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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Dom Fev 13, 2011 10:55 am
Para quem preferir... Aqui fica esta versão bastante interessante:
Queen Artista
N. de Mensagens : 458 Idade : 45 Local : Lisboa Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Ter Fev 15, 2011 7:22 pm
Bom tema.
Também eu tenho uma palavra a dizer sobre a educação e começo por dizer que concordo plenamente com este sr.
Desde crianças que somos instigados a ser Dr.s e a sermos pessoas de destaque e que ganhem rios de dinheiro. Não condeno q se possa querer uma vida confortável, mas a questão aqui é o q este video aponta. A educação e as bases da educação estão todas em modelo standard, sem avaliar ou pesar as capacidades e talentos (como ele refere) de cada pessoa.
Ele pega de imediato na infância e faz todo o sentido, pq é nesta altura q começamos a desenvolver as nossas capacidades, gostos e repito, talentos.
Mtos de nós de certeza q em criança tinham mais gosto em fazer contas e outros em ler , ou desenhar.
É assim com todos. Eu adorava desenhar, ler e adorava música.
Hoje tenho plena noção de q poderia ter perfeitamente frequentado aulas de dança e até mm ir p artes.
O problema aqui é q nós não somos incentivados a ir atrás do q sentimos e queremos, daquilo q expressamos, mas sim daquilo q a sociedade pede de nós. E dessa forma estamos a cometer um atentado e contra nós mesmos, o q é pior.
Tenho uma memória mto viva das minhas aulas de ensino primário, e confesso que há mtas falhas no nosso ensino. Mas claro.....o problema ñ é só o sistema de ensino, mas tb o professor em si.
A maioria das pessoas subestima um pouco o prof. primário, mas na verdade estes são mto importantes na nossa formação, acreditem. Um mau professor, ou um professor desatento, ou q é descuidado com um aluno pode estar a fazer um estrago tremendo a uma criança. Ñ é qq pessoa q é bom professor, ou q realmente sabe ensinar. Ensinar é uma arte. Passar conhecimento é uma grande responsabilidade e é preciso saber fazê-lo. Assim cm é preciso saber ver o verdadeiro talento de cada um. Cm ele diz, cada um de nós precisa de ter cm se expressar, de manifestarmos as nossas ideias de alguma forma. Todos somos génios. Uns nas artes, outros em gestão, etc,etc...
O que ele aponta é verdadeiro.
Outra questão são os rótulos de quem ensina. São sempre vistos cm uns "desgraçados", mas na verdade, qtos de nós ñ se recorda de um professor q o tenha marcado??? Eu tenho alguns. E foram esses q me abriram os olhos para o q tinha em mim e o que eu poderia vir a fazer.
Esses sim, são aqueles q estão atentos a quem têm nas mãos e nos fazem florescer. Não nos condenaram por errarmos, mas sim, disseram :" Lê novamente, e vê se está mm certo". Ou então q mtas xs nos incentivam a fazer coisas de q realmente gostamos, e nos fazem ir mais ao fundo do q querem de nós.
Para ñ me alongar mais, pq o ensino é uma das minhas paixões, digo que o professor deve ser um guia e orientador para o aluno. Deve estar atento a quem tem nas mãos. Os pais, esses devem olhar mais p a essência dos filhos e encaminhá-los nos seus gostos e explorar isso. O importante é q possamos expressar os nossos talentos e deixar isso fluir....
E a sociedade, os sistemas de ensino deviam tb explorar isso, pois qtos e qtos talentos ñ se perdem pq ñ se olhou c mais atenção p determinada pessoa e se lhe disse,"tu tens jeito e devias aprender mais sobre isso". Nc achei correcto assumir certas áreas mais importantes do q outras, cm as q ele refere. É importante q possamos explorar tudo desde a infância...Ou então são coisas q morrem em nós. Imaginem q o Mozart vivia nos dias de hoje....Possivelmente nc teríamos tido o legado musical q ele nos deixou, pq possivelmente era rotulado de hiperactivo e teria sido medicado..... Sendo um pouco mordaz....Dá menos trabalho.....
O caso que ele contou da coreógrafa é um exemplo de sucesso, mas infelizmente nem todos são assim.
Naamah Guerreiro/Guerreira
N. de Mensagens : 32 Idade : 31 Local : Biseu Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Hermes (Engenho/Pensamento/Arte) Cor : Azul Escuro
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 12:11 am
Este tópico aborda exactamente o que tem sido e é o "drama" da minha vida nos últimos dois anos. É bastante engraçado o facto de que eu passo a vida a dizer aos meus colegas, pais e amigos "o sistema de ensino está concebido para atrofiar mentes" e a maioria ri-se ou não compreende.
Digamos que tudo foi pacífico até ao meu 9º ano pq eu estava a borrifar me para a escola tal como agora (ou ainda mais) e os "Excelentes" apareciam sempre em casa e portanto não havia drama nenhum. Além disso a minha pessoa com 14 anos, que se achava extremamente madura e sábia para a idade estava plenamente confiante de que as coisas seguiriam assim e portanto não havia qualquer motivo para preocupações.
Escolhi a área de ciências e tecnologias sem sequer pensar muito nisso, pois apesar de ter a noção de que a escolha ia afectar o meu futuro, para mim tudo o que tinha a ver com escola era feito em função dos "papás". se eles queriam os "excelentes", então "excelentes" seriam... Se eles queriam ciências e medicina, elas que viessem.
Até começou tudo muito bem, notas praticamente perfeitas no inicio do do 10º ano.. tudo muito lindo até que entrei "naquela fase". "Ai ai que estou tão revoltada com este mundo, que desgraça. A sociedade está rota, podre e cheira mal. Ai e tal sou uma inconformada." Maluquices de adolescente, ou não. O facto é que com todos esses dramas e rebeldias de "unha partida" as notas vieram um pouco abaixo e eu como pessoa comecei a mudar. Consequências: Pais passados dos carretos a matarem gatos a grito e professores que me marcaram de vez. Então, entrei naquela fase do "odiar toda a gente" e apercebi me de que estava na área em que estava por causa dos papás e que não gostava minimamente daquilo. Aliás, passei a odiar cegamente (com uma grande ajuda das profs que tinha) tudo o que tinha a ver com escola.
Então refugiei me nos desenhos, nas histórias (que nunca tinha largado desde criança), na música e na escrita. Eu adorava desenhar quando era mais pequena e até tinha jeito. Quando voltei a tentar ha cerca de dois anos as minhas capacidades artisticas estavam reduzidas ao mínimo. Quando vejo alguns rabiscos desses dias até me dá um nó na garganta do quão mau aquilo era. Mas o que importava era que enquanto desenhava tudo o que era problema na minha cabeça se desvanecia. comecei a complementar as minhas histórias com ilustrações... e de tanto o fazer cheguei as férias da páscoa do 10º com uma alteração incrivel nos meus desenhos, estavam irreconhecíveis. então deu me o vipe de que queria mudar para artes custasse o que custasse. Bem confesso que teria sido uma pequena grande asneira (ou não) mas a reacção dos meus pais foi tão horrível que nem voltei a tocar no assunto. E eles passaram a condenar os meus desenhos e a música que ouvia como as razões de todos os males da nossa casa. Ainda o fazem.
