminalidade.
O acto criminoso que fica inconsequente, leva a novo acto criminoso.

A título de curiosidade, já que não tenho fonte da informação: segundo os dados estatísticos que vi num documentário sobre a pena de morte nos EUA, foi constatado que, curiosamente, os estados que sempre tiveram pena de morte têm, em média, uma criminalidade violenta (assassinatos) mais elevada do que os estados que já não aplicam a pena de morte há mais tempo.
Se isto prova que a pena de morte até faz aumentar a criminalidade? Não diria tanto, mas diria certamente que para os criminosos violentos, que vão ao extremo de fazer algo gravíssimo como matar várias pessoas, são do tipo de pessoas que no momento do crime estão pouco preocupados se vão apanhar 25 anos de prisão, perpétua ou ser condenados à morte. São pessoas que vão em frente sem olhar a consequências...
Aliás, à partida as pessoas que fazem algo como matar vários humanos inocentes, que provavelmente nem conhecem de lado nenhum, têm sérias falhas no sentido de reciprocidade e empatia para com os outros, um fraco sentido de alteridade e uma noção totalmente distorcida do tipo de impacto que tais actos inaceitáveis causam nas outras pessoas e no próprio individuo.

Como disse a Ceinwyn e bem, é caricato que os países que aplicam métodos de justiça muito rudimentares e desregrados são precisamente os que têm maior quantidade de crimes e uma sociedade mais doentia, aceitando inclusivamente linchamentos públicos ou apedrejamento até à morte. Coincidência? I'm not so sure.


mrross escreveu:
Neste contexto a hipotética existência da pena de morte (repara que eu sou contra a pena de morte, apenas disse que entendia a necessidade da sua existência) surge como uma figura de força da justiça, entendendo-se que ao existir num sistema penal, pressupõe também a existência de uma série de outras penas pesadas que seriam aplicadas.

Mas repara que aqui estás a apelar aos extremos como forma de "resolver" algo que não requer esse extremo.
É como dizer que, se um computador está a funcionar de forma demasiado lenta, então o melhor é mandar tudo para o lixo e comprar antes outro computador novo. Quando o problema da lentidão pode ser um vírus ou um disco com desgaste acentuado.

Além do mais sabe-se cada vez mais que o sistema de castigo medieval e grosseiro não funciona lá muito bem e as melhores sociedades não têm esse tipo de sistemas, o sucesso foi obtido com outro tipo de sistema judicial. É sabido que, como já disse, muitos dos indivíduos que incorrem em crimes graves não são propriamente do tipo de pessoa que está preocupada em apanhar com 25 anos de cadeia, uma perpétua, ou com uma pena de morte.

Portanto usar a pena de morte como táctica de medo não seria uma grande metodologia de impor respeito e tornar a sociedade mais saudável, porque crimes que são insuficientes para a pena de morte continuariam a ser praticados e os crimes que são sujeites a pena de morte são cometidos por indivíduos de cabeça quente que nem pensam nas consequências imediatas, quanto mais nas consequências pós-julgamento, quando forem apanhados.

A meu ver as penas servem mais como método impreterível de afastar o indivíduo nocivo da sociedade, de forma a impedi-lo de incorrer em novos crimes num determinado espaço de tempo, mais do que para servir de exemplo para os próximos.

Resolver com a pena de morte algo que pode muito bem ser fruto de uma sociedade debilitada que vê a sua falta de sanidade catalisada pela fraca infraestrutura económica, social e política, parece-me uma forma de "remediar" o problema sem tentar mitigar o problema através da prevenção. A prevenção sim, é a mais desejável, pois é a que permite que se salvem potenciais vítimas e anula na fonte as condições ideais para o despoletar de novos casos. E a prevenção faz-se com uma sociedade mais sã, mais funcional, transparente, preocupada com os seus cidadãos e com o bem-estar comum. Sociedades que não o façam são autênticos barris de pólvora prontos a rebentar, a todos os níveis.

mrross escreveu:
Essencialmente, o que aqui defendo é um endurecimento do sistema penal que imponha temor na criminalidade e que acabe com o sentimento de impunidade que se tem vindo a acentuar, especialmente depois da revolução de Abril, em que, fruto do florescimento da "filosofia dos coitadinhos" o criminoso tem cada vez mais regalias (fraco sistema penal, morosidade da justiça,direito a visitas conjugais etc...)
Se isto será assunto para outro tópico, também estou de acordo.