11º ano e as coisas pioraram. Notas cada x mais baixas, só com um esforço enorme por estar entre a espada e a parede é que mantive a média. Até os desenhos, a musica, as histórias e os livros ficaram um pouco de lado. Mergulhei num estado de apatia interior ao mesmo tempo que me tornei "social" (de onde só colhi tempestades).
O verão passado foi uma espécie de ponto de viragem. Muito aconteceu, acho que amadureci um bocadinho e decidi que as coisas não podiam continuar como estavam, e de que apesar de não poder fazer o que queria exactamente, tinha de fazer algo - por mim. Mudei de escola - para melhor - de atitude e de "ares". As coisas melhoraram muito, mas no entanto continuo a não gostar muito da Matemática e da Física xD e continuo a desenhar feita javarda. Estou numa turma de típicos "cromos" científicos, tudo gente muito porreira mas com quem não me identifico muito. E quase todos os dias ouço a frase "tu devias estar em artes!" que me faz sentir qualquer coisa a apertar cá dentro. Agora não sei do que me arrependo mais: se de desistir de lutar pelo que supostamente queria (no final de contas uma pessoa fica sem saber o que quer) ou se de não me ter aplicado a sério nos estudos.
Isto foi mais um desabafo do que qqr outra coisa, mas eu acredito que o principal factor (além da preguiça) que levou a que as coisas se processassem dessa forma é a nossa "educação". O facto é que desde que entrei no secundário parece que a única coisa que esperam de mim é que estude até queimar as pestanas. O sistema está concebido de uma forma que me faz acreditar que se eu realmente tivesse escolhido artes, neste momento, já não adoraria os meus desenhos mas vê los ia de uma forma diferente - assisti a uma aula de desenho de uma das turmas e fiquei extremamente desiludida. Estaria na mesma revoltada e se calhar agarrada à Física para escapar às odiosas artes xD. Simplesmente não é dado aos alunos uma mínima margem de manobra para criar, fazer algo de diferente. "aulas de tema livre" : não haveria de haver cenas dessas de vez em quando? Parece que não. Não haveriam de haver (haveriam de haver omg) aulas com temas para reflexão mesmo fora de Filosofia? Caramba, a minha geração não só precisa de ser mais criativa como precisa também de muito mais profundidade de pensamento.
Por isso é que eu acho que a educação como está só serve para atrofiar mentes. Para onde quer que me vire, o método de ensino é tão constringente que até me dá náuseas. Todos os dias, semanas, meses.. sempre a mesma coisa, a mesma rotina. Tudo nos é imposto, as actividades extra curriculares são pouco variadas e com horários inconvenientes.. O ensino devia ser Interdisciplinar e dar espaço a todos os interesses e não ser necessário optar apenas por uma área, pelo menos ate à universidade.. quem é que sabe o que quer no 9º ano? depois deparamo nos com uma situação onde tudo o que foge ao "normal" e ao "devido" do teu curso é visto com maus olhos - é que eu sou daquelas pessoas que só sente bem a fazer algo que não deve e que não consegue de todo fazer o que lhe é imposto. É mais forte que eu: se for obrigada a algo, mesmo que desobedecer signifique espalhar-me, é bastante provável que o faça (a não ser que implique esforço extra-humano ou esteja fora do meu alcance - sim até para desobedecer sou preguiçosa). Desobedecer delicia-me!
E não somos todos um pouco assim? Acredito que a criatividade está altamente ligada a isso, ao "desobedecer", pois só assim conseguimos fazer algo de diferente! Se eu só "obedecesse" ao que é esperado de mim, seria como a maioria do pessoal da minha turma, extremamente bem sucedido nas notas mas... o que teria acontecido aos meus desenhos? O que teria acontecido às minhas histórias? Ao meu Verdadeiramente Imortal?
Sinceramente, não consigo imaginar o meu mundo sem isso... no entanto, não é suposto que eu me dedique a essas tarefas que são talvez a parte mais importante de mim e que os meus pais e professores continuam a chamar de "inútil" e "perda de tempo".
E parte me o coração ao olhar para mim com 18 anos, conformada com a situação e sem um sonho à frente para eu correr atrás.. ou será a falta de motivação?
Como sempre já escrevi demais.. acho que quem ler deve perceber que isto é algo que me perturba bastante. Concordei e identifiquei me a 100% com o Senhor Ken Robinson ..
Bah, daqui a um ano, dois ou muitos vou achar que o que acabei de escrever é imaturo mas aposto que continuo a concordar com o tema do tópico.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 4:26 am
Hey Naamah. Devo dizer que compreendo a tua situação ("dilema" será, talvez, mais apropriado?) e acho que o que acabaste de relatar leva ainda a várias outras questões filosóficas, nomeadamente a uma ideia que Confúcio já abordou há alguns milénios atrás: "Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida."
Penso que o mais difícil de tudo é conseguir fazer algo que gostamos realmente. A partir do momento em que conseguimos fazer isso de coração, creio que passa a ser uma tarefa quase que instintiva, natural, sem tanto constrangimento. A pessoa torna-se mais motivada, interessada, envolvida... E esses são ingredientes fundamentais para maximizar a nossa prestação numa determinada área/função. É por isso que considero que devemos escolher, sempre que possível, seguindo a nossa intuição ou vontade. Em teoria o ideal é nunca sermos pressionados por terceiros, sejam eles os nossos pais, namorados/namoradas, etc. Até agora isto é verdade em praticamente todas as situações que consigo imaginar.
Se formos nós a fazer as escolhas conscientemente, estaremos a satisfazer a nossa liberdade individual e a perseguir os nossos sonhos/vontades. Porque é que isso é importante? Porque o ser humano não gosta de ser coagido, forçado a optar por um caminho que não aquele que realmente deseja... E quando isso acontece surgem problemas, a pessoa sente-se menos livre e em ultima instância isso pode vir traduzir-se numa vida menos feliz, mesmo que temporariamente, dependendo da profundidade do impacto dessas situações. A infelicidade neste caso é quase sempre a "morte do artista".
Ao ser preferível sermos nós (a tomar as decisões), não significa, porém, que elas serão sempre as mais correctas, nada disso. Nós podemos tomar as piores decisões enquanto por outro lado alguém nos sugere (ou impõe) decisões bem mais proveitosas a curto, médio ou longo prazo. Por vezes há esse dilema, principalmente quando não estamos 100% convictos de qual o caminho optar. E é sempre uma tarefa complicada discernir entre o que é que é realmente benéfico e o que não é, pois pode ser uma verdadeira incógnita, dependente do que acontecer no futuro. Tanto podemos acabar por ter sucesso a fazer algo que não gostamos tanto, como podemos ter pouco sucesso a fazer algo de que gostamos muito. Faz parte das possibilidades.
No fundo acho que é algo que também tem de partir de ti, belo seria tentares conjugar sonhos, aptidões naturais, interesses e experiência para maximizar a a tua prestabilidade e satisfação nas áreas que mais gostas.
Em relação à criatividade a ideia seria reformar o sistema de ensino para um modelo que valorize mais essa característica que merece ser estimulada e preservada com a educação. Não é bom castrar algo que é sem dúvida uma importante virtude. A imaginação é por vezes muito importante para o chamado "pensamento lateral", para a criação de novas ideias (originalidade) e para a revolução/quebra de paradigmas, entre várias outras utilidades. Nesse aspecto estou de acordo com Ken Robinson e com a opinião da Queen. As escolas não devem tratar os alunos da mesma forma que uma fábrica lida e embala um produto de produção industrial, tudo em moldes rígidos e redutores de todas as características que temos.
Urânia Rei/Rainha
N. de Mensagens : 1298 Idade : 38 Raça : Elfo Elemento : Ar Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Verde
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 1:26 pm
@Naamah
Já conhecia o vídeo do @averrois, acho que está brutal. É apenas a constatação de um facto: infelizmente as escolas não são feitas para inspirar a criatividade nas pessoas. Não é para ensiná-las, motivá-las a pensar. Mas por alguma razão, opta-se por "pré-formatar o pensamento", e castra-se a criatividade. Ser diferente nesta sociedade é um bicho-de-sete-cabeças, não se pode andar a estimular isso! lol
Depois tens alguma razão quando dizes que existe uma certa falta de informação quando se opta por determinado curso, quer no 9º ano, quer mesmo ao nível do 12º. Conheci ainda à pouco tempo um gajo que tinha escolhido Eng. Informática e chegou lá e percebeu que não tinha propriamente haver com computadores, mas com linguagem e programação. No ano seguinte foi para outro curso. Ele não é o primeiro, nem há de ser o ultimo.
Quanto ao teu dilema, acho que não deves deixar de lutar pelos teus sonhos. Mesmo que isso neste momento apenas signifique compatibilizar o que gostas de fazer com os teus estudos. E lembra-te que há sempre tempo, nunca é tarde.
Eu já não sei como é que as coisas funcionam nesta altura, mas "no meu tempo" tinha uma colega que estava no 1º agrupamento, e que decidiu tirar uma cadeira extra de filosofia, para tentar entrar num curso do 4º agrupamento, fartou-se de estudar sozinha, porque não havia turma de filosofia 12º, foi a exame, e teve um 19! Isto para dizer, se tu és de ciências, podes conseguir encontrar um curso do 2º agrupamento com a específica de matemática e geometria descritiva por exemplo. Proponhas-te a exame da cadeira, estudavas e candidatavas-te ao curso. Podia ser que nem precisasses de voltar a refazer o 10º/11º no 2º agrupamento. Informa-te.
Lembra-te que não vais encontrar, por assim dizer, o curso que idealizas, mesmo que seja nessa área. O curso dá te bases e obedece a uma estrutura... Mas quando terminares o curso, és rainha para fazer o que bem entenderes.
Queen Artista
N. de Mensagens : 458 Idade : 45 Local : Lisboa Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 1:34 pm
Urânia escreveu:
Já conhecia o vídeo do @averrois, acho que está brutal. Neutral É apenas a constatação de um facto: infelizmente as escolas não são feitas para inspirar a criatividade nas pessoas. Não é para ensiná-las, motivá-las a pensar. Mas por alguma razão, opta-se por "pré-formatar o pensamento", e castra-se a criatividade. Ser diferente nesta sociedade é um bicho-de-sete-cabeças, não se pode andar a estimular isso! lol
Concordo perfeitamente com isto....Eu considero que o sistema de ensino sufoca e aniquila a criatividade. Não há estímulo ao pensamento. Eu felizmente, tive alguns professores que me incutiram isso, o pensar e o analisar, mas são poucos.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 1:58 pm
Urânia escreveu:
@Naamah
Já conhecia o vídeo do @averrois, acho que está brutal. É apenas a constatação de um facto: infelizmente as escolas não são feitas para inspirar a criatividade nas pessoas. Não é para ensiná-las, motivá-las a pensar. Mas por alguma razão, opta-se por "pré-formatar o pensamento", e castra-se a criatividade.
Lembro-me de ler qualquer coisa que dizia mais ou menos o seguinte: "Teach your children how to think, not what to think". Acho que descreve na perfeição o problema do método de ensino oficioso. Mas por acaso lembro-me de professores que simplesmente ignoravam o programa e davam as aulas à sua maneira, apelando frequentemente ao brainstorming e aos debates. Isso é algo muito importante e faz com que as pessoas ginastiquem realmente a massa encefálica e dêem uso à sua criatividade para apresentar ideias alternativas e interessantes em vez da típica deglutição de matéria, totalmente one-sided...
Urânia escreveu:
Ser diferente nesta sociedade é um bicho-de-sete-cabeças, não se pode andar a estimular isso! lol
Lol. Já estivemos mais longe do cenário da curta-metragem "2081".
Spoiler:
A short film adaptation of Kurt Vonnegut's Harrison Bergeron, 2081 depicts a dystopian future in which, thanks to the 212th Amendment to the Constitution and the unceasing vigilance of the United States Handicapper General, everyone is "finally equal...." The strong wear weights, the beautiful wear masks and the intelligent wear earpieces that fire off loud noises to keep them from taking unfair advantage of their brains. It is a poetic tale of triumph and tragedy about a broken family, a brutal government, and an act of defiance that changes everything.
Urânia escreveu:
Depois tens alguma razão quando dizes que existe uma certa falta de informação quando se opta por determinado curso, quer no 9º ano, quer mesmo ao nível do 12º. Conheci ainda à pouco tempo um gajo que tinha escolhido Eng. Informática e chegou lá e percebeu que não tinha propriamente haver com computadores, mas com linguagem e programação. No ano seguinte foi para outro curso. Ele não é o primeiro, nem há de ser o ultimo.
Há outro problema na formação dos jovens que considero grave para a protecção e valorização da democracia em Portugal: Não tenho dúvidas que a esmagadora maioria dos jovens chega aos 18 anos com sérias dificuldades em escolher conscientemente um partido ou candidato em quem votar, tal como eu também tive dificuldades quando chegou a minha vez. Se não tomarmos iniciativa para enfrentar o assunto de forma autodidáctica ou se não tivermos amigos e pais que nos estimulem realmente para isso, o mais certo é estarmos politicamente iletrados por essa altura... E assim vamos, confrontados com uma escolha que se quer lógica, consciente, incapazes de decidir porque não percebemos nada sobre o historial, os conceitos e a relevância das propostas políticas das opções disponíveis. A escola deveria ter um papel mais activo no que toca à questão da política. Pois caso contrario isso é meio caminho andado para muitos que já não desenvolvem o interesse necessário daí para a frente...