Sim, é sem dúvida assunto para outro tópico. E para além do tópico sobre a qualidade da justiça portuguesa ainda dava para mais um tópico: "Será que assustar a população com a pena de morte aplicada aos criminosos servirá de exemplo a novos criminosos violentos?".



mrross escreveu:
Vem no seguimento do que expliquei acima....evidentemente que não defendo que se condene à pena capital o vulgar ladrãozeco, e não é uma questão de ser 8 ou 80, claro que entre o 8 e o 80 existem 72 outras opções, só considero que o 80 actual é demasiado brando para a sociedade actual e para a tipologia de crimes que a mesma tem vindo a gerar.
Com um endurecimento do 80, por inerência todos os outros escalões seriam também endurecidos.

Isso para além de ser um potencial engano em termos de suposto impedimento de novos crimes violentos é, tal como disse, apelar a extremos para resolver algo que, a confirmar-se que é uma pena demasiado leve, seria facilmente resolvido aumentando a pena para um valor que não correspondesse necessariamente à pena de morte.
Lembra-te da analogia do computador. Se está lento, então corre-se um antivírus ou tenta ver-se se o disco rígido está em condições. Se essas formas foram insuficientes para lidar e resolver o problema do PC, então o próximo passo é substituir outros componentes que possam estar a causar problemas, de preferência consultando alguém que perceba do assunto - nunca pedindo ao pai irado com o investimento naqueles preparos para resolver o problema pelas suas próprias mãos, porque ele provavelmente agarra num martelo e tortura o PC até à morte sem resolver o problema.
Em caso de inutilidade da maioria dos componentes, há sempre qualquer coisa que se aproveite num PC, nem que seja um gravador de CD's ou mesmo a caixa.



mrross escreveu:
Aqui não há equivoco nem má interpretação. É isso que defendo que devia acontecer a quem mata, viola etc. por prazer....
Se é bárbaro e medieval que seja, mas tenho noção que era capaz de diminuir bastante o número de inergumenos que se prestam a andar por aí a violar criancinhas.

Tens assim tanta certeza? Dados estatísticos que demonstrem a eficiência disso? Ou é apenas um palpite que jamais poderá ser levado muito a sério?
Por exemplo, há alguns países do médio oriente onde se aplica uma das piores penas de morte, execução pública por apedrejamento, em caso de adultério ou relações sexuais antes do casamento.
De vez em quando lá se ouve mais um exemplo de uma mulher condenada à morte por apedrejamento por causa de adultério. Não é pelo adultério ser proibido de forma tão brutal que ele vai deixar de existir. E o adultério é uma coisa básica que até podia ser mais facilmente evitada pela pessoa, depreendo que em termos comparativos o instinto de matança ou de violação ainda seja mais complicado de contornar pelo próprio indivíduo, estando ele pouco preocupado na altura com potenciais penas de morte.

mrross escreveu:
Ainda a semana passada li um caso de um violador que, estando em casa com pulseira electrónica, tentou violar uma estafeta que lhe ia entregar uma encomenda a casa.
Que fazer a um individuo destes?? Consideras que estar em casa com pulseira electrónica é suficiente??
Não digo que se deva matar , até porque quem sou eu para decidir a vida ou morte de alguém... mas que a pena devia ser pesada devia...

Acho que devem ser afastados da sociedade o suficiente para que se impeça de incorrerem em novos crimes.
Como tu disseste, a solução não é necessariamente matar como se fosse uma doença transmissível.
A sociedade que pariu o indivíduo deve saber tomar conta dele e corrigi-lo se for possível. Tentar compreender a fonte do problema e prevenir é a melhor solução. A pena de morte não passa de um varrer do lixo para debaixo do tapete, para além de ser pouco ética e moral, ao ponto de se estar a incorrer numa conduta muito semelhante à conduta que pretendemos criticar e despromover na sociedade.


mrross escreveu:
Pena que a maioria da população não seja tão "pró- responsabilidade" como tu. Entendo o que queres transmitir mas considero-a uma posição algo utópica.