Queen escreveu:
Urânia escreveu:
Já conhecia o vídeo do @averrois, acho que está brutal. Neutral É apenas a constatação de um facto: infelizmente as escolas não são feitas para inspirar a criatividade nas pessoas. Não é para ensiná-las, motivá-las a pensar. Mas por alguma razão, opta-se por "pré-formatar o pensamento", e castra-se a criatividade. Ser diferente nesta sociedade é um bicho-de-sete-cabeças, não se pode andar a estimular isso! lol
Concordo perfeitamente com isto....Eu considero que o sistema de ensino sufoca e aniquila a criatividade. Não há estímulo ao pensamento. Eu felizmente, tive alguns professores que me incutiram isso, o pensar e o analisar, mas são poucos.
Pela experiência que tenho, esses geralmente são os que ignoram o programa escolar e os moldes de ensino e fazem as coisas à sua maneira, por vezes ignorando quase a totalidade dos manuais escolares.
Urânia Rei/Rainha
N. de Mensagens : 1298 Idade : 38 Raça : Elfo Elemento : Ar Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Verde
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 2:55 pm
Averróis escreveu:
Há outro problema na formação dos jovens que considero grave para a protecção e valorização da democracia em Portugal: Não tenho dúvidas que a esmagadora maioria dos jovens chega aos 18 anos com sérias dificuldades em escolher conscientemente um partido ou candidato em quem votar, tal como eu também tive dificuldades quando chegou a minha vez. Se não tomarmos iniciativa para enfrentar o assunto de forma autodidáctica ou se não tivermos amigos e pais que nos estimulem realmente para isso, o mais certo é estarmos politicamente iletrados por essa altura... E assim vamos, confrontados com uma escolha que se quer lógica, consciente, incapazes de decidir porque não percebemos nada sobre o historial, os conceitos e a relevância das propostas políticas das opções disponíveis. A escola deveria ter um papel mais activo no que toca à questão da política. Pois caso contrario isso é meio caminho andado para muitos que já não desenvolvem o interesse necessário daí para a frente...
Concordo na generalidade com tudo o que dizes, mas há um aspecto que não concordo. Acho que a escola já ocupa demasiado tempo aos jovens, acho que nem tudo tem que ser dado pela escola. A escola pode ensinar as letras, a ler, a interpretar um texto, mas não pode disponibilizar o ensino de tudo. As próprias pessoas depois de aprenderem o básico, têm capacidades para explorar e investir naquilo que mais gostam, de forma autodidacta. Mas para isso também têm que ter tempo livre, coisa que não têm. Hoje em dia, as cadeiras de área de projecto, estudo acompanhado, and so on... ocupam já uma carga horária importante. E não servem para nada: servem para fazer trabalhos de casa e pouco mais.
Also: tenho que ver esse filme que tu recomendas...(quando tiver tempo lol)
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 3:23 pm
Urânia escreveu:
Concordo na generalidade com tudo o que dizes, mas há um aspecto que não concordo. Acho que a escola já ocupa demasiado tempo aos jovens, acho que nem tudo tem que ser dado pela escola. A escola pode ensinar as letras, a ler, a interpretar um texto, mas não pode disponibilizar o ensino de tudo. As próprias pessoas depois de aprenderem o básico, têm capacidades para explorar e investir naquilo que mais gostam, de forma autodidacta. Mas para isso também têm que ter tempo livre, coisa que não têm. Hoje em dia, as cadeiras de área de projecto, estudo acompanhado, and so on... ocupam já uma carga horária importante. E não servem para nada: servem para fazer trabalhos de casa e pouco mais.
Compreendo a questão que levantas. No entanto será que as coisas actualmente - onde se está dependente do autodidactismo - estarão a convergir no sentido de obtermos mais jovens capazes de fazer uma escolha mais segura dentro da nossa sociedade? Eu não sei o que será pior, se é uma carga horária maior na escola ou uma sociedade com uma abstenção cada vez maior, ou completamente iletrada politicamente. Qual seria a solução? Se dependermos da iniciativa de cada um acho que é complicado, só uma certa margem é que vai dar-se ao trabalho. Quem sofre depois somos todos nós, com uma democracia ainda mais deficiente do que ela já é estruturalmente. (não sou fã da democracia representativa)
Urânia escreveu:
Also: tenho que ver esse filme que tu recomendas...(quando tiver tempo lol)
São apenas 25 minutinhos de filme.
Urânia Rei/Rainha
N. de Mensagens : 1298 Idade : 38 Raça : Elfo Elemento : Ar Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Verde
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 3:48 pm
Averróis escreveu:
Compreendo a questão que levantas. No entanto será que as coisas actualmente - onde se está dependente do autodidactismo - estarão a convergir no sentido de obtermos mais jovens capazes de fazer uma escolha mais segura dentro da nossa sociedade? Eu não sei o que será pior, se é uma carga horária maior na escola ou uma sociedade com uma abstenção cada vez maior, ou completamente iletrada politicamente. Qual seria a solução? Se dependermos da iniciativa de cada um acho que é complicado, só uma certa margem é que vai dar-se ao trabalho. Quem sofre depois somos todos nós, com uma democracia ainda mais deficiente do que ela já é estruturalmente. (não sou fã da democracia representativa)
Também compreendo a tua questão. Mas acho que a solução não passa só por haver uma disciplina que permita o conhecimento do funcionamento da democracia. Não penso que seja apenas essa a questão fundamental. As pessoas desacreditaram na democracia. Acho que uma parte das pessoas não vai votar porque se sente desmoralizada e até enganada pela classe política. Fala-se em políticos e toda a gente diz "fuck them". E devo dizer que fica mal à nossa democracia/justiça termos políticos enrolados com sacos azuis até ao pescoço, que vão para o Brasil e quando regressam (já com tudo tratado) não são presos, como em Felgueiras e outros casos.
Por outro lado, as pessoas preferem ouvir mentiras que verdades. E os discursos dos políticos em campanha reflectem aquilo que as pessoas querem ouvir. Quem é que vota no político que aparece a dizer a verdade das suas propostas? No dia em que aparecer um gajo, que nos diga verdade do que propõe: que vai subir impostos, que vai cortar nisto e naquilo, esse gajo não tem os votos de ninguém. Por isso é que aparecem políticos como o Sócrates, que dizem que vão baixar nisto e naquilo, e a seguir ganham as eleições e fazem tudo ao contrário com a desculpa que o FMI vai ter que entrar em Portugal. Mas ele sabia que o que estava a dizer era mentira.
E tenho que meter isto aqui. This is what our system produces: garbage in, garbage out.
Eu ao contrário do George Carlin, voto. Voto em quem acredito ou mesmo em ninguém. Mas o problema é que ultimamente não acredito em ninguém.
Averróis escreveu:
São apenas 25 minutinhos de filme.
Ah, então vou tratar disso.
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
N. de Mensagens : 3508 Idade : 825 Local : Córdoba
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Fev 24, 2011 4:25 pm
Urânia escreveu:
Também compreendo a tua questão. Mas acho que a solução não passa só por haver uma disciplina que permita o conhecimento do funcionamento da democracia. Não penso que seja apenas essa a questão fundamental. As pessoas desacreditaram na democracia. Acho que uma parte das pessoas não vai votar porque se sente desmoralizada e até enganada pela classe política. Fala-se em políticos e toda a gente diz "fuck them". E devo dizer que fica mal à nossa democracia/justiça termos políticos enrolados com sacos azuis até ao pescoço, que vão para o Brasil e quando regressam (já com tudo tratado) não são presos, como em Felgueiras e outros casos.
Por outro lado, as pessoas preferem ouvir mentiras que verdades. E os discursos dos políticos em campanha reflectem aquilo que as pessoas querem ouvir. Quem é que vota no político que aparece a dizer a verdade das suas propostas? No dia em que aparecer um gajo, que nos diga verdade do que propõe: que vai subir impostos, que vai cortar nisto e naquilo, esse gajo não tem os votos de ninguém. Por isso é que aparecem políticos como o Sócrates, que dizem que vão baixar nisto e naquilo, e a seguir ganham as eleições e fazem tudo ao contrário com a desculpa que o FMI vai ter que entrar em Portugal. Mas ele sabia que o que estava a dizer era mentira.
E tenho que meter isto aqui. This is what our system produces: garbage in, garbage out.
Eu ao contrário do George Carlin, voto. Voto em quem acredito ou mesmo em ninguém. Mas o problema é que ultimamente não acredito em ninguém.
Esse é outro problema... Tem a ver com as sociedades modernas e a grave adulteração do significado fundamental da palavra "democracia"... Também olho com desconfiança para a grande maioria dos políticos e sei que os moldes actuais não permitem milagres no que a isso diz respeito. Mas também voto sempre, nem que seja em branco, mas voto.
Já referi estas questões aqui nestes tópicos:
Filosofias de voto: http://folklusitania.heavenforum.org/t864-voto-branco-voto-nulo-ou-abstencao Democracia directa: http://folklusitania.heavenforum.org/t735-democracia-directa
Manwë Mestre
N. de Mensagens : 578 Idade : 31 Local : Bracara Augusta Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Hermes (Engenho/Pensamento/Arte) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Sáb Fev 26, 2011 9:52 pm
Eu vou admitir que não vi os vídeos, tão pouco as repostas que foram sendo dadas, mas creio, ainda assim, poder dar a minha opinião sobre o título do tópico.
Não me parece que as escolas matem a criatividade.
As escolas têm o dever de ensinar aquilo que actualmente se conhece, com menor ou maior certeza, como facto. Se uma escola não for utilizada para a divulgação de ideologias de qualquer tipo (razão pela qual me oponho às disciplinas de EMR, ainda que sejam opcionais, e de formação cívica), a criatividade e o poder de escolha dos alunos não vai ser de maneira nenhuma reduzido.
Penso, aliás, que o ensino daquilo que a humanidade tem vindo a fazer seja uma demonstração do poder criativo do homem, e que esses mesmos exemplos instiguem os alunos a desenvolverem e a criarem por eles próprios.
Urânia Rei/Rainha
N. de Mensagens : 1298 Idade : 38 Raça : Elfo Elemento : Ar Deus : Urano (Céu/Elevação/Perfeição) Cor : Verde
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Sáb Fev 26, 2011 11:13 pm
@Nuno, podias pelo penos ver este video, que resume bem a questão:
Averróis escreveu:
ISilva Aldeão/Aldeã
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Sáb Fev 26, 2011 11:20 pm
Concordo com o vídeo...nas escolas os talentos das pessoas não são valorizados, o que importa é que acabes o 12º ano e a licenciatura ao mesmo tempo que as pessoas da tua idade...mas a pressa em acabar os cursos é tão grande para quê? Não é mais importante que as pessoas realmente aprendam as coisas? Porque razão as notas ou o acabar tem de ser mais importante???
Depois o pessoal entra no mercado de trabalho a pensar...agora é que vou ser livre...mas aí aparece outro pesadelo....o chefe ou os colegas que não querem que tu penses mais do que é suposto....além de que a ideia do teu chefe é sempre soberana, mesmo que tu saibas que tens razão e que a tua ideia resultaria melhor...mas tens duas opções ou aceitas ou terás de mudar de emprego...e passa uma pessoa a vida inteira sempre reprimida....
Averróis Deus(a) da Lua (moderação)
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Dom Fev 27, 2011 12:00 am
Nuno escreveu:
Eu vou admitir que não vi os vídeos, tão pouco as repostas que foram sendo dadas, mas creio, ainda assim, poder dar a minha opinião sobre o título do tópico.
Não me parece que as escolas matem a criatividade.
Nesse caso é imprescindível que vejas pelo menos o vídeo.
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Dom Fev 27, 2011 12:04 am
Vou ver agora. Na altura que escrevi não estava com tempo nem vontade, admito
Manwë Mestre
N. de Mensagens : 578 Idade : 31 Local : Bracara Augusta Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Hermes (Engenho/Pensamento/Arte) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Ter Mar 01, 2011 7:30 pm
O vídeo realmente toca pontos interessantes, mas ainda assim acho-o um bocado utópico por achar que a escola pode ser adaptada a todo o tipo de alunos, como se toda a gente fosse feita para andar na escola. O que eu acho é que nem toda a gente é moldada para aprender, que nem toda a gente gosta disso e, claro, não é menos por essa razão. Mais do que isso, uma adaptação total aos, por muito benéfica que fosse - porque de facto sê-lo-ia - é impraticável, parece-me.
Seja como for, se for para falar dos erros do sistema de ensino, escrevi há uns tempos a minha opinião, num momento em que estava psicologicamente abalado e perturbado por ter que estudar Português (uma disciplina que simplesmente odeio).
Vou transcrever, apesar de ser um bocado grande. Se alguém achar que vale a pena ler, força
Spoiler:
Existem erros no nosso sistema educacional. A maior parte das pessoas aponta os principais erros ao facilitismo de actualmente. Eu não sei como era no passado, por isso não sei até que ponto posso comentar isso. Mas, de facto, há algum facilitismo, principalmente a nível de testes intermédios. E isso posso afirmar sem dúvida, porque o nível de dificuldade dos testes intermédios é muito inferior ao nível dos exames nacionais. Não digo que estes sejam difíceis, mas comparativamente aos testes intermédios, são-no.
Ainda assim, esse não é, na minha opinião, o erro mais conspícuo. Esse erro, que pode ser uma das causas do abandono escolar (eu tenho que apelar a uma força maior, e o abandono escolar - ainda que escolhido e justificado por aqueles que abandonam a escola - é considerado uma força maior por ser tido como um flagelo), encontra-se relacionado com o quase total desprezo pelas opiniões e gostos dos estudantes.
Dá-se, na transição do 9.º para o 10.º, a possibilidade de um aluno escolher um determinado pack de disciplinas. A partir daí, as escolhas do aluno são completamente delimitadas, até que se permite que este escolha disciplinas opcionais no 12.º ano. Aparentemente, há bastantes escolhas que os alunos possam fazer.
No entanto, e por mais estranho que isso seja - para mim é estranho - as escolhas que um aluno pode fazer estão relacionadas com o curso que ele escolhe. Fui confuso, por isso vou dar um exemplo.