Algo utópica? Tendo em conta as sociedades mais saudáveis no mundo, será que é o extremismo da aplicação da pena de morte que vai resolver o que quer que seja? Não estamos a falar de utopias, estamos a falar de décadas e décadas de eficiência e sanidade comprovada. Portanto não diria que seria uma utopia. Mas considero, por outro lado, que a ideia de uma sociedade que recorra frequentemente à pena de morte para "resolver" os problemas é certamente uma visão distópica.

Mas vamos ser concretos. Se a minha visão é utópica e ilusória e a tua é a mais eficiente, então dá-me um exemplo de uma sociedade saudável e com boa qualidade de vida e níveis de criminalidade reduzidos que ainda aplique a pena de morte. Olha que os EUA não são exemplo, pois têm níveis de criminalidade brutais e em nenhum outro país há tantos episódios de assassinos em massa que entram pelas escolas a dentro e matam tudo o que é criança que lhes apareça pela frente.
Agora vai ver o tipo de sociedades que já aboliram a pena de morte e como elas se comparam com as sociedades que castigam fortemente os criminosos com penas de morte.
Estamos a falar de coisas facilmente verificáveis.

Já agora o que me dizes em relação a este argumento que te dei que vou citar em baixo, consideras razoável, relevante e lógico?

Averróis escreveu:
Para terminar: é perfeitamente irónico acharmo-nos na posição moral para condenar totalmente algo como o assassinato, mas depois usarmos o assassinato como método de castigar. É caricato achar que não há outra forma de actuar para além de demonstrar parecenças de conduta com o assassino. Por outras palavras: se condenamos que se tire a vida de alguém, com que raio de moralidade é que vamos tirar a vida de alguém para tentar provar o ponto de que "não se deve tirar a vida de ninguém"?

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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSáb Ago 20, 2011 1:08 pm

Em termos de doutrina e lógica, remeto para a minha intervenção anterior.

Com efeito, refere-se muitas vezes que os países, ou estados (no caso da União Norte-Americana), onde não há pena de morte, a violência e criminalidade extrema é menor. Mas sim, é natural. Regra geral, a legislação (idealmente!) é suposto ser uma resposta da sociedade aos seus problemas.

Ridicularizou-se ultimamente a Noruega, a propósito do caso Breivik, por ter uma pena máxima tão baixa. 21 anos (30 em casos de terrorismo). Bom, sendo um país com apenas 5 milhões de habitantes, pacífico, com uma criminalidade baixíssima, é natural que não tenha havido necessidade de extremar as penas.

Eu sei o raciocínio de certos sectores: A prevenção (combate à exclusão social, pobreza, etc), previne muitos crimes. Depende da sua natureza, claro. Este rapaz, o Anders Breivik, tinha todas as condições materiais e físicas para enfim, não necessitar de ser um assassino em série! Aliás, se ele próprio defende os seus actos, enfim, que se vai fazer? Vamos soltá-lo, sabendo que ele procurará repeti-los? Ele defende uma ideologia, por exemplo.

Para certos indivíduos, não há muitas saídas, se o Estado quer proteger os seus cidadãos: Ou elimina os infractores, muitos deles, reincidentes confessos, ou, enfim, pode confiná-los a uma regime de clausura, a prisão perpétua. Também me parece bastante hipócrita, e pouco "humano". Ah, a glorificação da nossa espécie! Há muitos "ateus" que escolheram a pior divindade possível, se me é permitida a provocação.

De resto, relativamente ao efeito dissuador das penas. Bom, o meu pai é Magistrado há quase 30 anos, portanto, assistiu a bastantes flexibilizações de várias legislações penais. Posso servir de veículo para os seus testemunhos. A propósito, o meu pai não é a favor da pena de morte.

Segundo ele, o aumento de vários tipos de crimes, coincidiu sempre com um abrandar da severidade das respectivas leis que os regulavam. Não com as condições sociais das pessoas! Que, diz ele também, eram piores há 30 anos. O que houve, foi uma erosão de valores, e um, cito o meu pai: "enorme sentimento de impunidade da parte dos criminosos".