No 10.º ano escolhi o curso Ciências e Tecnologias. Aí, deram-me a possibilidade de escolher duas de três disciplinas: Biologia e Geologia, Física e Química e Geometria Descritiva. Escolhi as duas primeiras, contudo isto é irrelevante. Davam-me também a possibilidade de escolher uma língua estrangeira.
O que é relevante neste caso são as disciplinas que não são opcionais: Português, Educação Física e Matemática. De três disciplinas obrigatórias, apenas uma se encontra intimamente relacionada com ciências.
Uma vez que o curso se chama Ciências e Tecnologias não devia haver um tronco comum de disciplinas… humm.. relacionadoas com ciências e tecnologias? Não seria bastante mais coerente ter obrigatoriamente Biologia e Geologia, Física e Química, Matemática, Geometria Descritiva e uma língua estrangeira (não está directamente relacionada com ciências, mas face ao panorama actual é necessário saber pelo menos uma língua estrangeira, com especial destaque para o inglês)? E, dentro das opcionais, aí sim, poder-se-ia escolher disciplinas que não estivessem directamente relacionadas com Ciências e Tecnologias: Filosofia (que também é obrigatória), Geografia, História, Literatura, Desporto, o que seja. Uma vez que aos alunos é dada a oportunidade de ter um espectro de cultura mais alargado, seria de esperar que fosse dada aos alunos a oportunidade de escolher que outros conhecimentos para além daqueles que este acha necessários para a sua carreira futura aprender.
No 12.º repete-se o erro. Há disciplinas obrigatórias (Área de Projecto, Educação Física, Português - esta sujeita a exame para conclusão do secundário - e Matemática), das quais, uma vez mais, apenas uma se encontra directamente relacionada com ciências e tecnologias. As outras são de áreas distintas, sendo que Área de Projecto é mais dedicada a “ciências” humanas, Educação Física a Desporto e Português a Humanidades, Línguas, ou lá o que lhe chamam.
E, no entanto, dão-me a escolher, das seguintes, duas disciplinas: Biologia, Química, Gelogia, Psicologia e Física.
E a mim, que me seria útil (e muito, muito mais interessante) ter Química, Física e Biologia, apenas posso escolher duas destas disciplinas. Isto porque tenho Português, Área de Projecto e Eduação Física a ocuparem-me espaço, transvestidas de disciplinas necessárias para a minha total formação.
Não digo, atenção, que sejam discplinas inúteis. Também não digo, obviamente, que não aprendo nada com elas. Digo, isto sim, que estas deviam ser disciplinas opcionais, que me devia ser dada a oportunidade de escolher que formação quero ter para além da específica, que escolhi no 10.º ano. Pelo contrário, às disciplinas que são específicas do meu curso, devia ser dada comparativamente maior importância, resultando, por exemplo, em mais horas de aula para, por exemplo, dar tempo para realizar determinadas aulas laboratoriais. Comparativamente com aquilo que oiço de gerações que andaram na escola antes de mim, a formação a esse nível era francamente superior. E actualmente perde-se para disciplinas que não são de grande importância para aquilo que escolhi.
Acho agora importante tocar num argumento que é muitas vezes utilizado para a existência destas disciplinas comuns a todos os cursos, e que justificam também a existência de uma média aritmética e não ponderada para a determinação da média de um aluno: muita gente afirma que uma pessoa que tenha escolhido, suponha-se, um curso de Ciências e Tecnologias pode, no Ensino Superior, enveredar por um curso de, por exemplo, Sociologia, porque tem as bases para realizar a prova de ingresso para tal curso (Português, na FLUP, por exemplo).
Se é este o argumento para justificar a presença de disciplinas desenquadradas, quer-me parecer que se trata de um verdadeiro desrespeito por aqueles que escolhem um determinado pack de disciplinas, tendo em mente aquilo que quer e aquilo de que gosta.
Diarmuid Mestre
N. de Mensagens : 758 Idade : 40 Local : Almada Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Mar 17, 2011 9:55 pm
Tópico interessante, já devia ter comentado a minha humilde opinião.
Concordo com a maior parte do que foi dito, mas há que ver todas as perspectivas e ser advogado do diabo se necessário. Concordo que se devia expandir a possibilidade de estimular a criatividade dos alunos, desde cedo. No entanto, há certas disciplinas abrangentes que são necessárias na educação, o que interessa à criança e onde tem criatividade, não vão ser as únicas skills que vão ser necessárias para a vida. Talvez devesse haver disciplinas que permitissem a livre criatividade dos alunos. Mas as outras são necessárias, e peço desculpa a quem não concordar, mas se a criança se desinteressa ou se afasta da escola tem de haver uma certa disciplina porque são necessárias bases de diversas áreas, não lhes faz mal nenhum, e hão-de ser, indubitavelmente, bens intelectuais necessários. O que era necessário era um equilíbrio.
Também concordo que realmente escolhe-se muito cedo no 9º ano. E existe uma pressão da sociedade para uma pessoa se decidir o que dá melhores saídas, o que terceiros acham que é o melhor, que se termine as coisas na idade padrão, etc. Concordo com isso tudo, e realmente é lamentável. E os professores devem de facto motivar os seus alunos, seja numa área que lhes interesse ou não. Vejo pela minha mãe, que tenta fazer exactamente isso com os alunos, tenta conquistá-los e motivá-los. O problema é que nem todos os professores têm "jeito" para o ensino, muitos são pessoas que se acomodam ao seu emprego, despejam as suas lengas-lengas canónicas iguais ano após ano, e no fundo não se interessam minimamente pelos alunos. Querem apenas fazer o seu trabalho e ir para casa. E o mais engraçado, é que estas são as mesmas pessoas que também não seguiram o que seria mesmo o talento deles, e foram parar ali, e o resultado é um trabalho desenchabido sem alma. É como um círculo vicioso.
Mas Naamah: Se tens jeito para determinada área, se é onde és criativa, se é o que o teu coração te diz que queres fazer, então desculpa, e sim, há dificuldades, como as que referiste, mas tens de ser um bocado forte, independente e senhora de ti mesma e mudar para o que queres fazer. A motivação pode fraquejar, mas tens de o fazer. Senão a sensação de mau-estar vai prosseguir, dentro de ti, no convívio com pessoas que não te identifiques, até que é insuportável, queres viver assim a tua vida? Peço perdão novamente mas nestas coisas sou um bocado duro e sempre dei voltas de 360% custasse o que custasse se é para o meu bem interior. E qualquer ser humano é capaz de o fazer, e não é dares voltas numa acomodação masoquista depressiva, é seres forte, e sinceramente, ires contra a vontade dos teus pais, porque eles querem o melhor para ti, mas quem sabe realmente de ti própria és tu! Eles estarem felizes não vai necessariamente fazer-te a ti estar. Uma pessoa tem que se mexer para conseguir estar bem, fazer o que pretende, e atingir os objectivos que realmente têm a ver connosco. Epá e não podes é esperar milagres e que seja tudo como queres, essa aula que assististe da área de Artes pode não te apelar imediatamente, mas uma área está designada a aprenderes vários aspectos dentro dessa mesma arte. Algumas coisas podem não ser o que mais gostas, mas estão relacionadas, fazem parte de um treino intelectual e prático, que te podem ajudar, mal te dês conta, na tua aptidão com o desenho mais directamente. Desculpa mas a desmotivação não pode passar por ai. Espero que não leves a mal, digo isto com carga positiva, e não negativa.