Sim, os criminosos, sabendo que a legislação suporta e desculpabiliza o crime, inclusivamente desrespeitam o próprio tribunal. Eu já assisti a alguns julgamentos, e realmente, é verdade. Os animais estão soltos na civilização. O respeito (o medo!) perdeu-se.

Já vi coisas bastantes insólitas. Não vou estar a descarrilar exemplos, mas, confirmo-vos: Desçam do pedestal da pseudo-intelectualidade e compreendam isto: há indivíduos, que precisam de rédea curta, porque, soltos, em anarquia legislativa, usá-la-ão para oprimir os verdadeiros inocentes.

Bom, por exemplo, relativamente ao exemplo das leis que despenalizaram o consumo das drogas, diz o meu pai que foi o pior que podia ter acontecido, tanto aos consumidores, como às suas famílias. Além de ser um dissuador do consumo, era, também, uma forma de proteger as famílias (que muitas vezes sofrem actos de violência extrema e sádica. O meu pai contou-me um caso de uma mulher que foi violada e morta pelo próprio filho, a ressacar agressivamente de Heróina), e também, uma maneira de forçar os toxicodependentes a não consumir. Isto numa época em que a droga nas cadeias ainda não estava democratizada, como está agora. Mas apesar de tudo, lá dentro, é mais difícil. E ainda há menos droga do que cá fora! Até porque há poucas possibilidades de conseguir dinheiro para o vício. Há outras formas, prostituição, etc, mas o consumo diminui sempre.

Vários outros casos, em que as penas e também a prisão preventiva foi reduzida, etc, etc. Tudo isto contribuiu para o aumento correspondente dos crimes. Sim, isto é a realidade. A redução das penas veio acompanhada de um aumento dos crimes. Estou (e o meu pai também. E ele deve saber isto melhor que nós, pois anda nesta vida há 3 décadas), sinceramente convencido, que o aumento das penas, em Portugal, contribuiria para a diminuição dos respectivos crimes. Os crimes que envolvem agressões a outros cidadãos, e invasão de domicílio, etc, devem ser severamente punidos. O Estado tem o dever de proteger os seus cidadãos da violência física e psicológica.

Claro que, há quem pense que certos crimes servem o interesse de certas forças políticas, (de várias lados da barricada, não estou a ser sectário, nem o sou, por definição), num certo contexto sociológico, mas isso já são outros quinhentos...
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSáb Ago 20, 2011 2:40 pm

Vou só fazer umas observações rápidas:

  • Creio que há crimes horríveis que irão existir sempre, mesmo nas melhores sociedades, que não têm a ver com questões económicas ou sociais. Por exemplo crimes passionais podem dar-se mesmo que um indivíduo tenha uma vida fantástica e seja super feliz. Descobrir que a mulher o anda a trair com outro (ou vice-versa) tira muitos indivíduos do sério e pode levá-los a cometer crimes, dependendo do seu temperamento. É apenas um pequeno exemplo.

  • Não há duvidas que o afastamento da sociedade é uma necessidade inegável em muitos caso, para impedir que o indivíduo cause mais vítimas. Há indivíduos que, para bem da população, não podem estar à solta.

  • Há um factor que não costuma ser devidamente considerado: As populações também aumentaram, é preciso ter em conta que a população mundial está a aumentar bastante, como tal e lógico que o numero total de crimes também aumente, só por si, mesmo com as mesmas circunstancias e condições sociais. A amostra de população já não é a mesma, estamos a falar de bem mais indivíduos do que tínhamos há 50 ou 60 anos atrás. Portanto não quer dizer necessariamente que em termos percentuais os crimes ou a insegurança aumentaram (embora possam ter efectivamente aumentado). A criminalidade podia ter diminuído de forma percentual e ainda assim registar-se um maior número de casos porque também há uma maior densidade populacional. De igual forma um impacto de uma catástrofe natural como um tsunami ou uma erupção vulcânica é tanto maior quanto mais acentuada for a densidade populacional na zona afectada, pois obviamente há mais pessoas para serem afectadas, mesmo que o desastre natural não seja muito diferente de ocorrências anteriores.