Olha, eu tive um percurso onde aprendi exactamente isso, sempre adorei foi ler, escrever, Português, História, Inglês, Filosofia, you get the point. No 10º ano fui para o agrupamento de ciências (não sei como é isso agora), porque lá está, 9º ano, sabia lá eu para onde ia. No 12º, com receio das saídas profissionais, fui para Engenharia de Informática (WORST MISTAKE EVER) onde detestava tudo, o conteúdo das cadeiras, pessoas com que não me identificava, etc. E faltava-me as coisas que realmente gostava de fazer, ainda mudei de faculdade, o ambiente melhorou, mas continuava angustiado, portanto não é a mudança de instalações que conta, truly. Até que disse BASTA, caguei para opiniões ou fosse o que fosse, repeti exames nacionais, fiquei com média de 16, e mudei para Linguas, Literaturas e Culturas, variante de Inglês/Português. Adorei a minha licenciatura, estou a acabar o mestrado, e estou no caminho de ganhar uma bolsa de doutoramento. E o mais importante é que podem correr coisas mal na minha vida, mas ao menos estou no MEU caminho, no que gosto, no que me cativa, e isto é uma coisa necessária. Por isso te digo, não percas tempo desnecessário como eu. O ser humano tem de fazer o que gosta, sim há dificuldades económico-sociais, familiares, etc, mas no fim de contas, o que vai importar é a tua sensação interior e como te sentes, se há dificuldades, tem que se combater! lutar! Senão é um sofrimento interior, que não tens de sofrer! Já começas a ser uma mulher, por isso tens que tu viver a TUA vida, e ninguém tem de dizer como a deves viver.
Manwë Mestre
N. de Mensagens : 578 Idade : 31 Local : Bracara Augusta Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Hermes (Engenho/Pensamento/Arte) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Mar 17, 2011 10:09 pm
Isso das pessoas empurrarem as outras para o que tem mais saída é bem verdade. Ainda hoje quase toda a gente da minha família quer que vá para medicina simplesmente porque tenho média para tal, mas tenho a certeza que se fosse para esse curso iria ser infeliz para o resto da minha vida.
Não concordo contigo é quando dizes que as escolhas são feitas demasiado cedo. Acho, inclusive, que o maior problema da educação é precisamente o facto dos alunos não poderem fazer escolhas, o que leva a um verdadeiro desinteresse. E sim, algumas bases que não gostamos são-nos necessárias, mas isso tem de vir de cada um. Há coisas que eu também não gosto, mas que não deixaria de escolher porque reconheço a utilidade que me podem vir a ter no futuro. Se outras pessoas não se sentem minimamente motivadas... talvez a sua vida não passe necessariamente por um percurso académico, e também não vejo mal nenhum disso. É necessário é que as pessoas saibam fazer escolhas e, acima de tudo, aceitar as suas consequências.
Agora, obrigar os alunos a suportar determinadas disciplinas só porque sim... francamente, é um atentado. A mim ter aulas de português e de área de projecto é como quem me mata, mas não me deixam escolher três disciplinas ou mais de Ciências, apesar de ser no curso onde me encontro. Isto, claro, contribui para o meu desinteresse e prejudica directamente o meu futuro, uma vez que me vão faltar bases que poderia ter.
Talvez esteja, admito-o, a exagerar o cenário, mas é de facto uma questão que me perturba bastante: saber que tenho que acordar todos os dias para uma escola onde apenas 50% das disciplinas me interessam, quando existem outras para as quais estaria muito mais motivado (Física e as estupidamente extintas Práticas Laboratoriais, por exemplo).
Diarmuid Mestre
N. de Mensagens : 758 Idade : 40 Local : Almada Raça : Hobbit Elemento : Terra/Rocha Deus : Cronos (Tempo/Ordem/Lei) Cor : Cinzento
Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Mar 17, 2011 10:26 pm
Nuno escreveu:
Isso das pessoas empurrarem as outras para o que tem mais saída é bem verdade. Ainda hoje quase toda a gente da minha família quer que vá para medicina simplesmente porque tenho média para tal, mas tenho a certeza que se fosse para esse curso iria ser infeliz para o resto da minha vida.
Não concordo contigo é quando dizes que as escolhas são feitas demasiado cedo. Acho, inclusive, que o maior problema da educação é precisamente o facto dos alunos não poderem fazer escolhas, o que leva a um verdadeiro desinteresse. E sim, algumas bases que não gostamos são-nos necessárias, mas isso tem de vir de cada um. Há coisas que eu também não gosto, mas que não deixaria de escolher porque reconheço a utilidade que me podem vir a ter no futuro. Se outras pessoas não se sentem minimamente motivadas... talvez a sua vida não passe necessariamente por um percurso académico, e também não vejo mal nenhum disso. É necessário é que as pessoas saibam fazer escolhas e, acima de tudo, aceitar as suas consequências.
Agora, obrigar os alunos a suportar determinadas disciplinas só porque sim... francamente, é um atentado. A mim ter aulas de português e de área de projecto é como quem me mata, mas não me deixam escolher três disciplinas ou mais de Ciências, apesar de ser no curso onde me encontro. Isto, claro, contribui para o meu desinteresse e prejudica directamente o meu futuro, uma vez que me vão faltar bases que poderia ter.
Talvez esteja, admito-o, a exagerar o cenário, mas é de facto uma questão que me perturba bastante: saber que tenho que acordar todos os dias para uma escola onde apenas 50% das disciplinas me interessam, quando existem outras para as quais estaria muito mais motivado (Física e as estupidamente extintas Práticas Laboratoriais, por exemplo).
Concordo que realmente deve-se aprender a fazer escolhas, o problema é que as escolhas são postas no tal contexto de pressão social, de ter que fazer as coisas ao mesmo tempo dos outros, de ter boas notas e então deve-se ir para isto ou para aquilo, de cedência a pressões de terceiros. E muitas pessoa ainda não dispõem de maturidade para reconhecer que escolher determinada área não é necessariamente um destino inescapável, e que se pode mudar. Claro que depende das pessoas. Mas nesse sentido, então devia-se ter de escolher, desde logo muito cedo, para se ter plena noção e à-vontade com as consequências e valor de uma escolha. Agora em relação a determinadas disciplinas, não é só porque sim, é porque faz parte de uma formação o mais aproximado possível a teres uma noção mais geral de todas as áreas e algumas bases. Não vais perder bases do que realmente te interessa se prosseguires na tua área de escolha acredita!! Vais mesmo ter de bater com a cabeça na parede até as ganhares .Mas concordo contigo por exemplo que se havia certas disciplinas de interesse como essa extinta que referiste, não deveriam ser extintas, lá está, é uma questão de um equilíbrio que por vezes não existe.
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Mar 17, 2011 10:30 pm
Existem disciplinas que, dado o seu currículo, se encontram desenquadradas. Português é uma delas. Não faz sentido ter Português com o currículo que tem num curso de Ciências. Assim como área de projecto, se bem que o sucesso desta disciplina está directamente (e demasiado) ligado ao professor que a lecciona. Por isso área de projecto pode ter esta ressalva, mas não acho que Português tenha a mesma desculpa.
O português que é necessário para uma formação básica é suficiente até ao 9.º ano, na minha opinião.
Diarmuid Mestre
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Mar 17, 2011 10:41 pm
Nuno escreveu:
Existem disciplinas que, dado o seu currículo, se encontram desenquadradas. Português é uma delas. Não faz sentido ter Português com o currículo que tem num curso de Ciências. Assim como área de projecto, se bem que o sucesso desta disciplina está directamente (e demasiado) ligado ao professor que a lecciona. Por isso área de projecto pode ter esta ressalva, mas não acho que Português tenha a mesma desculpa.
O português que é necessário para uma formação básica é suficiente até ao 9.º ano, na minha opinião.
Epá peço-te desculpa mas sou obrigado a discordar, o português dado no secundário já é super pobre de conteúdo e aprofundamento, quanto mais não o teres. Parece-me que podes estar a ser um pouco influenciado pelo facto de não apreciares muito. Mas a verdade é que um bom português vai-te ser necessário para um bom entrosamento em termos sociais, comunicativos e profissionais. Sem falar que não perdes nada em cultivares-te um pouco e teres alguma noção do nosso português, bem escrito, bem falado, e referências dentro do mesmo. Lamento mas pelo teu caminho fora vais ter que te relacionar com tudo um pouco, e não queres ficar a assobiar "epá..., mas não sei de nada disto..., que digo a estas pessoas.."
Manwë Mestre
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Mar 17, 2011 10:47 pm
Não digo que não. Estou a ficar um bocadinho pelos cabelos com este ano, por isso é possível que esteja a ter uma reacção exagerada.
Seja como for, não acho que a interpretação de Fernando Pessoa seja importante para aumentar a minha capacidade comunicativa. Até porque acho que uma boa comunicação se preza pela objectividade, que é um adjectivo que não se aplica, de todo, à literatura desse indivíduo.
Quanto a Felizmente Há Luar, é de facto importante relembrar a sociedade passada, as atrocidades que já aconteceram e alertar a sociedade para a possibilidade de ocorrência de uma situação semelhante. Mas penso que uma disciplina de História seria mais eficaz nesse aspecto. E, segundo os meus gostos, preferível.
Relativamente ao Memorial do Convento, aplica-se o mesmo que foi dito anteriormente.
Em Português não se ensina a escrever e a aumentar a capacidade de comunicação. Se fosse uma disciplina onde se aprendesse a falar em público, a argumentar, aí estaria de acordo com a sua existência, porque de facto será necessário quase independentemente do caminho que venhamos a seguir. Mas a interpretação de poemas de português e, pior!, a gramática, é totalmente desnecessária.
Não me considero uma pessoa que escreva mal, e regra geral consigo transmitir aquilo que quero dizer. E isso não significa que saiba coisas como orações coordenadas e tretas que tais, porque realmente não sei, mas também não me fazem falta. Se querem investir em línguas, seria preferível continuar com o inglês no 12.º ano, ou com outra língua estrangeira com relevância.
Diarmuid Mestre
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade Qui Mar 17, 2011 11:42 pm
"Seja como for, não acho que a interpretação de Fernando Pessoa seja importante para aumentar a minha capacidade comunicativa. Até porque acho que uma boa comunicação se preza pela objectividade, que é um adjectivo que não se aplica, de todo, à literatura desse indivíduo."
Arghhh, é assim Nuno, isso que disseste prova exactamente o meu ponto. Essa tua interpretação de Pessoa, e o facto de achares que uma boa comunicação se resume ou preza pela objectividade, demonstra que apenas estás a ver as coisas do ponto de vista do teu mundo: a ciência, a física, whatever. Só que o resto do mundo não se resume a isso, há comunicação na qual está inerente uma certa subjectividade de tópicos, e a não ser que reduzas o teu campo de conhecimentos, que pode não ser apenas um factor de socialização lúdica, mas até mesmo um factor de entrosamento profissional, do dia-a-dia. Convêm teres uma certa noção de subjectividade. Além disso, as coisas não são sempre objectivas, 2 + 2 = 4 nem sempre o é em termos práticos reais, e se não treinares uma forma de ver outras perspectivas e pontos de vista, como o que Pessoa pretende mostrar ou outras formas de poesia (e no caso de Pessoa, filosofia também), vais ficar perdido porque só te vais focar na "objectividade" e a vida implica também emoção e paixão humana que levam à subjectividade. Queres ser uma pessoa, sim senhor, que tem a sua própria visão e foco na ciência e na objectividade, ou, dizendo-o com toda a cordialidade, queres ser um robô???
O mesmo me comprovas com a relação que disseste com o Felizmente há luar e com o Memorial do Convento. Uma disciplina de História era preferível? Sim, realmente era preferível TAMBÉM teres uma disciplina de História, mas a história apenas conta os factos. O que a literatura tenta fazer com os mesmos é dar a sensação dos factos em si, o sentimento, a atmosfera, e assim dar um maior entendimento do contexto que uma pessoa sentiria na época ou em dados momentos cruciais da história, uma maior noção da sua significância ao criar uma empatia com personagens que estão nesse contexto! O que também se torna importante para teres uma maior capacidade de compreensão das coisas, ou não? Uma cronologia de factos, é apenas isso, uma cronologia de eventos, agora teres maior profundidade de análise desses eventos e contexto é outra.
E em relação às aulas de português, sabes que ás vezes, um certo treino de comunicação, como a argumentação ou discurso em público, não são actos que se aprenda directamente a "treinar", é algo dependente de uma série de absorção de conhecimentos, que sim, inclui algo como análise de poemas ou gramática (entre muitas outras coisas). Depois torna-se um processo subconsciente em que esse treino de conhecimento passa a interiorizar-se na pessoa e a manifestar-se na comunicação.
Acho que estás a ser um bocado influenciado pela tua tendência e gosto em demasia, e secalhar estás a fechar um pouco os horizontes e a mente. Se a ciência, ou a física são a tua cena, muito bem, considero a tendência de uma pessoa algo de valor que deve seguir, mas não te feches. E neste momento, no secundário, é um momento em que acho crucial que tenhas essa multidisciplinariedade. Se prosseguires o estudo para o ensino superior, nessa área, já não vais ter Português, nem nada assim. Mas neste momento não consegues pensar que possa ser importante absorver um pouco de diversas áreas do conhecimento? É que sinceramente, até nem dão nada de especial no 12º. lol.
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Assunto: Re: Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade
Ken Robinson afirma que as escolas matam a criatividade