  • E finalmente: Em causa está a pena de morte, se esta deve ser aplicada ou não. Em caso afirmativo, em que tipo de casos deverá ser aplicada, onde traçar a linha.
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MensagemAssunto: Re: Pena de morte   Pena de morte - Página 3 Icon_minitimeSeg Ago 22, 2011 8:31 am

Aelle escreveu:

Para certos indivíduos, não há muitas saídas, se o Estado quer proteger os seus cidadãos: Ou elimina os infractores, muitos deles, reincidentes confessos, ou, enfim, pode confiná-los a uma regime de clausura, a prisão perpétua. Também me parece bastante hipócrita, e pouco "humano". Ah, a glorificação da nossa espécie! Há muitos "ateus" que escolheram a pior divindade possível, se me é permitida a provocação.

De resto, relativamente ao efeito dissuador das penas. Bom, o meu pai é Magistrado há quase 30 anos, portanto, assistiu a bastantes flexibilizações de várias legislações penais. Posso servir de veículo para os seus testemunhos. A propósito, o meu pai não é a favor da pena de morte.

Segundo ele, o aumento de vários tipos de crimes, coincidiu sempre com um abrandar da severidade das respectivas leis que os regulavam. Não com as condições sociais das pessoas! Que, diz ele também, eram piores há 30 anos. O que houve, foi uma erosão de valores, e um, cito o meu pai: "enorme sentimento de impunidade da parte dos criminosos"

Nem mais.Os ultimos 30 anos têm-se cotado por uma sistemática suavização das penas, por uma decadência dos valores sociais e por uma deacreditação do sistema judicial que leva a que os criminosos se sintam impunes e os cidadãos desprotegidos.

Aelle escreveu:

Sim, os criminosos, sabendo que a legislação suporta e desculpabiliza o crime, inclusivamente desrespeitam o próprio tribunal. Eu já assisti a alguns julgamentos, e realmente, é verdade. Os animais estão soltos na civilização. O respeito (o medo!) perdeu-se.

Por isso defendo um endurecimento das penas e uma justiça mais forte e determinada.
Para que a justiça seja olhada como um instrumento ao serviço do cidadão cumpridor ao invés da inércia que a caracteriza hoje em dia, muita dela fruto de 30 anos de legislação fraca, desadequada e repleta da "filosofia dos coitadinhos".

Aelle escreveu:

Já vi coisas bastantes insólitas. Não vou estar a descarrilar exemplos, mas, confirmo-vos: Desçam do pedestal da pseudo-intelectualidade e compreendam isto: há indivíduos, que precisam de rédea curta, porque, soltos, em anarquia legislativa, usá-la-ão para oprimir os verdadeiros inocentes.

Sim, que uma coisa é a realidade dura e crua e outra é o pensamento moral e ético académico.
Como dizes, e bem, o "pedestal da intelectualidade" tem sido uma das grandes falácias da sociedade contemporânea, em que grandes iluminados, dotados de grande razão atribuida por brilhantes teses de doutoramento, produzem legislação, sem que tenham alguma vez andado de autocarro numa qualquer periferia das grandes cidades, levando à tal anarquia legislativa, completamente desfazada da realidade.


Aelle escreveu:

Vários outros casos, em que as penas e também a prisão preventiva foi reduzida, etc, etc. Tudo isto contribuiu para o aumento correspondente dos crimes. Sim, isto é a realidade. A redução das penas veio acompanhada de um aumento dos crimes. Estou (e o meu pai também. E ele deve saber isto melhor que nós, pois anda nesta vida há 3 décadas), sinceramente convencido, que o aumento das penas, em Portugal, contribuiria para a diminuição dos respectivos crimes. Os crimes que envolvem agressões a outros cidadãos, e invasão de domicílio, etc, devem ser severamente punidos. O Estado tem o dever de proteger os seus cidadãos da violência física e psicológica.

Partilho inteiramente dessa convicção!!

Aelle escreveu:

Claro que, há quem pense que certos crimes servem o interesse de certas forças políticas, (de várias lados da barricada, não estou a ser sectário, nem o sou, por definição), num certo contexto sociológico, mas isso já são outros quinhentos...

E que quinhentos meu amigo...que quinhentos...
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